Data de Nascimento: 23/09/1956 (falecido a 9 de dezembro de 2020)
Nacionalidade: Itália
Presenças em Mundiais: 3 (1978, 1982, 1986)
Jogos em Mundiais: 14
Golos em Mundiais: 9
Títulos em Mundiais: 1 (1982)
Foi um dos melhores jogadores da história do futebol italiano, mas a glória suprema chegou quando poucos acreditavam, depois de uma polémica que o podia ter afastado para sempre do 'desporto-rei' e que colocou em causa a sua presença no Campeonato do Mundo de 1982.
Esteve mesmo lá, brilhou a grande altura, eliminou aquela que muitos dizem ter sido a melhor equipa de todos os tempos e levou a 'Squadra Azzurra' ao título. Paolo Rossi é, inevitavelmente, mais um dos 'Cromos' que marcam a História dos Mundiais.
Algumas lesões, muitos golos e..o ‘totonero’
Rossi nasceu em Prato, na Toscânia, e aos quinze anos de idade ingressou nas camadas jovens da Juventus, estreando-se pela equipa principal em 1973. Tinha então 17 anos.
A sua aparência frágil levava, porém, a que muitos duvidassem que, apesar da qualidade técnica, viesse a singrar ao mais alto nível. E a verdade é que ainda jovem sofreu várias lesões que condicionaram os seus primeiros tempos na 'vechia signora', acabando por ser cedido.
Rumou, primeiro, ao Como e, depois, em 1976, com 20 anos, ao Lanerossi Vicenza. E foi aí que brilhou verdadeiramente pela primeira vez, sagrando-se melhor marcador da Serie B (segundo escalão do futebol italiano), com 21 golos. Ajudou o clube a subir à Serie A e aí se manteve na temporada seguinte, ajudando a equipa a lutar - surpreendentemente - até ao fim pelo título com a...Juventus. Terminou essa temporada com 24 golos (melhor marcador da prova) e Juve tentou seu regresso, mas sem sucesso.
As boas exibições abriram-lhe as portas da seleção italiana e esteve no Mundial 1978, na Argentina, onde deu nas vistas. Só que, em 1978/79, o Lanerossi Vicenza viu-se com alguma surpresa despromovido da Serie A. Rossi mudou-se para o Peruggia e aí iria viver o momento mais negro da carreira. , ao ver-se implicado no caso 'Totonero', esquema de apostas com resultados combinados que abalou o futebol italiano em 1980.
As investigações das autoridades levaram à penalização de vários clubes e jogadores, com Rossi, mesmo negando qualquer envolvimento e dizendo-se injustiçado, a ser considerado culpado e castigado com três anos de suspensão, ainda que sem ter de cumprir pena efetiva de prisão, ao contrário de outros condenados.
Uma pena que, à partida, o afastaria do Mundial 1982. E quão diferente seria a história se assim tivesse sido! Mas a Juventus 'resgatou' Rossi ainda com a pena em curso e o avançado viu, depois, a sanção reduzida, ficando livre para voltar a jogar em abril de 1982, a tempo de ser convocado para representar a 'Squadra Azzurra' no Mundial.
Muitos criticaram a sua chamada, considerando que Rossi estaria bem longe da melhor forma, após tanto tempo sem jogar, e não o consideravam indispensável. Mas 'Pablito' Rossi, 'Il bambino d'oro', como era conhecido, iria mostrar-lhes que estavam (muito) enganados.
Itália e o Mundo a seus pés em 1982
Rossi já tinha estado no Mundial de 1978 e em bom nível. Foi nessa competição que se estreou a marcar pela seleção principal de Itália, logo a abrir, num triunfo por 2-1 sobre a França. Marcou também no segundo jogo (vitória por 3-1 sobre a Hungria) e no terceiro (vitória por 1-0 sobre a anfitriã Argentina) não marcou, mas fez a assistência.
Marcaria ainda mais um golo nesse Mundial, numa vitória por 1-0 sobre a Áustria na então segunda fase de grupos que vigorava na competição e a Itália acabou no 4.º lugar, com Rossi a regressar com o estatuto de principal destaque dis italianos, figurando mesmo na ideal do torneio.
Mas o ‘seu’ Mundial seria mesmo o de 1982!
O desempenho da 'Squadra Azzurra' na primeira fase desse Mundial até foi sofrível, com três empates nos três jogos e só seguiu para a fase seguinte por ter mais golos marcados do que os Camarões. Rossi esteve discreto nesses três primeiros jogos: alinhou os 90 minutos no nulo com a Polónia, foi titular mas saiu ao intervalo no 1-1 com o Peru e fez, depois, a assistência para o golo dos transalpinos no empate 1-1 com Camarões. Os críticos faziam-se ouvir e parecia ter razão.
Só que Rossi iria explodir na fase seguinte da prova, a segunda fase de grupos. Continuou sem marcar no jogo seguinte, mas a Itália venceu a Argentina por 2-1 e, a seguir, veio o jogo da vida de Paolo Rossi. Um jogo dos jogos mais lendários de sempre de Mundiais de futebol...
Frente a um Brasil apontado por todos como favorito à conquista do título (que muitos consideravam mesmo a melhor equipa de todos os tempos), onde pontificavam nomes como Zico, Falcão ou Sócrates, Rossi brilhou. Marcou o seu primeiro golo aos 5 minutos. O Brasil, a quem o empate chegava, respondeu. Já na segunda parte, Rossi marcou outra vez. E o Brasil respondeu de novo. Mas Rossi chegaria ao hat-trick, mostrando o que de melhor tinha: um faro único pelo golo e dotes quase sem igual de um finalizador-nato que estava sempre no sítio certo. Aí, o Brasil já não teve resposta e a Itália seguiu em frente.
Seguiu-se, na meia-final, novo jogo com a Polónia e Rossi marcou mais dois numa vitória por 2-0. Na final o adversário foi a República Federal da Alemanha e Rossi marcou o golo que abriu caminho à vitória por 3-1 da 'Squadra Azzurra'.
Campeão do Mundo e herói maior da sua seleção, Paolo Rossi calou os críticos, acabando como Melhor Marcador e Melhor Jogador do Torneio. Nesse ano viria ainda a ganhar a Bola de Ouro da France Football e a ser eleito Melhor Jogador do Mundo.
E depois do Mundial de 1982? Títulos na Juventus e presença 'falhada' no México
Depois do mítico Mundial de 1982, Rossi conquistou vários títulos a nível de clubes pela Juventus, entre eles a Taça dos Campeões Europeus de 1984/1985, a Supertaça Europeia de 1984 e a Taça das Taças de 1983/1984, este às custas do FC Porto.
A idade e as lesões, contudo, começavam a pesar e Rossi entrava já, embora talvez de forma prematura, em fase decadente. Mudou-se para o Milan em 1985, mas limitado pelos recorrentes problemas no joelho ficou-se pelos dois golos em 20 jogos pelos 'rossoneri' em 1985/86. Fez, ainda assim, parte dos convocados da Itália para o Mundial'86, no México mas, fisicamente condicionado, acabou por não entrar em campo para ajudar a 'Squadra Azzurra' a defender o título e esta acabou por cair nos oitavos de final, ante a França de Platini.
Viria a pendurar as chuteiras no final da temporada seguinte, 1986/87, com a camisola do Hellas Verona, com apenas 31 anos. 'Desligou-se', então, do futebol, dedicando-se a partir daí à produção de vinhos na sua região natal, a Toscânia. Foi, ainda assim, desempenhando amiúde o papel de comentador desportivo em vários órgãos de comunicação social.
Faleceu em dezembro de 2020, com 64 anos, pouco tempo depois de lhe ter sido diagnosticado um cancro no pulmão. Mas, para sempre ficará ligado à História dos Campeonatos do Mundo de Futebol como o homem que 'fez chorar o Brasil' quando levou a Itália ao título em 1982.
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