Deco, diretor desportivo do Barcelona, deu uma entrevista ao 'La Vanguardia' onde aborda a situação atual do clube, o passado recente e a evolução do mercado de transferências. O antigo jogador do FC Porto teceu tambem uma consideração interessante sobre o período no clube português (1999 a 2004).

"Gostava de contratar Ronaldinho, Eto'o e inclusive o Deco. Mas não existem nem estão no mercado. Os tempos e o próprio futebol mudaram. Hoje nunca poderia ter assinado pelo Barça. Não teria estado cinco anos no FC Porto. Nem o Samuel Eto'o no Maiorca à espera do Barça. Por muito que quisesse, teria tantas ofertas de inúmeros clubes que o FC Porto cobraria muito mais e seria muito mais difícil", acredita o antigo médio.

O agora dirigente falou também da maior concorrência existente no mercado, devido ao crescimento de equipas que não lutam por títulos mas possuem mais capacidade financeira do que antigamente.

"Quando o Barça ia ao mercado há 20 anos tinha a concorrência de Real Madrid, Manchester United e pouco mais. Hoje em dia todas as equipas da Premier League têm capacidade para contratar. E há o PSG. Não existia um City tão potente como o atual. As equipas organizam-se melhor e os jogadores podem escolher entre mais clubes. Mas o Barcelona continua a ter poder, podemos seduzir os jogadores e temos capacidade para trazer jogadores importantes", considerou.

Do mercado, o tema passou para a saída de Xavi, que surpreendeu Deco. "Não esperava. Estou com ele diariamente e levávamos semanas planeando as chegadas de jogadores como foi o caso do Vítor Roque ou a refletir sobre se teríamos de contratar alguém por causa da lesão do Baldé. Nunca pensei que iria sair. Falámos sobre a próxima época", revelou o dirigente.

Deco deu também uma opinião curiosa sobre o período de Pep Guardiola ao comando da equipa 'culé', revelando ainda que foi Xavi quem pediu "um contrato mais curto". "Fala-se de uma grande revolução quando Guardiola chegou ao Barcelona e isso é uma grande mentira. Eu e o Ronaldinho saímos, mas estavam Xavi e Iniesta, além do Busquets que subiu à primeira equipa, Yaya Touré, que foi o melhor jogador africano do ano, o Eto'o e o Messi, claro. Guardiola foi inteligente e quando chegou colocou ordem e a sua qualidade como treinador até construir a melhor equipa que vi na minha vida. Soube não perder tempo com outras coisas", concluiu.