Portugal jogou esta segunda-feira a terceira jornada da fase de grupos do Mundial 2018. Pela frente teve a seleção iraniana comandada pelo português Carlos Queiroz. As equipas empataram a uma bola e Portugal seguiu para os oitavos-de-final da competição, já o Irão foi eliminado. No final, o técnico português e os jogadores da seleção nacional revelaram alguma discordância.

As melhores imagens do Irão - Portugal

O mal-estar entre os jogadores português e Carlos Queiroz começou quando o técnico da seleção iraniana proferiu palavras duras sobre o jogo.

"Tenho uma opinião clara, mas tenho de medir as minhas palavras e ter cuidado para que todos percebam exatamente aquilo que quero dizer. Eu sou o treinador e gostava de saber aquilo que se passa. Mas não sei, ninguém nos autoriza a saber. Quando foi o penálti contra nós, a televisão russa deu cinco ou seis repetições em câmara lenta e quando foi contra Portugal, deu uma repetição. No banco, nós os treinadores, precisamos de saber o que se passa, mas não nos permitem. Por isso, eu tive de sair para ir ver nas televisões da FIFA o que se estava a passar. Nós precisamos de saber, para orientar os jogadores. E esse é o ponto essencial”, disse Queiroz sobre o recurso ao VAR.

O selecionador do Irão acrescentou ainda que está habituado a ter Portugal contra ele.

“Eu não quero estar aqui a falar muito sobre o meu país porque vão fazer uma guerra contra mim, mas estou já habituado a ser um homem contra a nação e não tenho problemas com isso. Depois de [Mundial de] África do Sul, já estou habituado a ter o país contra mim e eu contra o país.”
Mas, a maior crítica de Carlos Queiroz caiu sobre Cristiano Ronaldo e o lance em que o capitão da seleção portuguesa levou cartão amarelo.

“A realidade é que o jogo foi interrompido para ver as imagens, há uma cotovelada e uma cotovelada é cartão vermelho. A lei não diz que se for o Messi ou o Ronaldo é só mais ou menos. É cartão vermelho. Por isso, a questão é que as decisões têm de ser claras para todos. A utilização do VAR não está a correr bem, nós pedimos uma clarificação, mas eles recusam. Quem está a arbitrar o jogo? quem está a tomar as decisões? Nós fizemos três jogos no Mundial, tivemos três estádios cheios na Rússia.
Vocês sabem quanto custa aos iranianos vir assistir a um jogo na Rússia? Não acham que eles merecem saber o que se passa?", questionou Queiroz, antes de prosseguir nas críticas ao uso do VAR.

"Os erros humanos faziam parte do jogo, mas agora há um sistema que custa uma fortuna, com cinco seis árbitros e ninguém assume responsabilidades. O árbitro no relvado lava as mãos como Pilatos, desculpa-se com quem está a ver, mas esses não sabem quando atuar. Parem ou então façam como no râguebi. Precisamos de fazer como no râguebi, que quando o VAR atua todos ouvem o que está a ser dito. As pessoas precisam de saber. A comunicação não pode ser: atenção há uma cotovelada, mas cuidado porque foi o Ronaldo. Eu não sei foi isto que aconteceu ou não, mas nós precisamos de saber. A verdade não ofende e tem de ser respeitada”, acusou Carlos Queiroz.

O selecionador do Irão aproveitou ainda o final do jogo para criticar os jogadores da seleção nacional por não o cumprimentarem após a partida. “Tenho 36 anos de treinador... São quase 20 anos de trabalho nas duas seleções: perto de oito no Irão e 12 com Portugal. Vinte anos da minha vida com as duas seleções, foi um momento especial para mim. No final do jogo fui cumprimentado pelo meu amigo Fernando Santos, por Carlos Godinho e alguns jogadores. Adrien, Bruno Alves, Cédric e Beto. Não me lembro de mais nenhum, mas lembro-me de todos os jogadores espanhóis e brasileiros que me vêm cumprimentar quando jogo com eles", referiu Carlos Queiroz.

O atual selecionador do Irão comandou a seleção nacional por duas vezes, entre 1991 e 1994 e novamente entre 2008 e 2010. Está ao serviço da seleção iraniana desde 2011.