Declarações de Fernando Santos, selecionador de Portugal, na antevisão do jogo com Marrocos, dos quartos de final do Mundial2022.

Mexidas onze: "Vamos ver mais logo  [se o Rúben Dias estará disponível]. No dia em que eu tiver aqui um jogador, que não fique descontente, não pode voltar à seleção. Não está aqui a fazer rigorosamente nada. No meu tempo ficavam com azia e tive um treinador que dizia que devíamos ir à tasca comer iscas. Os treinadores fazem as suas escolhas".

Em equipa que ganha não se mexe? "Essa questão de equipa que ganha não se mexe... Marrocos tem questões distintas da Suíça. Marrocos é fortíssimo, não sei como é que se diz que não é favorita. Só tem um golo sofrido, quatro marcados, foi a única que fez sete pontos na fase de grupos. Jogadores que jogam nas melhores equipas do Mundo, Chelsea, PSG, Bayern..."

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Perigos de Marrocos: "Só quem não viu o jogo com a Espanha e Croácia é que duvida da qualidade da equipa. Depois tem um jogador, o Amrabat, que está a ser das maiores revelações. Ofensivamente procura a sair jogar bem, com um guarda-redes que joga bem com os pés, envolve à esquerda e à direita. É muito forte ofensivamente. Pensarmos que vai ser fácil, não vai. Recordo o jogo do Mundial 2018, o mais difícil que tivemos, mesmo vencendo 1-0. Sofremos muito. Os jogadores já viram, sabem da qualidade do adversário e têm de chegar ao campo sem receios e com confiança. Quando não tivermos bola temos de a ir procurar, sermos intensos… Se continuarmos a melhorar como temos melhorado, com mais ou menos dificuldade, acredito que Portugal vai ganhar mas tenho a certeza de que o treinador de Marrocos pensa o contrário, o que é legítimo, até pelo que tem feito.".

Experiência nestas fases conta muito? "Marrocos tem quatro, cinco jogadores que são confrontados todos os anos com esta situação: ansiedade, poder chegar à final. Marrocos tem um público apaixonado. Ambientes destes os jogadores estão fartos de viver. Temos de colocar em prática o futebol. Não acho que foi perfeito o jogo com a Suíça. Podíamos dizer… Cuidado. Cuidado não. Temos de mostrar em campo aquilo que somos."

Perigos de Marrocos: "A dois minutos do fim do jogo no Mundial2018, estava apurado… São uma equipa muito bem organizada, com talento, tem a criatividade do jogador africano, com uma cultura mais forte em termos de jogo coletivo, pela influência de jogarem na Europa. É muito consistente, trabalha muito. O Hakimi não nasceu lá, mas joga pelos avós e pelos bisavós. Nós temos de fazer o mesmo, jogar pelos nossos avós, bisavós e até trisavós. Vai ser muito, muito difícil, mas também vai ser muito difícil para Marrocos."

Acha que alguém não quer o sucesso da Seleção? "Não acredito. Esta questão do Cristiano, sempre que vimos a uma conferência, 90% das questões são sobre ele, pela sua dimensão. A questão emocional é muito importante. No dia a seguir ao jogo o que faço é ver vídeos e ler relatórios. Cada vez mais treinamos menos, 40, 45 minutos. Nem há treino tático. É mandar para eles, para as televisões deles. É isso e depois dar um toque de manhã sobre o que acho do adversário. O que é fundamental, acredito que vamos estar aqui mais algum tempo, é o ambiente fantástico que existe entre os 24 jogadores. Sem isso não podíamos estar aqui."

Portugal e Marrocos vão defrontar-se nos quartos de final do Mundial2022, no sábado, a partir das 18h00 locais (15h00 em Lisboa), no Estádio Al Thumama, em Doha.

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