O milionário russo Roman Abramovich chegou ao Chelsea em 2003/2004 com o objetivo de levar ao clube ao título europeu de futebol, mas, nove anos e muitos milhões depois, o sonho continua por concretizar.
O dinheiro ajuda, mas não controla tudo, muito menos os imponderáveis do futebol, como golos em que a bola não entra ou uma escorregadela de um jogador quando vai marcar a grande penalidade mais importante da história do clube.
O Chelsea esteve, de facto, perto, muito perto, faltou-lhe “um bocadinho assim”, um pormenor, um pouco de sorte numas situações ou apenas não ter tido azar em outras.
Desde que Abramovich chegou, os londrinos nunca falharam o apuramento para a Liga dos Campeões e ultrapassaram, pela nona época consecutiva, a fase de grupos, estando em vésperas de defrontar o Benfica, nos “quartos”.
Antes, os “blues” chegaram uma vez à final (2007/2008), quatro às “meias” (2003/04, 2004/05, 2006/07 e 2008/09), uma aos “quartos” (2010/11) e ficaram-se em duas ocasiões pelos “oitavos” (2005/2006 e 2009/2010).
Atravessada na garganta do russo está, certamente, a final de 2008, disputada precisamente em Moscovo, onde o Chelsea, então de Avram Grant, esteve a uma mísera grande penalidade de se sagrar campeão europeu pela primeira vez na história.
O Manchester United marcou primeiro, aos 26 minutos, num cabeceamento de Cristiano Ronaldo, mas, aos 45, Frank Lampard restabeleceu a igualdade, que se manteve até ao final do prolongamento.
Nas grandes penalidades, o português foi o único dos nove primeiros a falhar, pelo que, ao 10.º, e com 4-4, o “capitão” John Terry teve a possibilidade de dar o cetro ao clube de sempre: mas, “tragicamente”, escorregou e... atirou ao lado.
O United aproveitou para empatar e colocou-se depois a vencer por 6-5: ao 14.º pontapé da noite, o francês Nicolas Anelka permitiu a defesa ao holandês Edwin van der Sar e foram os “red devils” a somar o terceiro título.
Antes e depois, o Chelsea nunca tinha estado tão perto, sendo que, com José Mourinho, caiu duas vezes nas “meias”, sempre face ao Liverpool, a primeira (2004/2005) por culpa de um golo “fantasma” do espanhol Luis Garcia e a segunda em mais uma frustrante “lotaria” (2006/2007).
Os londrinos estiveram mais duas vezes na antecâmara da final, primeiro com Claudio Ranieri (2003/2004) e depois com Carlo Ancelotti (2008/2009): foram “carrascos” o AS Mónaco e o FC Barcelona, na última ocasião com polémica e nova falta de fortuna: Iniesta gelou Stamford Bridge aos 90+3.
O FC Barcelona (“oitavos” de 2005/2006), o Inter de Milão (“oitavos” de 2009/2010) e o Manchester United (“quartos” de 2010/2011) foram as outras equipas que impediram que os milhões de Abramovich se traduzissem em títulos europeus.
Foram muitos os milhões gastos, com destaque para as duas primeiras épocas: mais de 320 ME em jogadores, como Drogba (37 ME), Ricardo Carvalho (30), Duff (26,5), Crespo (26), Veron (22,5), Paulo Ferreira (20), Makelele (20), Mutu (19), Robben (18), Scott Parker (14) e Petr Cech (13).
Nas temporadas seguintes, o russo abrandou, mas continuou a dar “prendas” aos seus treinadores, contratando, entre outros, Essien (38 ME), Shaun Wright-Phillips (31,5), Shevchenko (46), Obi Mikel (23,6) ou Bosingwa (20,5).
Mas, ainda não era suficiente e, mesmo no meio da crise, Abramovich, o nono mais rico da Rússia e 68.º do Mundo (com 12,1 biliões de euros, segundo a lista da Forbes de 2012), voltou a investir forte desde a época passada.
Fernando Torres, que custou 58,5 ME, foi o mais caro, sendo que o russo também “pescou” na Luz (David Luiz por 30 e Ramires por 22) e deu ainda 26,7 por Mata, 22 por Lukaku ou 13,5 por Raul Meireles.
Os treinadores também têm saído muitos dispendiosos a Abramovich, com gastos de 77 ME nos últimos quatro anos, 34 para dispensar Carlo Ancelotti e contratar André Villas-Boas e 13,9 para indemnizar o ex-selecionador luso Scolari.
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