Rúben Amorim falou aos jornalistas para fazer a antevisão do encontro da Liga dos Campeões com o Lille, esta terça-feira, em Alvalade.

Numa extensa conferência de imprensa, o técnico dos leões falou sobre o que espera de Gyokeres, dos objetivos na prova milionária, do momento do Sporting e da gestão física tendo em conta o calendário apertado.

Amorim recusou ainda a ideia de ter ficado no Sporting por causa da Champions e afastou ansiedade dos jogadores, muito menos de Quenda, para a estreia na prova milionária.

Eduardo Quaresma é baixa confirmada para este e para os próximos jogos do emblema verde e branco.

O Lille

"São uma equipa muito forte, muito dotada taticamente, tem um grande avançado, três centrais muito rápidos. Será um jogo de espelhos porque eles jogam daquela maneira de jogo partido e nós não. Temos de tentar guardar a bola para nós e tentar empurrar o adversário, sabendo que será mais difícil de fazer do que na nossa liga."

A Liga dos Campeões e o seu peso esta época com o novo formato

"É muito importante jogar a Liga dos Campeões, por tudo, pelo crescimento da equipa, pela valorização dos jogadores, pelo encaixe financeiro que nos permite não ter de vender mais do que devíamos. Temos provado isso ao longo deste tempo. Não sei se este formato será mais difícil ou mais fácil. Nunca jogámos. É mais apelativo, e temos de transformar as competições, para não andar naqueles jogos finais em que já está tudo decidido. Permite mais jogos, o que é bom para os clubes, mais emoção. Estamos todos entusiasmados."

Objetivos na prova

"Queremos passar à fase seguinte. Acima de tudo, queremos ganhar jogos, marcar golos e jogar de forma diferente. Olhando para os jogos da Liga dos Campeões, mesmo no ano em que passávamos aos oitavos de final, quando ninguém esperava. Temos de jogar de forma diferente, e isso também é um objetivo. Queremos ter mais protagonismo nos jogos do que há três anos".

A pouca experiência na prova de alguns jogadores. Existe ansiedade?

"Temos de olhar caso a caso. O Viktor [Gyokeres], por exemplo, é o primeiro jogo que vai fazer na Liga dos Campeões e ninguém dirá que não está preparado para este tipo de jogos. No ano passado, já jogámos competições europeias. É totalmente diferente, mas criámos uma habituação. Acho que o Morten [Hjulmand] nunca jogou a Liga dos Campeões, mas ninguém pensa que não está preparado, porque veio de uma Serie A. É subjetivo. Temos de perceber de que estreia estamos a falar. Na primeira vez em que fomos à Liga dos Campeões, aí sim, éramos muito inexperientes. Sinto a equipa ansiosa, mas mais preparada do que naquela altura, talvez porque eu também me sinto um bocadinho mais preparado para a ajudar nesta competição. Prevejo um jogo difícil, há sempre ansiedade. Jogamos em casa e as expetativas dos nossos adeptos estão muito altas, por isso, temos de saber viver com isso. Estamos mais preparados do que há três anos."

Eduardo Quaresma é baixa e vai ficar parado "algum tempo"

"Infelizmente, no treino a seguir ao jogo, fez uma entorse chata. Vai estar algum tempo fora. Está fora deste jogo."

A montra Liga dos Campeões. É diferente para os jogadores e treinadores?

"Para os os jogadores, sim. Os treinadores, também, mas não procuro isso. Tenho aprendido muito com isso. Vivo o momento, não penso em mais nada. Vou pelo que sinto, porque tem muito a ver com a minha natureza. Quero ganhar, porque sou muito competitivo, os jogadores também, mas tenho plena noção de que é uma competição diferente para os nossos jogadores, que fizeram um excelente campeonato, no ano passado, que são muito valorizados, mas, pela qualidade que têm, sentem que é uma montra para dar um passo seguinte. Não há como censurá-los. Não quer dizer que queiram sair ou estejam mal aqui, mas sabem que terão uma atenção diferente, e estão ansiosos de demonstrar o que fizeram."

O calendário preenchido

"Não vai ser possível fazer o que fizemos no ano passado, que foi uma gestão mais a pensar no campeonato. Fomos eliminados, quando fizemos um excelente jogo, na segunda mão, contra o vencedor da Liga Europa, mas fizemos uma gestão diferente. Temos mais opções para fazer essa gestão, mas apostando em todas as competições. Depois, é preciso um bocadinho de sorte. Não quisemos usar o Quaresma, que vinha de um bom momento, porque veio da seleção e não treinou com a equipa. Foi poupado, e fazemos esta rotação porque acreditamos em todos os jogadores, mas, no treino a seguir, lesionou-se. É preciso ter sorte com as lesões. O nosso objetivo é sermos bicampeões, o nosso objetivo é ir longe na Liga dos Campeões, o nosso objetivo é vencer a Taça de Portugal e a Taça da Liga. Para isso, vamos ter de rodar os jogadores todos e ter sorte nas lesões e nos castigos."

Gestão em Arouca a pensar na Liga dos Campeões?

"A gestão é sempre feita, não a pensar no que vem à frente, mas no que aconteceu atrás. Os jogadores foram poupados em Arouca porque tivemos três dias sem competição. Jogando ao quarto dia, dá para recuperar, mas houve jogadores que não treinaram connosco, jogaram, tiveram viagens... Como o Morita. A gestão foi feita a pensar no que fizeram na seleção e no rendimento que teriam em Arouca, não a pensar em recuperá-los para jogar a Liga dos Campeões. Isso não vai acontecer. Mais importante do que ir longe na Liga dos Campeões, e nós queremos ir o máximo, é a Liga dos Campeões do próximo ano, que é isso que ajuda um clube a longo prazo. Queremos muito ser bicampeões, mas não podemos arriscar tanto na gestão".

É possível ter mais ambição na Liga dos Campeões?

"Vencer a Liga dos Campeões é viajar muito longe. O que queremos mostrar é que jogamos de forma diferente, vamos defrontar equipas no mínimo iguais a nós. Queremos mostrar que crescemos enquanto clube. Sinto que a equipa está preparada para ser mais competitiva e jogar de uma forma diferente. O nível da nossa equipa mudou, temos mais internacionais. Um jogador para crescer também tem de ter uma pressão diferente. Não faço ideia se vamos ganhar ou perder jogos, sei é que estamos mais preparados para jogar na Champions".

"Influência da Liga dos Campeões na continuidade de Amorim?

"Não teve nada a ver com a Liga dos Campeões. Teve muito a ver com o bicampeonato e outras razões. Estando aqui, temos sempre o sonho. O Sporting só foi aos oitavos de final e não sabemos o que pode acontecer, mas não me quero alongar. Queremos é ganhar o primeiro jogo, jogar bem e logo faremos as contas. É um objetivo aliciante."

Quena renovou. Ansioso por se estrear na Liga dos Campeões?

"O Quenda ansioso não está. Hoje adormeceu, chegou atrasado, e ele mora na Academia, por isso foi ao túnel duas vezes. Se há jogador que não sinto ansioso é o Quenda. Quando ouvir a música, vai sentir."

O futuro de Gyokeres

"O que quero é que o Viktor não se sinta pressionado com todas as perguntas, como se o futuro dele dependesse da Liga dos Campeões. Quanto a mim, o futuro dele depende mais de melhorar algumas ações defensivas, a abordagem no jogo técnico, saber melhor os tempos de jogo... Os treinadores de topo de certeza que olham para esses momentos, e o Viktor pode melhorar. Agora, a capacidade de fazer golos, da pujança física, de poder jogar em qualquer campeonato do mundo. É muito claro para toda a gente. É uma montra diferente, o que não quero é que o Viktor se sinta pressionado a ter de fazer três golos por jogo para provar alguma coisa a alguém."

Tiago Santos, agora no Lille, formou-se no Sporting

"Fico feliz pelo Tiago, o Filipe Pedro avisou-nos que estava ali um jogador, treinou connosco na equipa principal algumas vezes e não vi o que outros viram. Os jogadores da formação têm de perceber que os treinadores olham para eles de determinada forma, mas que a seguir podem estar na Premier League."