Esta quinta-feira, o Benfica recebe o Dínamo de Zagreb, às 20h00, no Estádio da Luz, em jogo da segunda mão dos oitavos de final da Liga Europa. Depois de uma derrota por 1-0 na Croácia, os encarnados precisam de dar a volta à eliminatória para continuar na Europa.
O SAPO Desporto falou com Ricardo Rocha - antigo central do Benfica, que na temporada 2004/2005 fazia parte da equipa que venceu o Dinamo de Zagreb no Estádio da Luz para a fase de grupos da Taça UEFA -, que acredita na qualificação das 'águias'.
"Sei que ganhámos esse jogo e isso foi o mais importante. Já passaram muitos anos, mas por acaso vi hoje um vídeo do golo do Sokota que foi um dos golos desse jogo, mas acima de tudo foi uma vitória e esse tipo de vitórias são muito importantes para o Benfica", realça, recordando o encontro de há 14 anos.
Quanto à passagem aos quartos de final, Ricardo Rocha não hesita. "Sim, claro que acredito. O Benfica trouxe um resultado negativo de Zagreb, mas agora vai jogar em casa perante o seu público e penso que a Liga Europa continuará a ser um dos objetivos da equipa, que obviamente fará de tudo para passar a eliminatória jogando bem e sabendo que tem essa desvantagem de um golo", começa por dizer o antigo jogador dos encarnados.
No entanto, o jogo do Benfica na Croácia trouxe uma má notícia, além do resultado: a ausência de Haris Seferovic, o melhor marcador do campeonato nacional e uma peça fundamental da equipa de Bruno Lage no que à profundidade diz respeito.
Questionado sobre eventuais dificuldades do Benfica sem o 'canivete suíço', Ricardo Rocha desvaloriza a situação. "Penso que o Bruno Lage tem alternativas para colmatar a ausência do Seferovic. Ele realmente é um jogador que dá muita profundidade ao Benfica, é muito forte fisicamente e estava num excelente momento, mas o plantel é composto por 23 ou 24 jogadores e numa equipa como o Benfica têm todos um grande nível. Tem havido alguma rotatividade na equipa do Benfica nas provas em que tem estado presente, isso diz muito da qualidade do plantel e também da vontade de todos eles de evoluir para que a equipa vença todos os jogos e atinja os seus objetivos no final da época", refere o antigo central.
Quanto a possíveis substitutos para Haris Seferovic, Ricardo Rocha prefere não fazer previsões. "O Bruno Lage saberá melhor do que eu porque trabalha com eles diariamente, mas obviamente Jonas é a grande figura, por aquilo que é como jogador e pela importância que tem dado à equipa do Benfica nos últimos anos em termos de golos. A grande experiência dele também é uma mais valia, mas há outros jogadores como por exemplo Rafa, apesar de atuar de maneira diferente. Mas acho que Bruno Lage tem preparado a equipa para essa situação e saberá melhor que ninguém os jogadores que lhe dão as garantias nas dinâmicas que a equipa terá amanhã", explica.
Com uma equipa croata pela frente, Krovinovic poderia ser visto como uma mais valia pela comunicação, mas Ricardo, que na altura teve Sokota como colega de equipa, desvaloriza esse aspeto.
"O treinador do Dinamo de Zagreb disse que o Benfica não conhecia muito bem o adversário e o Bruno Lage respondeu hoje na conferência de imprensa que a equipa conhece todos os adversários ao detalhe. Por isso, não acredito que nesse aspeto Krovinovic seja importante. O que ele pode trazer à equipa sempre que for chamado é a sua qualidade. Ele vem de uma lesão grave, mas aos poucos tem sido chamado e isso, sim, acho que é o mais importante, porque ele tem qualidade que pode trazer à equipa em determinado momento e até em determinados jogos", explica.
Antevisão feita, Ricardo Rocha foi então confrontado com as novas 'pérolas' do Seixal, principalmente aquelas que ocupam a sua antiga posição.
"O Ferro tem estado em grande nível, tanto ele como o Rúben Dias têm feito uma excelente parceria. Eles já se conhecem há muitos anos, jogam juntos há muito tempo e isso é importante porque já têm um conhecimento muito grande da forma de jogar um do outro e isso acresce confiança. Ter algum conhecimento do companheiro que joga ao lado dá tranquilidade, facilidade e à vontade para se jogar a um grande nível e é isso que o Ferro e o Rúben têm feito sempre que jogam juntos", elogia o antigo central.
Com Rúben Dias como tema, foi também abordado o erro do jovem central que no jogo frente ao Belenenses SAD deu um golo aos 'azuis' e que lhe valeu imensas criticas.
"São erros que acontecem, são normais, mas ele agora tem de esquecer e certamente já esqueceu. Claro que nunca é uma situação fácil, mas são coisas que acontecem. Ele agora tem de se focar no próximo jogo e nesta eliminatória que é importante e à qual o Benfica quer dar a volta", aconselha Ricardo Rocha.
Ao falar de 'pérolas' seria incontornável tocar no nome de João Félix, uma das atuais figuras do Benfica e uma promessa no futebol português, segundo o antigo defesa.
"O João Félix tem muita qualidade e tem provado isso mesmo, mas acho que já existe muita pressão à volta dele e daquilo que ele vale e daquilo que ele joga. Acho que as pessoas têm de deixá-lo fazer aquilo que ele sabe, que é jogar e divertir-se. Ele ainda é muito novo, ainda tem muito para trazer ao Benfica e ao futebol português. Penso que será uma das muitas opções que Fernando Santos terá na sua cabeça para a seleção e não há ninguém que possa decidir melhor que ele com toda a sua experiência no mundo do futebol", afirma.
Mas pode essa mesma pressão prejudicar João Félix? Ricardo Rocha duvida. "Acho que não. O João Félix é fantástico nesse aspeto. Ele lida muito bem com a pressão e acho que sinceramente nem sente essa mesma pressão e isso é um dos atributos dos grandes jogadores. Tanto vale jogar contra uma grande equipa como contra uma pequena equipa que o rendimento é sempre o mesmo e isso é um dos aspetos que o torna um grande jogador. É muito novo, ainda tem um caminho muito longo, mas um caminho que pode ser brilhante no mundo do futebol, ou melhor, que vai ser brilhante", garante.
Recorde-se que Ricardo Rocha representou o Benfica entre as temporadas 2002/2003 e 2006/2007, onde somou 162 jogos e três golos marcados. Depois disso, o central português vestiu a camisola do Tottenham, do Standard Liège e do Portsmouth.
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