Quem diria que seria em pleno mês de abril que iriamos ver o pior Benfica da temporada: Com três derrotas consecutivas que colocam o título de campeão em cheque, tal como a continuidade na Liga dos Campeões.
É nesta perspetiva que a deslocação do Benfica a Milão, para a segunda mão dos quartos de final da Champions, surge como um embate de dupla pressão para os encarnados. Por um lado, a equipa de Schmidt tem de marcar pelo menos dois golos para ambicionar seguir em frente e, por outro lado, há a obrigação de reagir de forma afirmativa às três derrotas consecutivas - uma delas precisamente diante este Inter no Estádio da Luz. Do outro lado, a pressão também não é menor. Inzaghi tem a cabeça a prémio para este jogo e os jogadores têm uma recompensa choruda em perpetiva.
Apesar de grande parte das preocupações estarem agora na curta distância para o FC Porto nesta reta final do campeonato (quatro pontos), a ambição europeia sempre foi, desde o início da temporada, uma das imagens de marca defendidas por Schmidt e Rui Costa.
Antes destes quartos de final, muitos apontavam o Benfica como favorito diante um Inter também em clara crise de resultados. A questão que se prendia era para quando o duelo com o Nápoles nas meias-finais. A verdade é que, também em Itália, é o AC Milan que vai estando em vantagem diante os napolitanos. Entre Benfica e Inter, não se tem visto uma eliminatória de estrelas digna de Liga dos Campeões, mas sim de quem mais rapidamente consegue fugir à crise dentro das quatro linhas.
Schmidt sabe à partida que vai contar com o regresso de Otamendi (que falhou a primeira mão por acumulação de cartões amarelos). Bah, Draxler e Ristic deverão ser baixas por lesão.
Inzaghi deverá ter todo o plantel à sua disposição.
Inter de Milão recebe o Benfica esta quarta-feira às 20h no Estádio Giuseppe Meazz.
A história obriga ao melhor Benfica da temporada em Itália
O Benfica tem a missão de correr contra a história nesta segunda mão, uma vez que só por uma ocasião os encarnados conseguiram virar uma eliminatória com dois golos de diferença.
Na longínqua temporada de 1961/62, os então detentores do título perderam por 3-1 no reduto dos alemães do Nuremberga na primeira mão dos ‘quartos’ da Taça dos Campeões Europeus, para, no segundo jogo, na Luz, golearem por 6-0.
Após este histórico confronto, os benfiquistas - que haviam falhado uma primeira vez em 1956/57 – nunca mais conseguiram virar eliminatórias iniciadas com derrotas por mais de um golo, sendo já 14 as oportunidades perdidas de forma consecutiva.
Em solo italiano, a história também nos diz que o Benfica nunca conseguiu ganhar com uma diferença de dois golos. O melhor alcançado foram quatro vitórias tangenciais, duas por 1-0 e outras tantas por 2-1, todas ‘curtas’ para selar o primeiro apuramento para uma meia-final da principal prova de clubes desde 1989/90.
O primeiro triunfo por 1-0 aconteceu precisamente na visita inaugural e foi conseguido perante a Juventus, com um golo do ‘rei’ Eusébio da Silva Ferreira, para selar um lugar na final da Taça dos Campeões Europeus de 1967/68 (2-0 na Luz).
Quase duas décadas volvidas, em 1996/97, os ‘encarnados’ voltaram a vencer em Itália por 1-0, com um tento do jovem Edgar, mas desta vez o resultado não chegou para rumar às ‘meias’ da Taça das Taças, já que, como agora, a primeira mão tinha acabado 0-2.
Pelo meio, um histórico triunfo por 2-1 em Roma, desta vez a abrir uma eliminatória, os quartos de final da Taça UEFA de 1982/83, com o então jugoslavo Zoran Filipovic a ser o ‘herói’, ao marcar os dois tentos do ‘onze’ do sueco Sven-Goran Eriksson, que, na Luz, empataria a um golo.
O quarto triunfo em Itália aconteceu já a presente temporada, com o 2-1 à Juventus, numa reviravolta materializada por um penálti de João Mário e um tento de David Neves, a começar a ‘desenhar’ o apuramento do Benfica para os ‘oitavos’ da ‘Champions’, na segunda jornada da fase de grupos.
Além dos dois triunfos por 2-1, os ‘encarnados’ também marcaram dois golos em cada uma das duas visitas a Nápoles, ao ‘mítico’ San Paolo, agora rebatizado Diego Armando Maradona, mas em desaires por 3-2 (2008/09) e 4-2 (2016/17).
Melhor em matéria de golos marcados, só no anterior confronto com o Inter, nos oitavos de final da Taça UEFA de 2003/04: Nuno Gomes ‘bisou’ e Tiago também marcou, mas os transalpinos, que haviam empatado a zero em Lisboa, ganharam por 4-3.
Quanto aos outros resultados, o Benfica soma ainda um ‘saboroso’ empate a zero em 2013/14, face à Juventus, que valeu um lugar na final da Liga Europa, uma vez que o conjunto luso comandado por Jorge Jesus tinha vencido em casa por 2-1.
De resto, só derrotas, cinco sem qualquer golo marcado (três por 1-0, uma por 2-0 e outra por 3-0), e duas com um tento apontado, o 3-1 com a Lazio, em 2003/04, e o 2-1 com o AC Milan, em 2007/08.
Por fim, no que respeita aos duelos frente ao Inter, este será o quinto confronto entre os dois emblemas depois de três vitórias dos italianos e um empate alcançado. Na primeira-mão, Barella e Lukaku deram a vitória aos italianos.
Momento de forma não é digno de um jogo de Champions
Vão se defrontar duas equipas em clara crise de resultados. Por um lado, o Benfica não vence há três jogos consecutivos: Primeiro, o desaire no clássico frente ao FC Porto, depois frente a este mesmo Inter na primeira-mão e por fim na visita a Chaves.
O conjunto Nerazzurri também não se pode congratular, uma vez que só conseguiu uma vitória nos últimos três jogos - curiosamente diante o Benfica. No campeonato, o Inter vem agora de uma derrota por 1-0 na receção ao Monza.
Antevisão dos protagonistas
Roger Schmidt, treinador do Benfica: "Teremos de marcar golos, caso contrário estaremos de fora da Liga dos Campeões. Penso que durante esta temporada já demonstrámos muitas vezes, quer nos jogos do campeonato, na fase de grupos ou nos playoffs da Liga dos Campeões, que temos a capacidade de marcar golos, seja nos jogos fora ou em casa. Mas também em jogos importantes"
António Silva, jogador do Benfica: "Neste clube não há impossíveis. Sabemos que é um 2-0, é um clube muito forte, mas temos as nossas armas. Temos vindo a demonstrar um excelente futebol durante este ano. Tentaremos transportar aquilo que tem sido a nossa época para o jogo de amanhã"
Simone Inzaghi, treinador do Inter: "O Benfica é uma equipa que física e tecnicamente criará dificuldades. Faltam-nos 90 minutos, sabemos que será importante e difícil. Estou convencido de que todos juntos, com a ajuda dos adeptos, podemos dar essa alegria. Estar no top-4 da Europa não acontece com frequência".
Darmian, jogador do Inter: "No balneário há a vontade de terminar este mês da melhor forma, temos muitos jogos já a partir de amanhã [quarta-feira]. Estamos concentrados para defrontar o Benfica e daremos o máximo. Temos feito um belo percurso na ‘Champions’ e queremos continuar".
O árbitro
A arbitragem vai estar a cargo de Carlos del Cerro Grande. O espanhol vai contar com assistência de Diego Barbero e Guadalupe Porras Ayuso, enquanto que Cesar Soto Grado será o quarto árbitro. No VAR estará Juan Martínez Munuera e Alejandro Hernández no AVAR.
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