A FIFA “declarou guerra” aos clubes espanhóis no que toca a transferências de menores. O organismo que rege o futebol mundial "atacou" primeiro em La Masia, colocando em causa todo o projeto de formação do Barcelona. Os catalães estão proibidos de contratar até janeiro de 2016, por a FIFA entender que os "culés" não respeitaram as leis sobre contratação de jogadores menores de idade.
Depois do Barcelona, a FIFA resolveu pedir explicações ao Real e Atlético Madrid, os dois colossos da capital espanhola. Os "merengues" responderam, afirmando que têm cumprido rigorosamente com a normativa de inscrição de futebolistas menores de idade. Num extenso comunicado, os atuais campeões europeus contestam o pedido da FIFA que requereu informações adicionais relativamente a 51 jogadores jovens do clube "blanco".
Dos jogadores requeridos, o Real Madrid diz que um aparece duas vezes na lista, dez são espanhóis, seis maiores de idade, dois estavam autorizados, dois foram inscritos antes de a norma mudar, 23 procediam de clubes espanhóis, dois nunca tinham estado em nenhum clube, quatro cumprem as normas das exceções da FIFA e um caso está no (TAS) Tribunal Arbitral de Desporto.
A investigação da FIFA ao Real Madrid surge na sequência da contratação de dois prodígios do futebol menores de idade: o holandês Peeterse o norueguês Odegaard, ambos de 16 anos.
Mas a investigação da FIFA também chegou ao Atlético Madrid. Aos colchoneros foi-lhes pedido que enviassem a documentação relativa a vários jovens estrangeiros dos seus escalões de formação. Rayo Vallecano, Valencia, Málaga, Granada e Sevilla poderão ser os novos alvpos do organismo liderado por Blatter.
A investigação também se estende aos clubes e escolas de formação de futebol que tem acordos com o Real Madrid e Atlético Madrid. Além disso, a entidade presidida por Joseph Blatter pediu a Real Federação Espanhola de Futebol que mudasse a sua regulamentação no que a transferências de menores diz respeito, para que a mesma esteja em consonância com normas da FIFA.
O que diz a lei sobre contratação de menores
A transferência de jogadores menores de idade está sujeito a algumas limitações. A FIFA estipula, no artigo 19 do Regulamento sobre o Estatuto de Transferências de Jogadores, que as transferências internacionais de menores só são permitidas após o jogador cumprir 18 anos, apesar de haver três exceções.
1. A transferência é autorizada caso o menor resida a menos de 50 km da fronteira com o seu novo clube bem como que a sede do novo clube esteja, igualmente, a menos de 50 km da fronteira com o país de residência do jogador, perfazendo uma distância total de, no máximo, 100 km. Mesmo assim, as duas associações (a do clube onde o jogador reside e a do novo clube do menor) deverão apresentar consentimento, por escrito, dos fatos e da possibilidade da transferência.
2. A segunda exceção aplica-se a casos envolvendo país membros da União Europeia e aplica-se a jovens entre os 16 e os 18 anos. Nesses casos, é primordial que o novo clube assegure todas as condições necessárias para que o menor tenha adequado acesso à educação.
3. A última das exceções à proibição é a que tem gerado mais controvérsia. A FIFA autoriza a transferência internacional de menores, desde que seja para acompanhar os seus pais, quando estes precisarem mudar por motivos alheios ao futebol. Esta terceira regra tem sido "contornada", com os clubes a começarem, primeiro, por oferecer trabalho aos pais do menor, antes da contratação do jovem jogador.
Implicações futuras
O artigo 19 do Regulamento sobre o Estatuto de Transferências de Jogadores da FIFA visa proteger os menores mas caso tivesse sido criado e aplicada há 15 anos, Messi e Cristiano, os dois melhores jogadores da atualidade, não teriam ingressado no Barcelona e Sporting com 13 e 11 anos de idade, respetivamente. Cristiano Ronaldo chegou ao Sporting com 11 anos, de onde saiu com 18 para o Manchester United. Já Messi está no clube catalão desde os 13 anos.
O regulamento poderia ajudar as seleções jovens, obrigando os clubes a fazer uma maior aposta em jogadores nacionais mas a verdade é que os emblemas de maior nomeada, com mais capacidades, têm conseguido contornar a lei. Basta ver a quantidade de jogadores estrangeiros que atuam nas camadas jovens dos principais clubes, tanto em Portugal como no resto da Europa.
Outra limitação é o facto de clubes como o Barceleona, o Sporting ou o Ajax, os melhores do Mundo a formar jogadores, terem de contornar mais burocracias para atrair jovens jogadores que depois são moldados, antes se estrearem nos seniores.
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