Após mais de 12 meses em prisão preventiva, Daniel Alves será julgado em Barcelona a partir da próxima segunda-feira (5), acusado de ter violado uma mulher num espaço de diversão noturna da cidade. O Ministério Público espanhol pede nove anos de prisão para l antigo lateral direito brasileiro.
O julgamento, que deve durar até quarta-feira, começará às 10h00 locais no Tribunal Provincial de Barcelona, onde o jogador de 40 anos chegará da prisão, na qual está detido desde janeiro de 2023.
O ex-atleta do Barcelona e Paris Saint-Germain, que defende que as relações sexuais foram consensuais, é acusado por uma jovem de tê-la violado na casa de banho de uma sala reservada na casa noturna Sutton, em Barcelona, na madrugada de 31 de dezembro de 2022.
O Ministério Público acusa Danil Alves do crime de "agressão sexual com penetração", pelo qual solicita uma pena de nove anos de prisão para o futebolista, além de uma indemnização de 150 mil euros para a vítima e mais 10 anos de liberdade supervisionada após o cumprimento da sentença.
O julgamento, que tem suscitado grande atenção da imprensa, poderá ser acompanhado pela imprensa, após os magistrados rejeitarem um pedido do MP para que fosse realizado a porta fechada.
Para proteger a identidade da vítima, o seu depoimento será totalmente confidencial e a mesma não terá "contato visual com o réu".
Vítima relata "angústia e terror"
De acordo com o texto da acusação do MP, o incidente ocorreu numa sala reservada na casa noturna em que o jogador já frequentava. O lateral direito estava acompanhado por um amigo e tinha conhecido a vítima, que estava com uma prima e uma amiga.
Após convidá-las para beber champanhe, o ex-lateral da Seleção Brasileira teria chamado a jovem para entrar num outra área exclusiva onde ficava a pequena casa de banho, que ela desconhecia.
Segundo o MP, o ex-jogador do Barcelona teria demonstrado uma "atitude violenta", agredindo a mulher e forçando-a a manter relações sexuais, apesar da sua resistência.
"A vítima reiteradamente pediu que a deixasse ir embora, que queria sair dali, o que o réu não permitiu", indica o texto, afirmando que a jovem viveu uma "situação de angústia e terror".
A vítima, que após receber cuidados médicos naquela noite acabou por denunciar os acontecimentos no dia 2 de janeiro, sofre atualmente de "transtorno de stresse pós-traumático de intensidade globalmente elevada", para o qual está em tratamento, segundo o Ministério Público.
Liberdade condicional negada
O jogador, que inicialmente negou conhecer a jovem, mudou a sua versão diversas vezes, mas acabou a admitir que os dois tiveram relações sexuais, mas consensuais, segundo fontes próximas do caso. A versão da vítima manteve-se estável.
Entretanto, a justiça espanhola rejeitou em diversas ocasiões os pedidos de liberdade condicional apresentado pela defesa do jogador, que está detido preventivamente desde 20 de janeiro, numa prisão de Barcelona.
Tal como nas rejeições de pedidos anteriores, a justiça entende que a “elevada capacidade económica do jogador” aumenta o “perigo de fuga para o Brasil”.
Em junho, numa entrevista ao jornal espanhol La Vanguardia, Dani Alves, ex-jogador de FC Barcelona e Paris Saint-Germaisn, reafirmou a sua inocência.
“Tenho a consciência muito tranquila sobre o que aconteceu naquela noite na casa de banho da área VIP da discoteca Sutton. O que aconteceu e o que não aconteceu”, disse, garantindo que a relação sexual que manteve com a mulher que o acusa de violação na casa de banho da discoteca “foi consentida” e não a forçou a fazer nada do que fizeram.
Desde o início do caso, rumores têm sido recorrentes e a advogada da vítima, Ester García, anunciou em janeiro que denunciaria a publicação de um vídeo com imagens da jovem na conta da mãe de Alves numa rede social.
No final de novembro, García também negou que tenha chegado a um acordo com a defesa do jogador, mas que houve "conversas" a pedido dos advogados do atleta, nas quais se constatou a "impossibilidade de chegar a qualquer entendimento".
Em Espanha, a possibilidade de um acordo entre o réu, a vítima e o Ministério Público — que nesta ocasião poderia implicar um hipotético reconhecimento de culpa por parte de Alves e uma indemnização à vítima, em troca de uma redução parcial da pena — permanece aberto até o início do julgamento.
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