A secretaria-geral da Confederação Sindical Internacional (CSI), Sharan Burrow, condenou hoje a «violação dos direitos dos trabalhadores no Qatar» que constroem as infraestruturas para o Mundial2022 e pediu à FIFA que pressione Doha a acabar com a «escravidão».
Burrow disse que o Qatar «é um país esclavagista» e considerou «inaceitável» que 1,3 milhões de trabalhadores imigrantes oriundos de países mais pobres «sejam forçados a viver em sociedade, sem direitos e sem a possibilidade de abandonar porque assinaram um consentimento».
«É um insulto para os familiares que perderam os seus entes queridos em acidentes laborais que podiam ter sido evitados», assinalou Sharan Burrow em conferência de imprensa realizada hoje em Bruxelas.
Burrow ofereceu a sua colaboração ao governo do Qatar e exortou-o a «tomar uma decisão, se realmente quiser resolver o problema».
Quarta-feira, uma delegação sindical internacional foi impedida de aceder a um estaleiro perto de Doha, no âmbito de uma inspeção sobre as condições de trabalho dos emigrantes no Qatar, país organizador do Mundial de futebol de 2022.
«Não vos quero autorizar a visitar o local sem coordenação prévia», alegou um dos responsáveis pelo estaleiro, citado pela AFP, à delegação que queria realizar uma visita inopinada.
Como resposta, os sindicalistas recusaram fazer a visita prevista ao estaleiro de Lusail, 70 quilómetros a norte de Doha, que deve ser a sede do principal estádio do Mundial de 2022.
No Qatar estão atualmente 1,2 milhões de trabalhadores imigrantes «forçados a trabalhar com temperaturas extremas e ausência de toda a proteção de direitos laborais», circunstancias que causam a morte de um trabalhador em média por dia, segundo o CSI.
O Qatar anunciou que vai precisar entre 500 mil e um milhão de trabalhadores adicionais para a construção de infraestruturas para o Mundial, o que supõe um aumento de 30 por cento em relação ao número atual e uma subida proporcional dos acidentes mortais, segundo as previsões da Confederação Sindical Internacional.
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