Com os oitavos de final 'no bolso', Rúben Amorim tinha anunciado na conferência de imprensa de antevisão ao encontro com o Ajax que alguns jovens (e outros jogadores com menos minutos em campo esta época) iam ter oportunidade de ganhar ritmo e minutos de experiência na Liga dos Campeões. E assim foi.

O Spoorting entrou em campo com seis jogadores com menos de 23 anos - João Virgínia (22 anos), Gonçalo Esteves (17), Gonçalo Inácio (20), Ugarte (20), Daniel Bragança (22), Tiago Tomás (19). E do banco ainda saltaram mais dois - Nazinho (18) e Dário Essugo (16, tornando-se no mais jovem de sempre a vestir a camisola do Sporting na Champions).

Os 'leões' acabaram por pagar o preço da inexperiência e viram chegar ao fim uma série de 12 vitórias consecutivas no conjunto de todas as provas com uma derrota por 4-2 em Amesterdão, é certo. Mas, frente a um Ajax que só poupou três habituais titulares, o resultado acabou por ser até menos pesado do que aquele que se havia verificado em Alvalade. E os milhões que o Sporting teria ganho se, eventualmente, apresentando uma equipa mais próxima da habitual, tivesse regressado a casa com outro resultado, poderão muito bem ser 'recuperados' no futuro com a venda de um dos 'leõzinhos' que, ainda demasiado 'tenros', começaram a ganhar experiência preciosa para outros voos.

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O jogo: Triunfo natural e sem discussão do Ajax

Apesar desses elogios que se possam fazer à aposta de Rúben Amorim e à atuação dos jogadores do Sporting em Amesterdão, face à sua pouca experiência nestas andanças (Luís Neto, com 16 jogos, era quem mais partidas tinha na Champions no seu currículo entre os titulares leoninos), o facto é que a vitória do Ajax não merece discussão.

A superioridade do conjunto da casa foi evidente desde os minutos iniciais e o triunfo começou a desenhar-se bem cedo, fruto de uma grande penalidade assinalada pelo árbitro, depois de alertado pelo VAR, a punir uma pisadela de Daniel Bragança a um adversário dentro da grande área verde e branca.

Estavam decorridos sete minutos de jogo quando o inevitável Sebastien Haller, melhor marcador desta edição da Liga dos Campeões (e uma das figuras da prova até ao momento), abriu o ativo na conversão do respetivo 'castigo máximo'. E muitos terão temido o repetir do que se havia passado na receção ao Ajax em Alvalade, com o Sporting a ruir então por completo depois de um golo madrugador dos holandeses.

Mas desta vez não foi assim e o Sporting reagiu bem. Ao ponto de chegar mesmo ao empate. Tabata (que também se estreava como titular em jogos da Liga dos Campeões) deixou um primeiro aviso, após boa jogada de Gonçalo Esteves, e pouco depois assistiu com um excelente passe Nuno Santos para o 1-1.

Só que, aos poucos, a superioridade do Ajax voltou a vir ao de cima. As oportunidades começaram a suceder-se, João Virgínia (esta noite titular na baliza dos leões) ainda adiou por duas vezes o golo, só que viu-se depois traído por um erro de Gonçalo Inácio. Pressionado dentro da grande área, o jovem defesa colocou a bola nos pés de Antony e este, com enorme classe, recolocou os anfitriões na frente.

A segunda parte também não começou bem para o Sporting e na sequência de uma escorregadela com bola de Nuno Santos surgiu o terceiro golo do Ajax. A turma de Rúben Amorim viveu, então, minutos de algum desnorte e a goleada pairou no ar. O 4-1 apareceu pouco depois e o quinto golo do conjunto da casa só não ocorreu porque a bola bateu no poste. Mas - então já com alguns 'consagrados' em campo - o Sporting reagrupou-se e, com um grande golo, a passe de Ricardo Esgaio, Tabata assinou um grande golo e deu um tom menos desagradável ao resultado final.

O momento: Falha de Gonçalo Inácio abriu 'passadeira vermelha' ao adversário

O Sporting tinha chegado ao empate e o Ajax pressionava, mas o intervalo aproximava-se com a igualdade no marcador. Só que Gonçalo Inácio, aos 42 minutos, pressionado por um adversário, errou um passe ainda dentro da sua grande área  e ofereceu o 2-1 a Antony. Uma falha que abriria em definitivo caminho ao triunfo do Ajax.

O melhor: Gonçalo Esteves e Tabata responderam à chamada

Entre as muitas novidades lançadas por Rúben Amorim no encontro, duas merecem destaque. O ala direito Gonçalo Esteves voltou a mostrar - sobretudo na primeira parte - as qualidades que todos lhe apontam, com várias iniciativas ofensivas pelo seu flanco.

Bruno Tabata também mostrou que o seu pé esquerdo pode ser solução quando Amorim precisar. Com um passe de enorme classe assistiu Nuno Santos para o primeiro golo do Sporting e com um disparo fulminante marcou o segundo.

O pior: Erros individuais custaram caro

Era natural - como o próprio Rúben Amorim o admitiu no final do encontro - que acontecessem, face à tenra idade de grande parte dos jogadores e à inexperiência nestes palcos da Champions, mas as falhas individuais de jogadores do Sporting estiveram na base de três dos quatro golos do Ajax. Daniel Bragança fez uma falta desnecessária (embora não propositada) no penálti que deu o primeiro golo, Gonçalo Inácio colocou a bola nos pés de um adversário no segundo e Nuno Santos escorregou e perdeu a bola em zona proibida no terceiro.

As reações

- Tabata destaca oportunidade dada aos jovens, Essugo fala em "aprendizagem"
- Rúben Amorim: "Aqui e ali notou-se inexperiência, mas é normal. Tenho muita esperança nestes miúdos"