Quando a contagem ia acima de 14 mil votos, 57 por cento dos adeptos respondia “não”. Apenas 41 por cento respondeu “sim”.
“A situação não está fácil. É o mínimo que se pode dizer após a derrota dos ‘Bleus’”, quarta-feira à noite, diante da Espanha.
Em declaração de voto, o “L’Équipe” diz que “a indigência proposta no Stade de France, com jogadores que parecem ter esquecido o significado das palavras ‘envolvimento’, ‘colectivo’ ou ‘implicação’, não incita ao optimismo”.
Estas linhas são típicas de um léxico rebarbativo que se colou em 2009 aos ‘“Bleus”.
O mau clima em torno da equipa francesa e do seleccionador Raymond Domenech piorou ao longo da fase de qualificação para o Mundial de 2010 na África do Sul, atingindo o zénite com a polémica da mão de Thierry Henri no jogo crucial de apuramento contra a Irlanda.
Quarta-feira, a derrota diante da Espanha (0-2) adensou a insatisfação impaciente com os jogadores e o seleccionador, confirmando que a crítica resvala para o desprezo, à semelhança do que se passou, de novo, no estádio: o capitão Thierry Henri saiu de campo vaiado por milhares de adeptos.
“E a Espanha nem sequer se esforçou”, escreveu hoje um analista desportivo francês sobre um jogo entre duas equipas que, como resume o diário “Figaro”, têm “Uma classe de distância”.
“O colectivo dos Azuis parece ainda em preparação”, acrescenta o mesmo jornal. “Sem poder aplaudir os ‘Bleus’, o público francês ovaciona os Espanhóis”, resumiu o circunspecto “Le Monde”.
Em entrevista a este jornal, na edição de 02 de Março, a secretária de Estado dos Desportos francesa, Rama Yade, salienta que “em futebol, um golo no Campeonato do Mundo pode mudar a cara de uma nação. Por isso, para ganhar, impõe-se a escolha dos melhores no terreno”.
Rama Yade, que insiste na necessidade de “proteger a equipa dos ‘Bleus’ de polémicas”, constata que “há, pelo menos, um problema de comunicação”.
“Os efeitos da mão de Thierry Henri contra a Irlanda, a questão dos prémios de jogo, a escolha do futuro seleccionador, isso deu a impressão de uma comunicação com pouca destreza”, acrescentou.
O desafio é a “reconquista dos corações” dos franceses, resume Rama Yade, conhecida na política francesa por falar claro.
Quando a Domenech, o melhor elogio que consegue inspirar a Rama Yade é que “o seleccionador é por vezes desconcertante, mas o homem tem qualidades de análise, uma sensibilidade interessante e um certo carisma”.
“O Domenech de hoje é um homem que abusa da representação de um personagem cujos filões estão todos esgotados, cuja retórica corre no vazio e parece ter esgotado o seu objecto”, escreveu recentemente um dos principais comentadores desportivos franceses, Cédric Rouquette.
A “comunicação desastrosa” de Domenech é “profundamente desestabilizadora para a sua equipa”, constata Cédric Rouquette, para quem “a complacência com que os patrões (da Federação Francesa de Futebol) cobrem o seleccionador após o milagre de 18 de Novembro deixou de ter legitimidade”.
Os “patrões” da FFF deram um voto de confiança a Raymond Domenech até ao Mundial de 2010, mas não para lá disso. Os “Bleus” “integraram a saída do seleccionador depois da África do Sul”, resumiu Rama Yade ao “Monde”.
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