Segundo um comunicado, a associação pediu a Carlos Moedas e a Rui Moreira que não instalem nem permitam a criação, em Lisboa ou no Porto, de "fan zones" "ou quaisquer áreas para visualização coletiva dos jogos" do Mundial2022.

Em cartas enviadas na terça-feira, a Frente Cívica defendeu que o boicote iria alinhar as duas principais cidades do país "com as melhores práticas de condenação da violação dos direitos fundamentais que nos constituem enquanto sociedade".

Nas missivas, a associação sublinhou que a construção das infraestruturas do Mundial2022 terá causado a morte de mais de 6.500 trabalhadores migrantes, cujos direitos foram alvo de “violação sistemática”, segundo estimativa de organizações internacionais.

As cartas, assinadas pelo presidente da Frente Cívica, Paulo de Morais, e pelo vice-presidente João Paulo Batalha, recordam ainda “a opressão a que são sujeitas as mulheres e as minorias sexuais no Qatar”.

Na terça-feira, um embaixador do Mundial, Khalid Salman, classificou a homossexualidade como "um distúrbio mental", e declarou que qualquer adepto que viaje para aquele país terá de "aceitar" as regras do Qatar.

“Consideramos imoral e ilegítimo que haja recursos públicos a festejar esta barbárie civilizacional”, defendeu a associação, que lembrou ainda os “escândalos de corrupção associados à atribuição da organização” do Mundial 2022 ao Qatar.

Em 2014, o jornal britânico Sunday Times revelou documentos em que o presidente da Confederação Asiática de Futebol na época, o catari Mohammed Bin Hammam, terá pago cerca de 4,4 milhões de euros em ‘apoios’.

Uma antiga funcionária da candidatura catari admitiu que vários dirigentes africanos receberam cerca de 1,5 milhões de euros para que apoiassem e votassem a favor e o FBI investigou um pagamento de 1,8 milhões de euros, com origem no Qatar, ao tobaguenho Jack Warner, na altura líder da Confederação de Futebol da América do Norte, Central e Caraíbas (CONCACAF) e vice-presidente da FIFA.

O Campeonato do Mundo masculino de futebol vai decorrer entre 20 de novembro e 18 de dezembro, com a seleção portuguesa apurada e inserida no Grupo H, com Uruguai, Gana e Coreia do Sul.

A Frente Cívica é uma associação sem fins lucrativos que, segundo a descrição na sua página no Facebook, propõe-se a “identificar os problemas crónicos da sociedade portuguesa, denunciar os seus responsáveis e lutar por soluções”.