Mário Esteve Coluna completa hoje o seu 77º aniversário. O antigo capitão do Benfica de Portugal e da seleção portuguesa nasceu a 6 de Agosto de 1935, na Ilha da Inhaca, na cidade de Maputo e tornou-se num dos melhores desportistas moçambicanos de todos tempos.

Por ocasião do seu aniversário, o “Monstro Sagrado”, como ficou conhecido, concedeu uma entrevista à Rádio Moçambique, onde falou da sua carreira bem como do atual cenário que se vive no desporto moçambicano.

Coluna elegeu a sua participação no Mundial de Futebol de 1966 como um dos momentos mais marcantes da sua carreira, tendo capitaneado a seleção portuguesa nesse Campeonato do Mundo. Dessa participação, o “Monstro Sagrado” destaca um momento especial. O «beijinho que dei à Rainha Isabel II, aquando da final do Campeonato do mundo de 1996», refere.

Aos 77 anos, Coluna tem uma mágoa que não consegue esquecer: «A nacionalização do meu prédio na Malhangalene pelo Governo Moçambicano. Comprei aquele prédio para garantir a minha reforma depois dos anos de futebol, tendo em conta que um futebolista só joga até aos 35 anos e isso deixou-me muito triste».

Ainda assim, Mário Coluna foi um dos poucos futebolistas moçambicanos imigrado em Portugal que regressou ao país de origem após o término da sua carreira. Em 1976 tornou-se no primeiro treinador campeão de Moçambique ao serviço do Textáfrica do Chimoio.

Desde então, o “Monstro Sagrado” tem desempenhado várias tarefas no desporto moçambicano, tendo sido selecionador nacional de futebol. Ocupou ainda o cargo mais alto ao nível do futebol, o de Presidente da Federação Moçambicana da modalidade. Por isso, assume-se como uma voz autorizada a falar do desporto nacional, tendo-se mostrado frustrado pelo atual cenário.

«Os dirigentes desportivos não são devidamente aproveitados. Tirei o curso de treinadores de futebol, sou dirigente ao mais alto nível da FIFA e CAF, mas ninguém tira proveito dos meus conhecimentos», lamentou Coluna para quem «os atuais dirigentes políticos e desportivos» são os principais responsáveis pelo cenário catastrófico do desporto em Moçambique.

«No meu tempo Portugal tinha sucesso com base em jogadores nascidos em Moçambique, falo de Colunas, Matateus, Eusébios e outros», disse Coluna para depois questionar: «Porque agora não acontece o mesmo? Tivemos a Lurdes Mutola mas já não se trabalha para se descobrir mais Mutolas».

Mário Coluna destacou-se no Desportivo Maputo onde era praticante de atletismo e futebol. As suas qualidades como desportista levaram-no a imigrar para Portugal onde assinou pelo Sport Lisboa e Benfica na época de 1954/55.

O “Monstro Sagrado” representou o SL Benfica durante 17 épocas (entre 1954/55 e 1960/70), conquistando 21 títulos - 10 Campeonatos, 6 Taças de Portugal, 2 Taças dos Clubes Campeões Europeus e 3 Taças de Honra de Lisboa. Jogou ainda em 5 finais da Taça dos Campeões Europeus com o clube encarnado de Lisboa.