O leão cumpriu com a obrigação e saiu da Áustria com três pontos na bagagem. A equipa de Rúben Amorim mostrou pragmatismo e paciência perante um adversário que, ciente das diferenças entre as duas equipas, procurava juntar linhas e sair em transição.

Ao domínio, o Sporting soube juntar a eficácia, marcando golos nos momentos certos e sabendo, na maior parte do tempo, neutralizar as iniciativas ofensivas do adversário, que apenas beneficiou de uma clara oportunidade para marcar.

Pelo meio a equipa de Alvalade passou por alguns sobressaltos desnecessários mas, pareceu sempre estar mais perto de marcar o terceiro do que propriamente sofrer, tendo tido oportunidades claras para tal.

Mais golo, menos golo, o leão fez o que lhe competia e juntou três importantes pontos, que o aproximam do objetivo de chegar ao 'playoff' da Liga dos Campeões.

O jogo: Triunfo a dois tempos

Para este encontro, Amorim fez algumas alterações na equipa inicial. Perante a falta de centrais, Esgaio foi chamado a completar o trio mais recuado, mais à frente Bragança manteve-se ao lado de Hjulmand, enquanto que Maxi Araújo acompanhava Trincão e Gyokeres no ataque.

No país da valsa, o Sporting mostrou desde cedo que era ele quem ia marcar o passo e assumir o rumo dos acontecimentos na 'pista'. O leão mostrava ter a coordenação, ritmo e os claramente pés mais dotados para comandar a dança do jogo e conduzi-lo para onde mais queria.

Apesar da insistência pelo lado esquerdo, beneficiando das combinações entre Nuno Santos e Maxi, era pela direita que o Sporting conseguia criar mais perigo; o primeiro aviso surgiu de uma arrancada de Gyokeres, que só não terminou em golo pois Maxi deixou fugir a bola na hora 'H'.

Contudo, a paciência frieza do jogo leonino acabaria por dar os seus frutos; 23 minutos e uma jogada primorosamente desenhada ao primeiro toque liberta Catamo na direita, o cruzamento do moçambicano encontrou Gyokeres que, ao falhar na bola, deixou-a à mercê de Nuno Santos que, com uma ajudinha do guarda-redes Scherpen, inaugurou o marcador.

Em desvantagem, o Sturm Graz tentou responder, quase sempre através de iniciativas de Boving, que pouco ou nenhum perigo criavam; exceção foi o lance à passagem da meia-hora, Boving rematou, Israel defendeu e Gonçalo Inácio evitou em cima da linha o golo de Biereth.

Para a segunda parte esperava-se um jogo bem diferente e as expetativas não foram defraudadas. À beira da sua terceira derrota, o Sturm Graz decidiu subir linhas e pressionar o Sporting à saída da sua área. Apesar de algumas bolas recuperadas, os austríacos não conseguiam materializar em oportunidades esta nova postura. Para além disso, com espaço para a profundidade, o leão estava agora onde queria.

Ato contínuo e os verdes e brancos chegam ao segundo golo; 53 minutos e Debast sai a jogar com toda a classe, tirando dois adversários do caminho e servindo Gyokeres que, com espaço foi por aí a fora, deixando os adeptos leoninos já de braços levantado ainda antes do sueco ter chegado à área, e fez o 0-2 sem grandes problemas.

Perante um Sturm Graz cada vez mais desesperado, o Sporting dispôs de tempo e espaço para criar mais oportunidades, acabando por desperdiçar boas ocasiões para aumentar a vantagem. Cá atrás, a defesa ia, com maior ou menor dificuldade, neutralizando os ataques austríacos, não se livrando, todavia, de alguns desnecessários sustos junto da sua área.

No computo geral, o Sporting sai com uma vitória e exibição tranquilas, onde teve quase sempre o controlo das operações, e onde mostrou a segurança, pragmatismo e maturidade que se exige a este nível, tudo características que muito serão necessárias nos próximos embates na Liga dos Campeões.

O momento: Gyokeres, quem mais?

Após uma primeira parte de menor intensidade, o Sturm Graz entrou no segundo tempo bem mais pressionante, subindo as suas linhas de sobremaneira...tudo música para os ouvidos do leão, e mais propriamente de Gyokeres.

Aos 53 minutos, um saída magnífica de Debast, que lança o sueco em profundidade, tal como ele gosta; após deixar para trás o adversário, Gyokeres teve a frieza suficiente para tirar o guarda-redes do caminho e atirar para as redes desertas. Dois golos de vantagem e tudo muito mais tranquilo.

O melhor: Debast foi 'the best'

Pode parecer estranho destacar um defesa central num jogo onde o Sporting, não só venceu, como também não passou por assim tantos sobressaltos em termos defensivos.

Numa exibição globalmente muito positiva, Zeno Debast, juntamente com Franco Israel, mantiveram sempre a solidez defensiva do leão, muito importante nos momentos em que o Sturm Graz queria crescer no jogo.

Para além da sobriedade e segurança a defender, o internacional belga mostrou também dotes de construtor, tendo partido dos seus pés o lance do golo de Gyokeres, após ter saído a jogar desde a defesa e lançado o sueco de trivela.

O pior: Capitão desnorteado

Dimitri Lavalée, fez parte do trio de centrais do Sturm Graz, juntamente com Aiwu e Geyrhofer, contudo, o belga foi dos três o que menos acerto revelou. Mostrando sempre muitas dificuldades para controlar os movimentos de Trincão e as iniciativas de Catamo pela esquerda,

Foi precisamente do seu lado que nasceu o primeiro golo dos leões, quando Lavalée foi atrás de Trincão até ao meio-campo, abrindo um buraco nas costas, devidamente aproveitado pelo ataque do Sporting. As dificuldades mantiveram-se na segunda parte, agora perante um leão a jogar mais em transição.

O que disseram os treinadores

Rúben Amorim, treinador do Sporting CP