Não foi desta que Portugal quebrou uma 'maldição' de 74 anos. A equipa das 'quinas' voltou a não vencer a França em jogos disputadas em Portugal. Mas pior do que isso, os homens de Fernando Santos voltaram a perder um jogo 13 meses depois da derrota com a Ucrânia, gorando-se assim a possibilidade de defender o título conquistado na primeira edição da Liga das Nações.

Há seis jogos que Portugal não sofria golos, mas o que é certo é que poderia ter averbado bem mais. Um dos eternos 'papões' da equipa nacional (aqui não falamos na saborosa vitória no Euro 2016) tinha sido metida no bolso no jogo de ida no Stade de France. Nesse embate vimos um equipa francesa amarrada, apaziguada e com pouca iniciativa.

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Um mês volvido e a transfiguração foi nítida...Agora reacendeu-se a dúvida: Será esta seleção capaz de ombrear de igual para igual com seleções como a França, a Espanha ou a Alemanha? Para o fazer terá que fazer muito mais do que explanou na noite deste sábado no relvado da Luz. Não assumiu o jogo, deu a bola à França, mas também foi incapaz de dar largura e profundidade ao seu jogo, com Félix e Ronaldo demasiado amarrados. Mesmo sem Mbappé, a França também foi avassaladora na arte de defender. Já no lado português, com a equipa órfã de Pepe, as dificuldades foram sempre muitas para parar os jogadores franceses. Fernando Santos não quis correr o risco de mudar muito. Do lado gaulês, Deschamps, sem Mbappé, surpreendeu com Martial como referência, apoiado por Rabiot e Martial. Portugal nunca conseguiu acertar o passo para defender estes jogadores. Griezmann era o dínamo, com o bola no pé, a servir com critério os companheiros. Em noite inspirada dos visitantes, pedia-se mais agressividade aos jogadores portugueses. Ofensivamente as coisas também não funcionaram bem, o jogo interior era inexistente, os passes errados eram uma constante.

A equipa nacional só por milagre não foi para o intervalo a perder. O guardião português foi mesmo 'São Patrício', depois de várias intervenções que travaram o que parecia certo. Tirou o pão da boca por diversas vezes a Coman e a Martial. Aos 30´, uma jogada de génio da França só foi salva pelo ferro, com a bola a passar por Griezmann, Rabiot e Martial.

O intervalo chegou e com um resultado lisonjeiro para Portugal. A equipa das quinas tentou mexer com o jogo no início do segundo tempo, mas foi aí que o golo apareceu, na pior altura para as cores lusas. Patrício não conseguiu segurar um remate e na recarga, Kanté apontou o golo do triunfo francês.

De forma um pouco atabalhoada, Portugal tentou esticar o jogo. Fernando Santos lançou Jota, Trincão e Moutinho. O empate esteve o próximo, depois do remate ao poste de Fonte. Mas os franceses tiveram sempre a partida na sua mão.

Só de longe a equipa das quinas incomodou, abusando do jogo direto e de uma sucessão de cruzamentos para a área. Mas não era na noite da Luz que a muralha francesa haveria de ruir. Portugal vai ficar de fora da 'final four' da Liga das Nações.

Momento: minuto 53´

Patrício tinha travado todos os intentos da França. Quis o destino que largasse a bola depois de um primeiro remate e que Kanté oportuno aparecesse para fazer o golo do triunfo e do 'canto do cisne' português.

Melhores

Kanté

Foi ele o único a ter arte e engenho para aparecer no sítio certo para fazer o único golo da partida. Sempre com ótima gestão ofensiva e defensiva no jogo. Esteve em todo o lado e tornou ainda mais complicada a missão portuguesa.

Griezmann

Sempre de cabeça levantada à procura da desmarcação dos companheiros. O líder do carrocel francês, com Portugal a ver jogar. Participou nas ações mais perigosas da seleção francesa.

Diogo Jota e Moutinho

Entraram tarde e a más horas, mas nos minutos em que estiveram em campo mexeram com o jogo. Foi durante esse período que a seleção cresceu. Fernando Santos não apostou de início no jogador português em melhor forma da atualidade e poderá ter pago a fatura.

Baixos

Incapacidade para anular, ou pelo menos jogar de igual para igual frente a uma grande seleção como a França. A equipa portuguesa acabou por ser demasiado previsível e parece não ter um plano B para contrariar a estratégia de adversários que pressionam alto e que controlam as operações a meio-campo durante a maior parte do tempo. Fernando Santos foi conservador e com outra equipa porventura a música teria sido outra.

Reações

Fernando Santos: "A responsabilidade é minha"

Diogo Jota: "Procurámos o golo de todas as formas, mas não conseguimos"