Covilhã é, por estes dias, o centro das atenções dos adeptos portugueses devido ao estágio da Selecção Nacional de preparação para o Mundial2010.
“Não era um jogador seleccionável, tal como nós. Aproveitávamos todos os tempos livres para jogar. Isso também acontecia com ele. Disputávamos vários Sporting-Benfica e o Sporting ganhava sempre. Ele jogava no Benfica, já o assumiu várias vezes”, recorda Aníbal Mendes, seu colega no ciclo.
O director da Escola Secundária Heitor Pinto, onde estudou Sócrates, na Covilhã, lembra os primeiros pontapés na bola do primeiro-ministro, que, tal como os outros miúdos, “ia variando as posições em campo, mas gostava de jogar na frente”.
“Aproveitávamos qualquer espaço para jogar à bola. Íamos variando as posições no terreno. Muitas vezes íamos para as aulas completamente suados, o que, num tempo mais rígido, não era bem visto pelos professores”, lembra Aníbal Mendes.
O agora director da escola revela que Sócrates “era melhor jogador de bilhar” do que no futebol, mas aquilo que mais se destacava eram mesmo os seus dotes oratórios.
“Era um aluno tímido. Em algumas disciplinas no secundário, como a filosofia, já se fazia sentir o seu espírito de intervenção e discussão. Era um bom colega, brincalhão e solidário. Um bom amigo”, resume.
Antes do secundário, o primeiro-ministro era mais discreto nas aulas: “Era um aluno inteligente - não era extremamente preocupado com as notas -, não tinha notas muito altas, mas também não precisava fazer muito para não ter negativa. Foi um aluno sempre dentro da positiva, com queda para matemática e desenho. Se quisesse estudar mais teria melhores resultados”.
Já o vice-director da Heitor Pinto, Carlos Aguilar, recorda que Sócrates tinha “uma capacidade de argumentação que ainda se revela”.
“Apetência para a política nunca consegui ver nele, pois não era uma pessoa muito extrovertida”, recorda o companheiro de turma na secundária.
Quatro décadas depois, a secundária Heitor Pinto volta a dar à sociedade alunos com visibilidade nos Media, no caso sete dos jovens futebolistas que têm ajudado Carlos Queiroz a preparar a selecção com que Portugal vai disputar o Mundial2010.
“Entre os nossos alunos já há quem diga que quer ser primeiro-ministro, mas talvez seja mais fácil formarmos alunos que se possam destacar no desporto nacional”, admite, sorrindo, Aníbal Mendes.
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