A UEFA anunciou hoje que vai passar a envolver os adeptos na preparação das finais das provas europeias de clubes e de seleções, após ter sido responsabilizada por falhas de segurança na final da Liga dos Campeões 2021/22.

“Ao implementarmos as melhores práticas descritas no nosso plano de ação e envolver ainda mais os grupos de adeptos, estamos comprometidos a garantir que todos possam desfrutar dos nossos eventos num ambiente seguro, inclusivo e agradável. Valorizamos a sua cooperação e continuaremos a trabalhar juntos para garantir que cada adepto seja ouvido, incluído e respeitado”, assinalou o secretário-geral da UEFA, o grego Theodore Theodoridis, em declarações ao sítio oficial do organismo regulador do futebol europeu.

Em 13 de fevereiro, uma investigação independente encomendada pela UEFA e liderada pelo antigo ministro da Educação português Tiago Brandão Rodrigues atribuiu a “responsabilidade primária” ao organismo “pelas falhas que quase levaram a um desastre” no Stade de France, em Paris, em 28 de maio de 2022, quando o Real Madrid venceu o Liverpool (1-0).

A UEFA retardou em 36 minutos o pontapé de saída da final da edição 2021/22 da Liga dos Campeões, devido às dificuldades de milhares de fãs do clube inglês em aceder ao recinto, tendo, dias depois, apresentado “desculpas sinceras a todos os espectadores”.

Esse jogo ficou marcado por um cenário de caos em volta do Stade de France, mas sem feridos graves a lamentar, sendo que, antes do jogo, dezenas de adeptos tentaram entrar à força no recinto, com a polícia a usar gás lacrimogéneo para dispersar essa multidão.

No relatório encomendado pela UEFA, ao qual a agência Lusa teve acesso, o grupo de peritos também responsabiliza as autoridades policiais da capital francesa e a Federação Francesa de Futebol pela dificuldade em “manter a ordem”, mas “não absolve a UEFA”.

Os planos de ação revelados hoje pelo organismo sediado em Nyon, na Suíça, passam a incluir as sugestões dessa investigação e a “valiosa contribuição dos grupos de adeptos” entre um conjunto de “medidas operacionais abrangentes” para “aumentar a segurança”.

Essa medida foi elogiada pelo diretor-executivo da Football Supporters Europe (FSE), o francês Ronan Evain, entidade com a qual a UEFA teve um “diálogo extenso e positivo”.

“Experimentámos, em primeira mão, o aumento do nível de envolvimento dos adeptos no ano passado e saudamos a abordagem reforçada para a integração das perspetivas dos mesmos na preparação das finais”, indicou o dirigente da FSE ao sítio oficial da UEFA.

A cooperação entre essas duas entidades vai permitir recolher e monitorizar informações sobre o número de adeptos que viajam para assistir às finais, aperfeiçoar a comunicação com os fãs e estabelecer acordos com a cidade-sede e as autoridades locais para que sejam criadas ‘fan zones’ e, se necessário, áreas públicas para os adeptos sem bilhete.

“Os representantes da FSE também são integrados nas equipas operacionais para cada final e fazem parte do processo de revisão abrangente para assegurar que as lições que foram aprendidas sejam integradas em futuras finais”, pormenorizou a UEFA, frisando a subida do “número dos seus responsáveis pela segurança e proteção” nestes eventos.

O regulador do futebol europeu instituiu também mecanismos para evitar a repetição dos tumultos na última final da ‘Champions’, quando as “imagens das câmaras de segurança do estádio foram destruídas após o jogo sem aviso prévio nem conhecimento da UEFA”.

A final da Liga dos Campeões desta época está marcada para 10 de junho, em Istambul, na Turquia, já depois das decisões da Liga Europa, em 31 de maio, em Budapeste, na Hungria, e da Liga Conferência Europa, em 07 de junho, em Praga, na República Checa.

Ao contrário dessas três provas continentais masculinas de clubes, que ainda vão apurar os respetivos finalistas, a ‘Champions’ feminina vai opor o FC Barcelona ao Wolfsburgo na sua partida decisiva, agendada para 03 de junho, em Eindhoven, nos Países Baixos.

“A UEFA encomendou relatórios de modelo de público para as finais deste ano”, finalizou o organismo liderado pelo esloveno Aleksander Ceferin, que só venderá bilhetes digitais.