'Crónica de um despedimento anunciado' devia ser o título para a saída de Julen Lopetegui do comando técnico do Real Madrid. O treinador espanhol não resistiu aos maus resultados e, esta tarde, foi anunciada a sua saída do comando técnico dos merengues.
A goleada sofrida este domingo em Camp Nou, onde os campeões europeus perderam por 5-1, precipitaram a sua saída, mas o destino há muito que estava traçado. Antes do embate com os catalães, o Real Madrid de Lopetegui contava com quatro vitórias, dois empates e três derrotas na Liga Espanhola, uma delas em casa com o Levante e fora com o Levante. Os campeões europeus também tinham perdido na Rússia com o CSKA Moscovo para a Liga dos Campeões, já depois de terem sido batidos na Supertaça Europeia frente ao rival Atlético Madrid.
Aliás, da derrota com os colchoneros no primeiro jogo oficial da época, tudo indicava que este seria um bom 'casamento' já que os merengues venceram cinco dos seis jogos disputados depois da Supertaça espanhola. Mas nos últimos sete jogos, apenas uma vitória e frente ao modesto Viktoria Plzen, para a Liga dos Campeões. Um resultado escasso de 2-1, tendo até permitido que a equipa da República Checa marcasse no Santiago Bernabéu, discutindo assim o resultado. Neste ciclo de sete jogos, a equipa perdeu ainda com o Sevilha por 3-0 e empatou com o Atlético Madrid.
Ao todo, no comando dos merengues, Lopetegui esteve 14 jogos à frente dos merengues, onde nem conseguiu vencer metade dos encontros: seis vitórias, dois empates e seis derrotas é o legado que deixa para trás. Além disso, entra na história do clube pela negativa já que é o primeiro treinador a ser despedido no Real Madrid com apenas 11 semanas de competição.
Antes do despedimento em Madrid, o técnico tinha sido afastado da seleção espanhola, 48 horas antes da estreia de 'La Roja' no Mundial2018. Uma decisão que surpreendeu o mundo do futebol mas que foi justificado pelo presidente da Real Federação Espanhola de Futebol por falta de lealdade. Lopetegui negociou com o Real Madrid sem falar com Luis Rubiales. Os meregues anunciaram Lopetegui como novo técnico, após a saída de Zidane, numa altura em que a Espanha se preparava par fazer a sua estreia no Mundial da Rússia frente a Portugal. Antes, tinha guiado a seleção espanhola a qualificação 'sem espinhas', tendo estado 20 jogos sem perder à frente da Seleção Espanhola.
Antes da Seleção Espanhola e do Real Madrid, o técnico já tinha sentido a dor do 'chicote' no FC Porto, onde foi afastado por Pinto da Costa na segunda época no Dragão. Na primeira temporada acabou no 3.º lugar, atrás do Sporting, depois de perder a luta pelo título para o Benfica. Ainda levou o clube aos quartos-de-final da Liga dos Campeões mas nunca conquistou a plateia do Dragão.
Na primeira época de Dragão ao peito, em 2014/2015, o clube fez 52 jogos, tendo conseguido 36 vitórias, onze empates e apenas cinco derrotas. Ficou atrás do Benfica de Jesus, campeão, mas chegou aos quartos-de-final da Liga dos Campeões, onde foi afastado pelo Bayern Munique de Guardiola. Ainda sonhou ao vencer por 3-1 no Dragão mas em Munique tomou más decisões e, depois de uma exibição pobre, a equipa perdeu por 6-1 e foi eliminada. Na Liga Portuguesa lutou até ao fim, onde averbou apenas duas derrotas mas empatou sete dos 34 jogos. Na Taça da Liga perdeu nas meias-finais com o Marítimo e foi eliminado da Taça de Portugal em casa logo na ronda inaugural, pelo Sporting.
Pinto da Costa ainda lhe deu um voto de confiança para 2015/2016, mantendo o espanhol na época seguinte mas os adeptos já não aguentavam aquele futebol de passe curto, muito posse de bola e pouca objetividade. Ao cabo de 25 jogos era despedido, com 17 vitórias, quatro empates e quatro derrotas. A equipa não conseguiu apurar-se para os oitavos da Champions, tendo ficado atrás do Dinamo Kiev.
Julen Lopetegui continua com 'mucha ilusion' de que vai triunfar por onde passa mas, até agora, nada de troféus. No FC Porto não conquistou nenhum, tal como na seleção espanhola e no Real Madrid.
Esta segunda-feira, a direção do Real Madrid decidiu prescindir dos seus serviços, após a goleada sofrida no domingo por 5-1 ante o rival Barcelona em Camp Nou. A direção liderada por Florentino Pérez justifica a decisão com a necessidade de "mudar a dinâmica em que se encontra a equipa quando ainda são alcançáveis todos os objetivos da temporada".
No comunicado, o clube deixa antever que Julen Lopetegui não estava a tirar o máximo dos jogadores
"A direção entende que existe uma grande desproporção entre a qualidade do plantel - com oito jogadores nomeados à Bola de Ouro, algo sem precedentes na história do clube - e os resultados obtidos até ao momento", escreveram os merengues.
Lopetegui, que orientou o FC Porto entre 2014 e 2016, será substituído interinamente pelo argentino Santiago Solari, treinador da equipa B, no comando técnico do Real Madrid, que deixa com um saldo de seis vitórias, dois empates e seis derrotas, em todas as competições, no nono lugar do campeonato, a sete pontos do Barcelona.
O técnico de 52 anos, abandonou a liderança da seleção espanhola a dois dias da estreia no Mundial2018, frente a Portugal (3-3), para assumir o cargo de treinador do Real Madrid, que tinha acabado de perder o seu jogador mais influente, o avançado português Cristiano Ronaldo, transferido para a Juventus.
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