A PSP do Porto mobilizou as unidades policiais "que considerou adequadas" para acompanharem as claques de futebol que passaram pela cidade, indicou hoje o Ministério da Administração Interna (MAI), condenando todos os incidentes "verificados em contextos de eventos desportivos".
O MAI revelou ainda, em comunicado, que tem vindo acompanhar, em "articulação com o sr. presidente da Câmara do Porto", o tema da segurança naquele município, para o qual serão "em breve" tomadas decisões relativas ao reordenamento do dispositivo.
O esclarecimento da tutela surge depois de a Câmara do Porto ter pedido hoje um reforço dos meios da PSP, na sequência de desacatos provocados naquela cidade por adeptos de futebol.
A PSP do Porto deteve um adepto de futebol inglês e identificou 16 outros belgas por “participação em rixa e danos” em vários locais do Porto, na quarta-feira, dos quais resultaram vários feridos, anunciou hoje aquela força policial.
Numa nota à comunicação social, o MAI esclareceu que "o tema da segurança no município do Porto tem vindo a ser acompanhado pelo Ministério da Administração Interna, em articulação com o presidente da Câmara Municipal do Porto", sublinhando que o reforço do investimento nas forças de segurança "é uma prioridade" em todo o país.
Segundo a tutela, no âmbito da Lei de Programação de Infraestruturas e Equipamentos das Forças e Serviços de Segurança 2017/2021, estão previstos cerca de 20 milhões de euros de investimento para a construção e requalificação de infraestruturas da PSP na Área Metropolitana do Porto (AMP).
No concelho do Porto, em particular, relembra o ministério, estão previstas novas instalações para a PSP, que serão transferidas da Bela Vista para o Viso. Além das valências da Unidade Especial de Polícia, o projeto também contempla a transferência dos Núcleos de Logística e de Formação da PSP, bem como a instalação de toda a Divisão de Trânsito (atualmente dispersa por dois edifícios).
"O projeto abrange ainda a construção de uma Esquadra genérica (com salas de detenção e espaços de apoio a vítimas de violência doméstica), que vai substituir a existente na zona do Viso e em instalações já degradadas. Outra componente importante será a edificação de um Centro de Operações com as respetivas capacidades de Comando e Controlo", acrescenta.
Como havia já revelado à Lusa, no total, este projeto envolve a colocação de 420 polícias nas futuras instalações da PSP no Viso, o que, sublinha a tutela, "traduzirá uma maior rentabilização operacional dos efetivos, por deixarem de estar dispersos por diferentes espaços como agora sucede".
Está igualmente em curso um "forte investimento em viaturas", tendo sido já entregues na Área Metropolitana do Porto 52 novos veículos.
No que se refere ao efetivo, o MAI, recorda que "está atualmente a decorrer a formação de 600 novos agentes para a PSP, o que representa um aumento de 50% relativamente ao curso do ano passado, no qual foram formados 400 novos agentes"
"O Ministério da Administração Interna tem também em preparação, em diálogo com os sindicatos e as associações profissionais, um Programa Plurianual de Admissões, de forma a garantir o rejuvenescimento das Forças e Serviços de Segurança e a manutenção de elevados graus de prontidão e eficácia operacional dos seus efetivos", lê-se no comunicado.
O MAI condena ainda "todos os incidentes verificados em contextos de eventos desportivos, ou em quaisquer outros, que impliquem perturbação da ordem pública", mas realça que, para o acompanhamento das claques no âmbito dos jogos da Liga Europa, que se realizam em Braga e Guimarães, o Comando Metropolitano do Porto mobilizou o efetivo e as unidades policiais "que considerou adequadas".
Em comunicado hoje divulgado, a Câmara do Porto refere que Rui Moreira escreveu hoje uma carta de protesto ao MAI, pedindo "uma clara e veemente reivindicação de mais meios, melhor enquadramento legal e que o Governo abandone o negacionismo em que caiu sobre" segurança pública.
A carta surgiu na sequência de confrontos ocorridos na quarta-feira, no Porto, entre adeptos ingleses e belgas, e divulgados em redes sociais, situação que levou também Rui Moreira a transmitir ao Comando Metropolitano do Porto da PSP "preocupação" pelo sucedido.
“Face à incapacidade ou falta de vontade política do Ministério da Administração Interna para encarar de frente o problema e assumir que terá de aumentar o investimento nesta área fundamental de um Estado de Direito, que significa a segurança pública, o presidente da Câmara do Porto escreveu hoje uma carta ao ministro da Administração Interna, a quem, desta forma, e mais uma vez, apresenta uma clara e veemente reivindicação de mais meios, melhor enquadramento legal e que o Governo abandone o negacionismo em que caiu sobre esta matéria", indicou a autarquia em comunicado.
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