Oleksandr Petrakov recusou deixar Kiev quando a Rússia invadiu a Ucrânia. O selecionador ucraniano de futebol estava determinado em defender o seu país e até tentou alistar-se no exército mas foi impedido dada a sua idade

"A minha família disse-me para ir para o oeste da Ucrânia, mas eu neguei. 'Sou de Kiev, não posso sair daqui', disse-lhes. Não achei correto sair. Pensei que se viesse para Kiev, eu iria pegar numa arma e defender a minha cidade. Tenho 64 anos, mas creio que podia matar dois ou três inimigos", disse o técnico, numa entrevista ao jornal inglês 'The Guardian'.

A Ucrânia ainda não realizou os jogos do play-off de acesso ao Mundial2022, onde irá medir forças com a Escócia.

"Temos que jogar alguns particulares antes. Será muito difícil defrontar a Escócia nestas condições [muitos jogadores da seleção estão parados]. Podíamos jogar em Wembley contra um clube inglês, por exemplo. Daria para preparar o jogo com a Escócia", adiantou o treinador, explicando que os jogadores ucranianos "estão preocupados" com a situação do treinador em Kiev.

E se tiver de defrontar a Rússia no futuro?

"Não quero apertar a mão a esses rapazes. Temos que construir um grande muro e fazer o que possamos para nos separarmos deles", finalizou.

Oleksandr Petrakov levou a Ucrânia a vencer o Mundial de sub-20 em 2019. Em agosto de 2021 foi escolhido para comandar a seleção principal do seu país.

A Rússia lançou, em 24 de fevereiro, uma ofensiva militar na Ucrânia, que já matou pelo menos 1.232 civis, incluindo 112 crianças, e feriu 1.935, entre os quais 149 crianças, segundo os mais recentes dados da ONU, que alerta para a probabilidade de o número real de vítimas civis ser muito maior.

A guerra provocou também a fuga de mais de 10 milhões de pessoas, incluindo mais de 4 milhões de refugiados em países vizinhos e quase 6,5 milhões de deslocados internos.

A ONU estima que cerca de 13 milhões de pessoas necessitam de assistência humanitária na Ucrânia.

A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas e políticas a Moscovo.