Quando o Liverpool derrotou o Real Madrid na final da Taça dos Clubes Campeões Europeus de 1981, por 1-0, Terry McDermott tinha apenas 29 anos e terminava a prova como melhor marcador antes mesmo do nascimento de Cristiano Ronaldo e de Mohamed Salah, as atuais estrelas da competição esta época.

Em entrevista à AFP, o antigo internacional inglês recordou o início do 'reinado europeu' do Liverpool na competição máxima de clubes, nomeadamente o terceiro título de 'campeão europeu' dos 'reds' diante do Real Madrid em 1981.

A poucos dias da final de Kiev entre Real Madrie e Liverpool que irá reeditar a célebre final de 1981 realizada no Parque dos Príncipes, Terry McDermott partilha as boas memórias, mas também o sentimento interminável de espera antes do jogo decisivo.

Na altura, o Liverpool derrotou o Real Madrid por 1-0, com um golo de Alan Kenedy, e acentuou o domínio inglês na Europa do futebol com a conquista do terceiro título de Campeão Europeu para o emblema de Anfield Road depois de dois anos consecutivos em que o Nothingham Forest dominou a prova.

Terry McDermott jogou as três finais com a camisa vermelha, e marcou o golo da vitória na final contra o Borussia Mönchengladbach, em 1977, e sendo o melhor marcador da competição com seis golos em 1981, ao lado do companheiro de equipa Graeme Souness e de Karl-Heinz Rumenigge, do Bayern de Munique.

"Marquei três golos no primeiro jogo contra uma equipa filandesa, o Oulun Palloseura, que me ajudou a terminar na frente entre os melhores marcadores", recordou o antigo jogador de 66 anos em entrevista à AFP.

Com o atual domínio do Real Madrid na Liga dos Campeões depois de conquistar os últimos dois títulos da competição, o Liverpool é encarado como um 'outsider', mas em 1981 a realidade era bem diferente da atual, explica McDermott.

"O Real Madrid tinha uma boa equipa em 1981, mas não era a instituição que se tornou hoje", atira McDermott.

"Nós não tínhamos medo deles. Tínhamos jogado algumas finais e havia muita confiança no balneário. Eram eles que tinham pouca experiência", frisou o antigo avançado inglês de 66 anos.

"Extremamente frustrante"

Apesar da sua tranquilidade, o ex-avançado recorda os oito dias angustiantes entre a última jornada do campeonato inglês e a final em Paris com o Real Madrid.

"Tudo o que envolve este jogo é incrível, mas é extremamente frustrante. Num ano chegamos a ir a Israel para alguns dias de férias, porque é a semana mais longa da tua vida", recordou.

Nas últimas décadas, a Liga dos Campeões sofreu profundas transformações tornando-se numa competição totalmente diferente em que um bilhete para a final de Kiev pode ser vendido por 11.000 euros. Os adeptos dos clubes têm à disposição cerca de 33 mil dos lugares num estádio com a capacidade total de 63 mil lugares, uma realidade nem distinta de 1981.

Em 1981, as entradas na final da Taça dos Clubes Campeões Europeus valiam 90 francos (cerca de 16 dólares) e "lembro-me de adeptos que me encontravam na rua, que me perguntavam se eu não tinha algum bilhete de sobra... Durou alguns dias", afirmou McDermott.

Antes do jogo, os futebolistas do Liverpool tinham chegado a França num avião de uma companhia aérea que trazia sorte à equipa. Os jogadores estavam acompanhados dos seus familiares, amigos e jornalistas na parte de trás do avião, enquanto o técnico Bob Paisley ia na primeira fila.

"Não falava muito, simplesmente disse-nos: 'Entrem em campo e divirtam-se'. E foi o que fizemos. Três vezes", sorriu McDermott enquanto recorda esses tempos.

"O que teria dito Bob Paisley sobre Cristiano Ronaldo? Acho que não se teria preocupado muito com ele, falaria apenas dos seus defeitos, algo do género: 'nunca vai em direção ao meio, não usa o pé esquerdo', coisas deste tipo. Mas sobretudo, fez-nos acreditar que podíamos conquistar o título".

"É com eles"

McDermott gosta do estilo do atual técnico, Jürgen Klopp: "São dois grandes treinadores, mas este homem tem algo diferente. É inspirador e a maneira como vive o jogo junto ao relvado... Paisley estava sentado na bancada ao lado do presidente".

Após a conquista do título no Parque dos Príncipes, "bebemos muita cerveja e alguns foram ao Moulin Rouge e não voltaram antes das seis ou sete horas da manhã".

O avião levou-nos de volta a Liverpool, onde uma multidão de adeptos esperava para ver os campeões: "nunca vi nada igual na minha vida e não voltarei a ver", disse McDermott.

37 anos depois do título, McDermott espera que os 'Reds' possam voltar a levantar o troféu: "Nem imagino uma vitória do Real Madrid. Estou certo que se o Liverpool jogar bem vai ganhar. Para mim, eles têm a vitória ao seu alcance, agora é com eles".

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