O juiz português foi hoje homenageado num jantar na Batalha pela Associação de Futebol de Leiria, a que pertence e, à margem da cerimónia, lembrou que, “tendo em conta a história da arbitragem ao nível dos campeonatos do mundo, fazer dois jogos significa ter uma participação de sucesso”
“A partir do segundo jogo, tudo o que venha será uma mais-valia. Para quem está a estrear-se numa competição deste nível, fazer dois jogos será um objectivo mais do que conseguido”, disse Olegário Benquerença, que assumiu não pensar na final.
“Não sonho com a final. A este nível temos de ser muito racionais e focar naquilo que é o desempenho. Estar numa final significa ter feito quatro ou cinco jogos todos ao mais altíssimo nível”, explicou.
Contudo, Olegário Benquerença admite que “a partir da altura em que se está lá tudo é possível”, tal como acontece com as selecções participantes, que “ambicionam atingir a final, sabendo que apenas duas o farão e que apenas uma ganhará".
"Com os árbitros é exactamente a mesma coisa, sendo certo que para nós há sempre um factor a que somos alheios e que condiciona bastante a nossa prestação: no meu caso, ter a selecção portuguesa presente no campeonato. A minha presença no Mundial estará sempre condicionada à prestação da equipa nacional”, acrescentou.
Antes da homenagem, que o árbitro de Leiria considerou “acima do que seria natural nesta altura, antes da competição”, Olegário Benquerença prometeu “trabalhar para cumprir a 100 por cento" cada um dos jogos que lhe forem confiados.
A participação na competição na África do Sul, “mais do que um objetivo de carreira, é um sonho de criança, o sonho de uma vida" que se concretiza após 20 anos de carreira e que é "motivo de enorme orgulho”.
"Tenho consciência da responsabilidade que é representar uma arbitragem que, embora tão maldita entre nós, é cada vez mais considerada além fronteiras”, sublinhou.
A 14 dias do início do Mundial, o árbitro internacional assume que o acontecimento “mexe um pouco” consigo, mas acrescenta que “este é um percurso com vários anos" em que se vai "consolidando a experiência" de forma a, quando se chega a este nível, estar preparado emocionalmente.
“Tive o privilégio de trabalhar ao longo destes três anos com um psicólogo da área desportiva, nomeadamente da área da alta competição, o Dr. João Nuno Pacheco, que fez um trabalho que considero notável, porque conseguiu que eu não sentisse tanto essa ansiedade como sentia há meia dúzia de anos”, contou.
Olegário Benquerença garantiu ainda que a contestação que sofreu após o jogo Inter de Milão-FC Barcelona, da primeira mão das meias-finais da Liga dos Campeões, está ultrapassada:
“Tudo o que esteja para trás, neste momento não me preocupa. Nunca olhamos para trás, já nem me lembro disso. É um processo que nunca chegou a estar aberto”.
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