Os 75 cabo-verdianos que estudam na Covilhã vão festejar os golos que forem marcados nas duas balizas, no particular de segunda-feira entre Portugal e Cabo-Verde, na Covilhã, de preparação para o Mundial2010 de futebol.
“A nossa varanda vai ter duas bandeiras”, diz Edmir Freire, um dos 75 cabo-verdianos a estudar na Covilhã.
Apesar do encontro interessar sobretudo a Portugal, uma vez que o primeiro teste no Mundial será frente à selecção africana da Costa do Marfim, a comunidade universitária cabo-verdiana na Covilhã aguarda o encontro com expectativa, mas também com uma sensação de estranheza.
A selecção de futebol que têm acompanhado desde pequenos e que apoiam nas grandes competições internacionais, a portuguesa, vai estar frente à equipa nacional do seu país na cidade que os acolheu.
“Sejam os golos numa ou noutra baliza, festejo na mesma. Sei que, independentemente do resultado, saio de lá feliz. E claro que no Mundial vou apoiar Portugal”, frisa Ioland Tavares, com as bandeiras dos dois países na mão.
Entusiasmado com o momento que se aproxima, o estudante, finalista de Engenharia Electromecânica na Universidade da Beira Interior, partilha com os colegas o seu “lema”: “Cabo Verde a minha nação, no Mundial Portugal a minha selecção”.
Já com a garantia da oferta de bilhetes por parte da Federação Cabo-Verdiana de Futebol, os estudantes estão agora focados nos preparativos para o jogo.
“Queremos levar as pessoas no estádio a viver um ambiente parecido ao que a selecção vai encontrar na África do Sul”, salienta Edmir Freire, acrescentando:
“Vamos tentar fazer barulho. Em África os adeptos são diferentes, são mais barulhentos”.
Envergando a camisola lusa, os estudantes cabo-verdianos vão ver jogadores originários de Cabo Verde, situação que encaram com normalidade.
“Isso faz-nos sentir ainda mais próximos da selecção portuguesa”, refere Ioland Tavares.
“Fico a pensar que se estes jogadores, como o Nani ou o Rolando, representassem Cabo Verde, teríamos mais possibilidades de ir às fases finais de competições internacionais. Mas percebo a escolha deles. Têm ambições profissionais e querem estar nos grandes palcos”, comenta o estudante.
“A nível profissional não teriam as mesmas oportunidades a jogar por Cabo Verde”, considera Walter Soares, a terminar o curso de Engenharia Electrotécnica, que frequenta há seis anos.
Para Ioland, a vinda da selecção cabo-verdiana à Covilhã tem um significado especial: “É como trazer a nossa casa até nós, até ao sítio a que chamamos casa em Portugal”.
No próximo dia 24 têm uma certeza: “Vamos fazer a festa, independentemente de quem vencer”, realça Walter Soares, que dentro de meses espera regressar à sua ilha.
Nas bancadas contam com a presença de compatriotas a estudarem noutros pontos do País, que assim que souberam do jogo entraram em contacto com os estudantes na Covilhã, a manifestarem a intenção de estarem presentes numa partida em que a animação é mais importante que o resultado.
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