Com apenas 18 anos, Kylian Mbappé pode muito bem vir a ser o futebolista mais caro da história. A ‘Marca’ avançou, esta terça-feira, a existência de um princípio de acordo entre o Real Madrid e o Mónaco com vista à transferência do jovem avançado por 180 milhões de euros para o Santiago Bernabéu. Repetimos: com apenas 18 anos.
A concretizar-se, o valor da venda do internacional francês, jogador sensação da Ligue na temporada transata, ultrapassaria os 105 milhões de euros que o Manchester United pagou por Paul Pogba no verão de 2016. Seria também quase o dobro da verba que o Real pagou, em 2009, por um dos seus ídolos, Cristiano Ronaldo: 94 milhões de euros.
O Mónaco, entretanto, desmentiu a notícia do diário espanhol, mas a verdade é que a forte cobiça de Mbappé – é seguramente um dos jogadores mais apetecíveis deste verão – pode levar os grandes clubes europeus a perderem a cabeça. Tudo isto quando falta pouco mais de um mês para o mercado encerrar...
A paixão pelo Real Madrid e o ídolo Ronaldo
Percebe-se a euforia em torno do jovem. Apesar da tenra idade, Mbappé já bateu vários recordes de precocidade, ultrapassando, por exemplo, Thierry Henry como o jogador mais jovem de sempre a marcar pelos monegascos, com 17 anos e 62 dias. 44 jogos e 26 golos na temporada transata valeram-lhe o prémio de melhor jovem da Ligue 1. O Golden Boy, por sua vez, ainda não está atribuído mas poucas dúvidas existem sobre quem arrecadará o troféu.
Os elogios dividem-se entre os companheiros de profissão (desde Benzema a Buffon) e treinadores de renome (de Arsène Wenger a Antonio Conte). Leonardo Jardim, técnico que o lançou na equipa principal do Mónaco, não tem dúvidas: “Chegará ao topo mundial”.
O destino do jovem, contudo, poderia nem sequer ter passado pelo Principado. Em dezembro de 2002, com 14 anos acabados de completar, recebeu um convite para visitar as instalações do Real Madrid em Valdebebas – o mesmo Real Madrid que agora pretende, alegadamente, desembolsar 180 milhões pelo atleta – e realizar provas a fim de integrar as camadas jovens do clube.
Aí conheceu Zinédine Zidane e Cristiano Ronaldo, duas das suas maiores referências futebolísticas. A fotografia que tirou com o internacional português tornou-se viral durante a última época, altura em que os rumores de uma possível mudança para o futebol espanhol começavam a ganhar força. Preferiu continuar em França, mais próximo da família, e esperar mais alguns anos para ‘dar o salto’. Mas nunca escondeu a paixão pelos ‘merengues’.
"É madridista e Ronaldo é o ídolo dele há já muitos anos. Passava horas a ver vídeos dele na internet”, contava o pai Wilfried Mbappé, à revista France Football. Nessa mesma revista fora publicada uma imagem do avançado no seu quarto, rodeado de posters do capitão da Seleção portuguesa, no Real Madrid.
Depois da ‘nega’ ao clube do coração, acabou por rumar ao Mónaco em 2013, onde completou o que lhe restava da formação iniciada no Bondy, um pequeno clube de Seine-Saint-Denis, a norte de Paris, treinado precisamente pelo pai do jovem. “Ele chega a incomodar-me com tamanha dedicação ao futebol. Vê tudo. É capaz de ver quatro ou cinco jogos de forma consecutiva”, disse ainda Wilfried Mbappé, camaronês, também ele um antigo futebolista. A mãe, Fayza, jogou andebol profissionalmente, pelo que o desporto reinava no clã Mbappé.
Época de sonho às ordens de Leonardo Jardim
Nesta altura, Mbappé já dava provas do seu talento, mas foi a chegada de Leonardo Jardim ao Mónaco que acabou por precipitar a estreia do avançado pela equipa principal em dezembro de 2015, diante do Caen – entrou para o lugar de Fábio Coentrão. Tinha 16 anos e 11 meses. Assim, do nada, bateu outro recorde de Thierry Henry, que se estreou pelos monegascos com 17 anos e 14 dias.
As comparações com a glória francesa não mais pararam, até pelo seu estilo de jogo: flexibilidade no ataque, seja na posição frontal ou mais descaído para as alas, facilidade de desmarcação, qualidade de finta, velocidade na circulação com a bola, frieza na finalização. “É um jogador muito rápido, evoluído, muito forte a atacar as costas dos adversários”, afirma Jardim.
O próprio Henry também não lhe poupou elogios: “É um bom rapaz com uma boa cabeça sobre os seus ombros. É muito respeitador e bastante quieto. Mas deêm-lhe a bola e ele a conversar já não é tão simpático. É determinado e nunca desiste. Pode fazer tudo que quiser com a bola”.
Em julho de 2016, revelou-se preponderante na conquista do Europeu de sub-19 na Alemanha, onde foi o segundo melhor marcador da prova, com cinco golos, menos um do que o seu compatriota Jean-Kévin Augustin, que agora joga no rival Paris Saint-Germain. A excelente campanha na prova valeu-lhe a assinatura do seu primeiro contrato profissional, válido até junho de 2019, e uma proposta choruda vinda do Manchester City (45 milhões de euros), prontamente rejeitada pelos monegascos.
A última temporada, aquela que consagrou o Mónaco como campeão francês, foi a cereja no topo do bolo. Na Ligue 1, somou 15 golos e 11 assistências. Na Champions, ninguém diria que aquele jovem que irrompia pelo relvado como gente grande pudesse ter apenas 18 anos: ficou em branco na fase de grupos mas apontou seis golos nas fases a eliminar, incluindo um ‘bis’ em Dortmund que deixou os franceses com um pé nas meias-finais. Antes, nos ‘oitavos’, já havia batido o registo de Nicolas Anelka como o jogador mais jovem de sempre a marcar em duas mãos, com 18 anos e 85 dias. Só ficou atrás de Radamel Falcao na lista dos melhores marcadores da equipa, com um total 19 golos – o colombiano somou 24.
Europa rendida
Kylian Mbappé acaba por ser o exemplo perfeito da aposta do Mónaco na formação, e que já lhe valeu a chamada à seleção de Didier Deschamps. Com 18 anos – nunca é demais dizê-lo - tem praticamente toda a Europa aos seus pés. Isto porque o Real Madrid é apenas um dos concorrentes à contratação do atacante, que também chegou a ser associado a PSG, Arsenal, Manchester City, Manchester United e Liverpool.
Arsène Wenger, treinador dos ‘gunners’, é um dos maiores admiradores das qualidades do jovem. O técnico francês confessou que chegou mesmo a ir a casa de Mbappé para o convencer a assinar pelos londrinos, há duas temporadas. "Fui a casa dele para o convencer a vir para o Arsenal, pois ele estava no fim do seu contrato, mas o Mónaco conseguiu mantê-lo", revelou.
Neste defeso, nenhum clube havia chegado às pretensões do emblema do Principado pela venda do passe de Mbappé: a ‘Marca’ apontava à meta dos 190 milhões de euros, uma tentativa de afastar os emblemas que têm mantido conversações com o jovem. Agora, com os 180 ME alegadamente oferecidos pelo Real Madrid, a história poderá ser outra.
Comentários