A organização do Mundial de futebol de 2022 no Qatar, em polémica desde a escolha da FIFA, levou a que, pela primeira vez, e para evitar o verão tórrido, a competição decorra em novembro e dezembro.
Esta medida não agradou às Ligas europeias, uma vez que, ao contrário das habituais datas para os Mundiais – no período de defeso dos campeonatos – a realização da prova no inverno perturba o normal funcionamento das competições internas.
Uma das principais preocupações após a entrega ao estreante Qatar a organização do Mundial2022 foi o clima desértico daquele território, com temperaturas a rondar os 50 graus celsius nos meses habitualmente usados para a prova (junho e julho).
O Qatar tinha pedido à FIFA para fazer uma “aposta arriscada”, insistindo que o calor naquela região do globo não seria um problema, com a promessa de que o recurso a tecnologia minimizaria essa questão, quer junto dos jogadores quer junto dos adeptos.
A FIFA tem como referências os Mundiais de 1986, no México, de 1994, nos Estados Unidos, e de 2014, no Brasil, sob fortes ondas de calor, e nem por isso deixaram de ser três dos campeonatos mais bem-sucedidos da história do futebol.
As altas temperaturas são problemáticas não só para os jogadores, dado que são incompatíveis com o desempenho de esforço físico, sendo mesmo desaconselhado acima dos 32 graus celsius, como para os próprios adeptos, que assistem aos jogos e se deslocam para os estádios.
Desde cedo, num alarmante contrassenso, a FIFA considerou o Mundial2022 no Qatar de “alto risco” e que “o calor devia ser considerado como um risco potencial para a saúde”.
Durante a construção dos estádios, bem como das infraestruturas em torno da prova, morreram mais de 6.750 trabalhadores migrantes, na sua maioria oriundos de Índia, Bangladesh, Nepal e Sri Lanka, com implicações relacionadas com o calor.
“Cada um dos estádios vai aproveitar o poder dos raios do sol para fornecer ambiente fresco para jogadores e adeptos através da conversão de energia solar em eletricidade”, disse na altura o chefe executivo da candidatura, Hassan al-Thawadi.
A primeira opção, apesar de os organizadores garantirem o recurso a meios tecnológicos para reduzir a 27 graus a temperatura nos recintos, passou por realizar o Mundial à noite, mas a FIFA acabou por alterar a data para o inverno, em que as temperaturas variam entre os 20 e os 30 graus celsius, para salvaguardar o bem-estar das seleções e do público.
A realização do Mundial no inverno obrigou a uma reestruturação dos calendários internos e das competições da UEFA, que contam com mais de 70% dos jogadores das seleções finalistas, e passou a ocupar cerca de seis ou sete semanas dedicadas habitualmente à competição dos clubes.
O Mundial2022 vai decorrer no Qatar, durante cerca de um mês, entre 20 de novembro e 18 de dezembro, e é antecedido por um período dedicado aos estágios de preparação.
No caso português, a I Liga é interrompida em 13 de novembro e retomada em 28 de dezembro, estando calendarizados jogos da primeira fase da Taça da Liga durante a competição.
A recalendarização do Mundial levou ainda a que as provas europeias de clubes de 2022/23 (Liga dos Campeões, Liga Europa e Liga Conferência Europa) tivessem uma fase de grupos mais compacta, terminando ainda antes do inicio da prova no Qatar.
A fase final do Mundial será disputada por 32 equipas, descartada a pretensão do presidente da FIFA, Gianni Infantino, de aumentar já para 48, por falta de estádios no Qatar.
Portugal integra o Grupo H, com Uruguai, Coreia do Sul e Gana.
Comentários