O ano de 1963 marca a primeira desilusão europeia do Benfica. Em Wembley, uma das ‘catedrais’ do futebol europeu, os bicampeões europeus já não tiveram uma equipa espanhola pela frente, mas sim os italianos do AC Milan. Finalista vencido em 1957/58 (derrota para o Real Madrid), o conjunto milanês onde brilhavam Cesare Maldini, Trapattoni, Rivera e Altafini alcançaria finalmente o topo.
Sem Bela Guttmann no banco encarnado, cedendo o lugar ao chileno Fernando Riera, o Benfica não pôde contar com José Águas – que se despediu dos encarnados em 1963 - e o lesionado Germano. Porém, o golpe mais duro foi sofrido já no relvado, com a lesão de Coluna, após uma entrada muito dura (e nunca perdoada) de Giovanni Trapattoni.
Antes de chegar à final, os encarnados superaram obstáculos bem mais complicados que nos anos em que se sagraram campeões europeus. IFK Norrkoping, Dukla de Praga e Feyenoord não conseguiram travar a máquina do Benfica, sob a batuta de Eusébio e Coluna. Já o AC Milan ‘livrou-se’ do US Luxembourg, Ipswich Town, Galatasaray e Dundee FC.
No jogo decisivo, o Benfica começou a escrever a história desta final ao contrário das vitórias de 1961 e 1962. Desta feita, o Benfica entrou a ganhar na partida. Um golo de Eusébio, aos 18 minutos, abriu a esperança para uma terceira conquista. Puro engano. Começar a ganhar nem sempre é sinónimo de terminar com a vitória e o AC Milan provou isso de forma dura ao Benfica.
Os milaneses assinaram o empate aos 58 minutos, com Altafini a concluir da melhor maneira a assistência do criativo Rivera. Logo de seguida, Trapattoni “arrumou” Coluna do jogo, obrigando o médio do Benfica a um longo período de assistência médica ao tornozelo e, posteriormente, à simples figura de “corpo presente”, num tempo em que ainda não havia substituições no futebol.
Com o AC Milan em crescendo e o Benfica cada vez mais fragilizado chegou o golo da vitória ‘rossonera’. Aos 66’, Altafini, o brasileiro que adotou a nacionalidade italiana, apontou o seu segundo golo no jogo e desequilibrou de forma notável a final de Wembley. Foi o 14º golo do avançado naquela edição da Taça dos Campeões Europeus, superando então o recorde de 12 golos que pertencia ao húngaro Puskas, do Real Madrid.
Foi no dia 22 de maio de 1963, há quase 51 anos, que o Benfica provou pela primeira vez o amargo da derrota europeia. Um sabor que viria a acompanhar as restantes finais…
Em Turim, Jesus e os seus pupilos tem uma soberana oportunidade para acabar com a maldição de Bela Guttmann.
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