A seleção portuguesa feminina de futebol vai estrear-se em 2023 nos Mundiais, depois de duas participações em Europeus, o primeiro em 2017, ‘culpa’ da então estreante centrocampista Andreia Norton, que ainda tem tudo bem presente.
“(Lembro-me) de tudo, fica na memória, foi o jogo. Tive a felicidade de marcar o golo que nos apurou para o Europeu, claro que com o trabalho de toda a equipa, mas recordo-me de tudo, da jogada, do golo, dos festejos, do dia... Foi algo incrível, acredito, na vida de todos os que estiveram lá e que já jogaram aqui na seleção e acredito também para todos que nos apoiam”, recordou a internacional portuguesa em entrevista à Lusa.
Na primeira de, até agora, 75 internacionalizações ‘AA’, em 25 de outubro de 2016, em Cluj, na Roménia, Andreia Norton deu a Portugal, com um golo no prolongamento (1-1), a sua primeira fase final e, desde aí, muito mudou.
“Acho que temos crescido e evoluído bastante. A aposta no futebol feminino tem dado frutos e, como todos podem ver, nós estamos cada vez melhores, e é esse o caminho. Acho que temos vindo a fazer coisas bastante boas e estamos no caminho certo para alcançar ainda”, frisou a futebolista do Benfica.
A subida de nível da seleção das ‘quinas’ também está interligada com a experiência adquirida por várias jogadoras no estrangeiro, como Andreia Norton, que chegou a passar pelo FC Barcelona, o atual campeão europeu de clubes.
“É importante para o crescimento, porque acabamos por sair da nossa zona de conforto, (...) por ir para um país novo, longe de tudo, de todos. E jogamos em campeonatos diferentes e aprendemos coisas diferentes. Isso é bom para nós também, sentirmos isso, e vamos ganhando outras coisas que se calhar não ganhamos em Portugal”, explicou à Lusa.
Andreia Norton, de 26 anos, reconhece, porém, que isso também se aplica no inverso, a uma jogadora que, “se calhar ganha aqui que o não ganha seu país”, até devido à “aposta” forte que está a ser feita na Liga feminina em Portugal.
O conjunto comandado por Francisco Neto cresceu e as jogadoras sentem-no no campo.
“Acho que, enquanto equipa, sentimos muito isso. Sentimos que é um Portugal muito mais ofensivo, um Portugal com muito mais bola, muito mais capacidade, um Portugal que todas as equipas já respeitam, e já dizem... calma”, frisou.
De acordo com Andreia Norton, a formação das ‘quinas’, que no caminho para o Mundial2023 afastou formações como a Sérvia, a Bélgica, a Islândia ou os Camarões, é agora uma equipa à qual os adversários reconhecem capacidade.
“No fundo, é um Portugal que todas as equipas respeitam, mesmo a melhor equipa do mundo, acredito que nos respeite. Conseguimos desequilibrar mais, atacar mais, e isso é fruto do trabalho, do que o futebol em Portugal está a crescer”, explicou à Lusa.
O desafio agora é o Mundial2023 e Andreia Norton desvaloriza a paragem pós campeonato, o facto de ser inverno na Nova Zelândia ou mesmo a previsível ausência de muitos adeptos lusos nas bancadas, devido à enorme distância.
“Preferia que fosse mais perto, porque é diferente ter uma presença ali, que sabemos que veio ao estádio para nos ver (...), que permitisse à família deslocar-se ao estádio e dar-nos um abraço no final, o que é importante, mas também sei que, de qualquer forma, eles estão lá. Acho que os portugueses também todos estarão connosco, apesar da diferença horária, e isso também é importante. Faz-nos acreditar e sentir bem”, disse.
A estreia será no dia 23 de julho, às 08:30 (em Lisboa), em Dunedin, na Nova Zelândia, num jogo com caráter muito importante, face aos Países Baixos, com os quais Portugal perdeu por 3-2 no Europeu de 2022, depois de recuperar de 0-2 para 2-2.
“Todos os jogos são diferentes, mas a ficou aquela ‘coisinha’ do Euro (...). Acho que já estamos muito focados para o que aí vem e estamos a trabalhar para isso. Ainda faltam alguns dias, mas o que nos vai na mente é o primeiro jogo. Estamos a trabalhar para isso, para tentar fazer o melhor, e pontuar nesse jogo, o que é ‘super’ importante”, afirmou.
Quanto a objetivos, Andreia Norton garante que Portugal vai tentar chegar o mais longe possível, ao “mais alto patamar”, para “dar muitas alegrias aos portugueses”, ainda que pensando num jogo de cada vez.
Para que isso seja possível, a internacional lusa promete fazer a sua parte, que passa por “tentar ajudar de todas as formas a equipa a estar bem, a estar focada nos treinos e, se for escolhida lá para dentro, dar o máximo nos jogos”.
A seleção portuguesa feminina de Portugal é estreante no Mundial de 2023, que se realiza na Austrália e Nova Zelândia, de 20 de julho a 20 de agosto, com a seleção lusa integrada no Grupo E, com Países Baixos (jogo em 23 de julho, em Dunedin), Vietname (27, em Hamilton) e Estados Unidos (01 de agosto, em Auckland).
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