Minuto 90. Sérgio Oliveira e Alex Telles concentrados, olhos na bola, corações a mil. Nas bancadas do Estádio Krasnodar, os adeptos da casa 'faziam figas', rezavam, apelavam ao divino. De nada lhes valeu para travar o remate vitorioso de Sérgio Oliveira, que deixa o FC Porto mais perto dos play-offs de acesso à Liga dos Campeões. Ainda há a segunda-mão, a ser jogado na terça-feira feira no Dragão mas a vantagem é toda ela portista. Marchesín estreou-se da melhor forma, Baró foi a surpresa. Olympiacos mais perto de ser o adversário do FC Porto nos play-offs.

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O jogo: marcar na melhor altura

A entrada de Marega no onze foi uma surpresa já que o maliano não tinha somado qualquer minuto nesta pré-época, depois de ter estado com a seleção do Mali na Taça das Nações Africanas. A titularidade de Marchesín também foi meia surpresa, já a de Romário Baró foi apenas a confirmação do bom momento do jovem médio de 19 anos.

Num país onde o FC Porto até se tem dado bem (seis triunfos, uma derrota e um empate, ambos frente Zenit São Petersburgo), Conceição viu o seu adjunto Vítor Bruno 'conduzir o barco a bom porto', frente a um adversário que se reforçou e muito para chegar à fase de grupos da Champions. O francês Cabella e o holandês Tonny Trindade Vilhena são alguns nomes sonantes de um Krasnodar que tem crescido a olhos vistos na Europa.

Mas nem o facto de ter mais um mês de trabalho e já ter feito quatro jogos oficiais na Liga Russa assustou o FC Porto. A primeira parte foi quase toda dos vice-campeões portugueses, com três boas oportunidades para marcar mas a serem desperdiçadas pelos avançados Soares, Marega e Corona.

Os 'dragões' conseguiam condicionar o jogo ofensivo dos russos, ganhando a bola em zonas adiantadas do terreno, graças a uma pressão forte, onde se destacava Danilo, o homem que subia para pressionar mais a frente, com Sérgio Oliveira a ficar mais atrás. Faltava definir melhor no último terço, onde o FC Porto somava más decisões.

Os russos só incomodaram nos minutos finais do primeiro tempo e quando arriscaram mais no ataque na segunda parte, com as entradas do avançado brasileiro Ari e do extremo Suleymanov. Vítor Bruno alargou a linha de quatro no meio-campo, lançando Luiz Díaz no posto do amarelado e nervoso Romário Baró.

O jogo passou a ser perigoso, partido, com os dois conjuntos a arriscarem mais, sempre em transições rápidas. Luiz Díaz entrou bem mas esgotou as energias muito cedo. Por isso, o Krasnodar criou muito perigo na esquerda da defesa portista, com as subidas do extremo e do lateral direito, deixando Alex Telles em situações de dois para um.

Quando o FC Porto já fazia gestão da posse, para tentar manter o 0-0 e não deixar o jogo entrar em transições, que deixam as defesas sempre expostas, Sérgio Oliveira resolveu, num livre aos 90, após falta sobre Zé Luís.

Eliminatória bem encaminhada, pronta a ser carimbada no Dragão na próxima terça-feira. Falta definir melhor no último terço e ter muita atenção ao lado esquerdo do ataque do Krasnodar. A vitória fora do Olympiacos no terreno do Istanbul Basaksehir deixa os gregos mais perto dos 'dragões' nos play-offs.

Momento-chave: Livre de Sérgio Oliveira aos 90 materializa superioridade portista

Por altura dos 90 minutos o FC Porto já se dava satisfeito com o empate, sem sofrer golos. Mas Sérgio Oliveira quis deixar o Dragão mais descansado e deu a vitória mesmo a acabar o encontro, num livre superiormente marcado. Melhor altura para marcar era impossível.

Os Melhores: Sérgio Oliveira a espalhar classe, Marchesín confirma créditos

Não só pelo golo que marcou mas também pelo que jogou. Dos pés de Sérgio Oliveira saíram dois passes espetaculares a deixar Marega isolado em duas ocasiões. Mostrou que Conceição pode contar com ele e que Uribe vai ter muito que 'pedalar' para entrar no meio-campo.
Marchesín chegou, foi titular e mostrou porquê. Na única ocasião dos russos, fez uma grande defesa a remate de Cabella, mostrou muita tranquilidade, muita segurança com os pés.

Os Piores: Baró com pouco jogo, Marega perdulário

Romário Baró justificou a titularidade pelo que tem vindo a fazer mas teve dificuldades no jogo. Raramente teve bola, apesar de ter sido competente a defender, como lhe era pedido. Fez duas faltas duras, viu amarelo cedo e saiu aos 53. A equipa precisa de acreditar mais nas suas qualidades e Baró tem de aparecer mais.

Marega teve uma soberana oportunidade mas, tal como nos últimos anos no Dragão, voltou a ser perdulário. O maliano peca muito na finalização. Mostrou estar longe da sua forma, o que é normal, já que apenas começou a trabalhar há duas semanas, depois de ter estado na CAN2019.

Reações:

Conceição: “Não ganhámos nada. Nos últimos sete jogos europeus, ninguém ganhou aqui”

Sérgio Oliveira: “Há que saber sofrer, faz parte de uma grande equipa”

Treinador do Krasnodar desvaloriza: "A derrota não é um resultado catastrófico"