Mais de 10 mil “devotos católicos” do Celtic Glasgow rumaram hoje ao Estádio Nacional para celebrar o título europeu conquistado há 45 anos pelos “Leões de Lisboa”, antes da visita ao Benfica, para a Liga dos Campeões de futebol.
O cinzento e algo degradado recinto do Jamor foi tomado pelo verde e branco, os cânticos escoceses e a cerveja, sob todas as formas: mini-barris, caixotes de mínis e de médias, latas...
Apesar de só perto de 4500 fãs terem tido acesso a bilhetes para a partida do Grupo G da “Champions”, pelas 19h45, no Estádio da Luz, muitos mais viajaram para Portugal para terem a honra de segurar o histórico troféu e pisar aquela mítica relva, independentemente da idade ou do género.
«É fantástico. Toda a minha vida quis vir aqui para ver onde ganhámos a taça europeia. Estamos todos contentes. É a minha primeira vez em Portugal, mas voltarei. As pessoas são lindas, muito calorosas e simpáticas. É tão bom que o pessoal do hotel diz que nem temos de pagar», brincou Peter Fyfe, um polícia de Glasgow, com 46 anos, hoje “fardado” com a típica saia das montanhas da Escócia.
O “kilt” com os “hoops” (aros, como chamam às listas horizontais verdes e brancas das camisolas) e um cachecol na cabeça não impediram o agente de disputar mais uma cerveja do saco partilhado com os seus cinco amigos - já nada “beatos”, em termos de grau de alcoolemia, pelas 13h00.
«Fantástico. Já cá estive várias vezes, mas estar aqui com estes adeptos maravilhosos é uma bela sensação”, descreveu um dos heróis do Celtic, o extremo esquerdo que disputou a final de 1967, Bobby Lennox. Por entre numerosos pedidos de autógrafos e fotografias, salientou o momento do “apito final, porque significou mesmo a vitória» sobre o Inter Milão (2-1).
Crianças, adolescentes, homens, mas também mulheres, todos a exibir com orgulho as cores da primeira equipa britânica a ganhar a maior competição europeia de futebol, comemoraram, recolheram “provas” para memória futura e até participaram em animadas “peladinhas” e “pontapés de canto”, à espera que a fila para tocar na taça ficasse menos concorrida.
«É uma oportunidade absolutamente fabulosa de estar realmente aqui e até pegar na taça da Europa», disse Jackie Johnston, de 53 anos, ladeada pela sua colega no consultório de dentistas, Allison Macaulay, de 52.
Encantadas com a «grande atmosfera» e «esperando uma grande festa logo à noite», as especialistas em saúde oral sublinharam a final da Liga Europa, em Sevilha, apesar da «deceção de perder o jogo», diante do FC Porto (3-2, após prolongamento), em 2003, como um dos grandes momentos já vividos.
«Estive no Algarve, quando tinha cinco anos, mas aqui [Lisboa] é a primeira vez. Muito bom, muito simpático. A cerveja é a um euro em Faro. Aqui é bem melhor», ironizou Tony “o Papa”, envergando traje completo de Chefe de Estado do Vaticano.
O jovem canalizador escocês veio mesmo com uma missão, em jeito de promessa por cumprir.
«É o local onde ganhámos a taça. Estamos aqui em festa. O meu avô esteve cá e eu vim para levar-lhe um pouco de relva», explicou, antes dos eufóricos cânticos, afinados pelos litros de cerveja consumidos, com mais um animado grupo de amigos:
«Só há um Jorge Cadete, ele coloca a bola nas redes, é português, marca bem, vamos passear no País das Maravilhas do Jorge.»
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