Os Estados Unidos conseguiram o terceiro lugar na primeira edição do Mundial de futebol, em 1930, e, volvidos 88 anos, essa ainda é a melhor classificação de um país não pertencente a Europa ou América do Sul.

Depois do feito dos norte-americanos, foi preciso esperar 72 anos, até 2002, para outro ‘outsider’ chegar às ‘meias’, no caso a coanfitriã Coreia do Sul, que perdeu esse jogo e o de atribuição do terceiro posto, que não se realizou na edição inaugural.

Numa prova conquistada 11 vezes por conjuntos europeus e nove por sul-americanos, em 20 finais 100 por cento preenchidas por conjuntos das duas confederações, o terceiro melhor registo entre os restantes pertence ao México, em dose dupla – sexto nas duas competições em que foi anfitrião, em 1970 e 1986.

Excetuando as prestações das equipas da casa, o melhor registo não europeu ou sul-americano pertence, em igualdade, a três conjuntos africanos, todos sétimos classificados, os Camarões em 1990, o Senegal em 2002 e o Gana em 2010.

O Mundial é um monopólio de europeus e sul-americanos, também em termos de presenças e desde a primeira edição, em 1930, em que as exceções eram os Estados Unidos e o México, seleções da América, mas pertences à CONCACAF.

Numa prova com 13 seleções, os mexicanos perderam os três encontros da primeira fase, de grupos, enquanto os Estados Unidos ganharam os dois, perante Bélgica (3-0) e Paraguai (3-0), para, depois, caírem nas ‘meias’ goleados (1-6) pela Argentina.

Em 1934, as exceções, entre 16 participantes, eram Egito e Estados Unidos, ambos afastados na fase preliminar, os oitavos de final: os africanos perderam por 4-2 com a Hungria e os norte-americanos 7-1 com a campeã Itália.

Quatro anos volvidos, em 1938, os ‘outros’, dois em 15, eram as Índias Holandesas e Cuba, que, ao bater a Roménia (2-1 num jogo de repetição, depois de um empate a três após prolongamento), chegou aos ‘quartos’, para ser ‘esmagada’ (0-8) pela Suécia.

Depois da II Guerra Mundial, pouco mudou e, em 1950, também só dois (Estados Unidos e México) dos 13 participantes não eram da Europa ou da América do Sul: caíram ambos na fase de grupos, os norte-americanos após baterem a Inglaterra (1-0).

Em 1954, eram dois em 16 e os resultados foram fracos, com mexicanos e sul-coreanos a perderem, cada qual, os seus dois jogos. Nas edições seguintes, em 1958 e 1962, só o México ‘furou’ o monopólio, para ser 16.º e 11.º, respetivamente.

Na edição seguinte, em 1996, em Inglaterra, o México voltou, mas acompanhado pela Coreia do Norte, que surpreendeu ao passar a fase de grupos, com um triunfo na última jornada sobre a Itália (1-0), após um empate a um com o Chile.

Os norte-coreanos chegaram, assim, aos quartos de final, nos quais, num ápice, chegaram a 3-0 perante Portugal, que só não afastaram porque a formação das ‘quinas’ tinha o ‘rei’ Eusébio, autor de um ‘póquer’, para José Augusto selar o 5-3 final.

Quatro dos 16 participantes não eram de Europa ou América do Sul em 1970 e, de todos, o melhor foi o México, que, em casa, conseguiu chegar aos quartos de final, para cair por 4-1 perante a Itália e acabar no sexto posto.

Em 1974, os três ‘outsiders’ acabaram nos últimos três lugares, com um ponto em nove jogos, da Austrália (0-0 com o Chile), e, em 1978, o melhor registo, também entre três seleções, veio da Tunísia, afastada na primeira fase, apesar de ter batido o México (3-1) e empatado com a RFA (0-0).

O alargamento para 24 seleções, em 1982, aumentou, por consequência, o número de equipas fora das duas confederações dominantes: foram seis, com a Argélia (2-1 à RFA) e Camarões (três empates) a destacarem-se, mas a não chegarem à segunda fase.

No México, em 1986, mantiveram-se seis seleções e a melhor foi a da casa, o conjunto ‘azteca’, que acabou no sexto lugar e sem derrotas, em cinco jogos, caindo apenas nos penáltis, nos quartos de final, face à RFA (1-4, após 120 minutos sem golos).

Em igual contingente, em 1990, brilharam, de novo, os Camarões, conseguindo, desta vez, atingir os quartos de final, nos quais estiveram a bater a Inglaterra por 2-1, para tombarem por 3-2, no prolongamento, culpa de dois penáltis de Lineker.

Nos Estados Unidos, em 1994, a Europa e a América do Sul monopolizaram os ‘quartos’, à porta dos quais ficou a Nigéria, nona e melhor de sete ‘forasteiras’, derrotada no prolongamento dos ‘oitavos’ pela Itália (1-2) e um ‘bis’ de Roberto Baggio.

Quatro anos volvidos, em 1998, a Nigéria foi de novo a melhor, agora de 12, entre 32, em nova queda nos ‘oitavos’, para um 12.º lugar final, culpa da Dinamarca, vencedor por folgados 4-1.

Em 2002, voltaram a ser 12 os representantes das confederações menos fortes e foi a anfitriã Coreia do Sul a centrar todas as atenções, ao chegar às meias-finais, depois de, sempre com polémica, despachar Portugal, na fase de grupos, a Itália, nos oitavos de final, e a Espanha, os ‘quartos’.

Os sul-coreanos, apoiados por um público em estado de ‘loucura’ permanente, só foram travados nas ‘meias’, pela Alemanha, falhando, depois, o terceiro lugar, ao perderem por 3-2 com a Turquia, outra grande surpresa da competição.

Destaque ainda para o sétimo lugar do Senegal e o oitavo dos Estados Unidos, formações que só ‘tombaram’ nos quartos de final, os africanos perante a Turquia (0-1, com um ‘golo de ouro’) e os norte-americanos face à Alemanha (0-1).

Após os vários feitos de 2002, tudo regressou ao ‘normal’ em 2006, na Alemanha, onde nenhuma de 14 seleções logrou um registo muito relevante, destacando-se o Gana, que foi 13.º, depois de ser batido nos ‘oitavos’ pelo Brasil (0-3).

Em 2010, na primeira edição africana, de novo com 14 ‘outsiders’, os ganeses voltaram a prevalecer, fazendo ainda melhor, ao serem sétimos: caíram nos ‘quartos’ face ao Uruguai, nos penáltis (2-4), depois de, aos 120 minutos, Asamoah Gyan desperdiçar uma grande penalidade.

Na última edição, em 2014, das 13 seleções não europeias ou sul-americanas, apenas uma chegou aos quartos de final, a Costa Rica, que acabou oitava, mas esteve perto das meias-finais, cedendo apenas nos penáltis (3-4), com a Holanda.