A rapidez de execução de Gonçalo Guedes. A inteligência de Bernardo Silva. Cristiano Ronaldo a fixar um defensor no lado contrário, para que o avançado do Valencia tivesse mais espaço. O remate. A bola no fundo das redes. O Dragão inteiro em chamas, em ebulição. Portugal em festa, de Norte a Sul, do continente às ilhas. Portugal de novo, o 'rei' da Europa no futebol.

Quis o destino (e a UEFA) que Portugal organizasse a 'final four' da primeira edição da Liga das Nações. A capacidade nacional em organização de eventos, tantas vezes elogiadas pelo organismo que rege o futebol europeu, deu a Portugal uma oportunidade de ouro de ficar com a primeira edição da Liga das Nações, a prova da UEFA que veio substituir os 'insonsos' e pouco intensos amigáveis. Os estádios do Dragão e D. Afonso Henriques receberam os dois jogos da última fase da prova, com Portugal, Holanda, Inglaterra e Suíça numa luta titânica.

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Antes da final, Portugal tinha-se superiorizado à Suíça no mesmo palco, com uma vitória clara por 3-1 numa noite de sonho de Cristiano Ronaldo: marcou os três golos da Seleção e foi o melhor marcador da 'final four' da prova.

Portugal, que era uma das seleções dos Grupos 1 (os com melhor ranking, logo, aqueles que poderiam chegar à 'final four'), venceu a sua poule com oito pontos em quatro jogos, frutos de duas vitórias frente a Polónia e Itália e outros dois empates com estas mesmas seleções. A Holanda liderou o seu grupo, que tinha Alemanha e França, a Suíça ficou à frente da Bélgica e Islândia, Inglaterra bateu Espanha e Croácia para estar na fase final da discussão do título.

Na 'final four', os helvéticos, que tinham sido adversários de Portugal no apuramento ao Mundial 2018 (ficaram ambos com 27 pontos mas com vantagem para Portugal), sofreram na pele com a eficácia de Cristiano Ronaldo, melhor marcador da prova. Ricardo Rodriguez fez o único golo sofrido Portugal, de grande penalidade.

Na final contra os holandeses, que afastaram a Inglaterra nas grandes penalidades, Portugal foi melhor e só o guarda-redes Cilessen ia impedindo o golo luso. Golo que aparece aos 60 minutos: Gonçalo Guedes combinou com Bernardo, foi para o meio, o astro do City leu bem o movimento do seu antigo colega de equipa no Benfica e deu-lhe a bola para um remate forte e colocado. Um golo que bastou para dar o segundo título de sempre a Portugal a nível de seleções seniores, depois da vitória no Euro2016 em França, com golo de Éder no prolongamento.

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Depois dos triunfos no Euro2004 (2-1), Mundial2006 (1-0) e Euro2012 (2-1), Portugal voltava a superiorizar-se as holandeses em jogos a 'doer'.

Portugal acabou a dominar a prova, também a nível individual: Bernardo Silva foi eleito Melhor Jogador, Cristiano Ronaldo foi o Melhor Marcador. Estes dois juntaram-se a Rúben Dias e a Raphael Guerreiro no Onze Ideal da prova, que contou com quatro holandeses: o central De Ligt, os médios De Roon e De Jong, e o avançado Memphis Depay. A Suíça, adversária de Portugal nas meias-finais (perdeu por 3-1), teve dois jogadores na Equipa Ideal, o central Akanji e o lateral Mbabu. Já a Inglaterra, que terminou no terceiro lugar, viu o guarda-redes Jordan Pickford ser escolhido para a equipa.

Rúben Dias foi eleito o Homem do Jogo da final, O holandês Frenkie de Jong recebeu o prémio de Melhor Jovem.

15 anos após a 'trágica' final do Euro2004 perdida na Luz para a Grécia, a Seleção Nacional conseguia pela primeira vez conquistar um título junto do seu público.

Até junho de 2021, Portugal vai ostentar os títulos de Campeão da Europa e vencedor da primeira edição da Liga das Nações.