O treinador italiano Cesare Prandelli, que se demitiu na sexta-feira do comando técnico do Valência, justificou hoje a saída do clube espanhol de futebol porque “as condições não se ajustavam às esperadas”.

Numa declaração aos jornalistas, sem direito a perguntas, o antigo selecionador de Itália, que tinha chegado ao clube ‘che’ a 01 de outubro, reconheceu que os proprietários do clube “são muito respeitáveis e de números, mas o futebol é um sentimento que vai mais além e precisa de paixão”.

“Queria abrir Paterna [centro de estágio] aos adeptos, mas o clube disse-me que não era possível. Tentei falar com a imprensa e vi que havia uma ‘lista negra’. Ficarmos fechados prejudicava-nos”, começou por explicar o treinador italiano.

O técnico disse ter colaborado com o clube “em silêncio” e que lhe foi prometido que em janeiro, na reabertura de mercado, que a “equipa seria reforçada”.

“Peter Lim [proprietário do Valência] esteve de acordo e disse a Suso [Jesus Garcia Pitarch, diretor-desportivo] que íamos concentrar todos os esforços em Simone Zaza [emprestado pela Juventus ao West Ham]”, revelou Prandeli.

O técnico transalpino acrescentou que, depois de falar com o pai do avançado e com o próprio jogador, informou Garcia Pitarch e a presidente do Valência, Layhoon Chan, que tudo estava definido para o jogador se apresentar em Valência a 27 de janeiro, após o Natal.

“Zaza é um jogador com grande personalidade e ao Valência faltam futebolistas com essas caraterísticas. Por vezes, o estádio e os adeptos ‘pedem-nos’”, considerou Prandeli, que estranhou a ausência do compatriota depois da quadra natalícia.

O treinador negou ter pedido quatro reforços e que a 29 de janeiro, na véspera da demissão, lhe tinham dado 24 horas para escolher um médio ou um ponta de lança.

“Se antes estava claro que seriam garantidos quatro reforços e depois era só um, e nem sequer estava contratado, alguma coisa não estava a bater certo”, disse.

Face a esta ‘mudança de planos’, Prandeli recusou “flutuar, como acontece a muitos treinadores”, e pediu a demissão, com a consciência que fez “tudo o que era possível”.

“Vou emocionado e triste, porque, quando termina um sonho, emergem os sentimentos. Sabia que o desafio era difícil, mas tentámos tudo o que era possível para ajudar o Valência”, garantiu.

Depois desta declaração aos jornalistas, Prandeli recusou responder a perguntas “para evitar a polémica”.