A reação espontânea do jogador do Barcelona Dani Alves de comer uma banana que lhe foi atirada por um espetador em pleno jogo, desencadeou uma campanha mundial contra o racismo que está a ganhar adeptos em todo o mundo.

A imagem do jogador mestiço brasileiro a comer a banana que tinha sido atirada para o campo a partir do gradeamento do estádio do Villarreal, no domingo passado, quando este se preparava para marcar um pontapé de canto, rapidamente se tornou viral nas redes sociais e as imitações não se fizeram esperar.

O Twitter foi palco de numerosas ‘selfies’ (autorretratos) de famosos e anónimos que se solidarizaram com o lateral do Barcelona, gerando assim, a partir de um incidente, uma campanha contra o racismo que muitos criativos do mundo da publicidade teriam sonhado liderar.

Sob as etiquetas “#somostodosmacacos”, “#WeAreAllMonkeys” e “#SayNoToRacism”, a campanha recebeu o apoio da Presidente do Brasil, Dilma Rousseff, através da sua conta oficial no Twitter.

O primeiro-ministro italiano, Mateo Renzi, foi muito mais explícito na segunda-feira, ao deixar-se fotografar com o selecionador de Itália, Cesare Prandelli, comendo uma banana.

Entre os pioneiros da campanha destaca-se o brasileiro Neymar Jr., que após o incidente em El Madrigal, apareceu nas redes sociais numa fotografia com o seu filho com uma banana na mão.

Somaram-se a estas fotografias semelhantes do ex-jogador do Barcelona Yaya Touré (Manchester City) e de Eric Abidal, que aparece nas redes sociais acompanhado da filha.

Também o avançado uruguaio do Liverpool Luis Suárez publicou uma foto a comer uma banana, juntamente com o seu companheiro de equipa Philippe Coutinho.

Fotografias parecidas foram igualmente tiradas por estrelas internacionais do futebol, como o argentino Kun Agüero (Manchester City), o italiano Mario Balotelli (AC Milan), o polaco Robert Lewandowski e o francês Emerick Aubameyang (ambos do Borussia Dortmund).

Retrataram-se também com uma banana diversos compatriotas de Dani Alves, como o ex-Real Madrid Roberto Carlos ou os futebolistas do Chelsea David Luiz, Óscar e Willian.

Numa entrevista hoje concedida ao Jornal Nacional de Globo Esporte, Dani Alves desejou que a repercussão deste incidente racista “sirva, de alguma maneira, para pôr fim a este tipo de atitudes”.

Alves recebeu o apoio do sindicato mundial de futebolistas (FIFPro), do presidente da FIFA, Joseph Blatter, do presidente da Real Federação Espanhola de Futebol (RFEF), Ángel María Villar, e do secretário-geral das Nações Unidas, o sul-coreano Ban Ki-moon.

Apesar de tudo, o selecionador espanhol, Vicente del Bosque, comentou hoje que factos como os que sucederam em El Madrigal são “isolados” e afirmou: “No futebol não há racismo, em absoluto”.

O presidente do Villarreal, Fernando Roig, disse que não se pode classificar como racista uma claque por causa de um ato individual, depois de o clube ter proibido o espetador que atirou a banana a Dani Alves de voltar a entrar no estádio de El Madrigal durante toda a sua vida.