Sessenta eurodeputados de diversos países pediram aos Governos da União Europeia (UE), em carta aberta, que não participem no Campeonato do Mundo da Rússia, por considerarem que as suas presenças fortaleceriam "o caminho autoritário e anti-ocidental" do presidente russo, Vladimir Putin.
Os deputados, de diferentes grupos parlamentares, pediram para que os governantes se juntem ao Reino Unido, que após o envenenamento do ex-espião Sergei Skripal disse que não haverá representação britânica por parte da realeza nem dignitários no Mundial, e o governo da Islândia, que também não enviará representantes para a competição.
De acordo com a publicação desta sexta-feira do jornal "Bild", os parlamentares estão empenhados em "levantar a voz a favor da proteção dos direitos humanos, dos valores democráticos e da paz".
"O mundo olha para a Europa nestes momentos difíceis. Os nossos governos não deveriam reforçar o caminho autoritário e antiocidental do presidente russo, Vladimir Putin", pode ler-se na carta assinada pelo grupo e divulgada pela eurodeputada ecologista Rebecca Harms.
Segundo a opinião dos parlamentares, em grande parte da bancada Verde ou eurodeputados polacos do Partido Popular Europeu (PPE, direita), o ataque contra Skripal em Salisbury é apenas o "último episódio no contínuo desrespeito" pelos valores europeus de Putin.
"Bombardeamentos indiscriminados a escolas, hospitais e áreas civis na Síria, invasão militar da Ucrânia pela força, pirataria sistemática, campanhas de desinformação, interferência em eleições, tentativas de desestabilizar a nossa sociedade e debilitar e dividir à UE... Tudo isto transforma a Rússia num anfitrião pouco apropriado para o Mundial", denunciam.
Os eurodeputados, de 15 de países, acreditam que o desporto pode contribuir para suspender "pontes metafóricas", mas ressaltaram que enquanto Putin continuar a destruir "pontes reais na Síria" não se pode pretender que o Mundial da Rússia seja um evento desportivo.
"Enquanto Putin continuar a ocupar a Crimeia ilegalmente, mantendo presos políticos na Ucrânia e apoiando a guerra no leste da Ucrânia, não podemos fingir que o anfitrião deste torneio é um amável vizinho", advertem os parlamentares, que denunciaram "ameaças" a opositores e jornalistas.
Os deputados recordam ainda que três dias depois dos Jogos Olímpicos de Inverno de Sochi, em 2014, Putin invadiu a Ucrânia, por isso desta vez é preciso parar de incentivar "as suas graves violações aos direitos humanos".
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