Vale e Azevedo, que começa a ser julgado em Outubro pela apropriação de quatro milhões de euros resultantes de transferências de quatro futebolistas, está indiciado do desvio de 850 000 dólares da transacção de Amaral para a Fiorentina.
A venda dos direitos desportivos do brasileiro Amaral, no valor global de dois milhões de dólares, foi consumada a 27 de Junho de 2000, em Lisboa, e Vale e Azevedo, segundo o despacho de acusação, mentiu aos elementos da Direcção a que presidiu, de 03 de Novembro de 1997 a 31 de Outubro de 2000.
De acordo com a acusação a que a agência Lusa teve acesso, a verba de 850 000 dólares acordada com o agente Pedro Vicençote, transferida em duas tranches, "não deu entrada nos cofres da Benfica, SAD, até ao final do mandato" de Vale e Azevedo, "nem integrou qualquer inscrição contabilística".
Vale e Azevedo "fez constar junto dos directores desportivos" da Benfica, SAD, que o clube "não receberia qualquer verba pela venda do passe do jogador".
Testemunhas referiram que o então presidente apresentou como justificação para o clube não realizar um encaixe financeiro "que a Fiorentina pagaria as diferenças entre os vencimentos contratualmente estabelecidos pelo Benfica e os efectivamente pagos" pelos clubes brasileiros Corinthians e Vasco da Gama, aos quais Amaral foi emprestado.
Um dos testemunhos foi produzido por José Manuel Capristano, vice-presidente responsável a par de Vale e Azevedo pelas contratações, transferências e empréstimos de jogadores.
António Sala, igualmente elemento da Direcção de Vale e Azevedo, e António Leitão, que desempenhou as funções de assessor com competências na área financeira, são outras das 17 testemunhas arroladas pelo Ministério Público.
Neste processo, cujos factos remontam ao período de Janeiro de 1999 a Julho de 2000, Vale e Azevedo é acusado da prática de três crimes de peculato, um de branqueamento de capitais, um de falsificação de documentos e um de abuso de confiança.
As acusações estão relacionadas com as transferências de Amaral para a Fiorentina, dos britânicos Scott Minto - 500 000 libras foram utilizados para pagar prestação do iate "Lucky Me", após falsificação de documento - e Gary Charles para o West Ham e de Tahar el Khalej para o Southampton.
Vale e Azevedo foi condenado em 2006 a sete anos e meio de prisão no caso Dantas da Cunha, em 2007 a cinco anos de prisão no caso Ribafria e a seis anos de prisão em cúmulo jurídico nos casos Ovchinnikov e Euroárea.
A 25 de Maio de 2009, a 4.ª Vara do Tribunal Criminal de Lisboa fixou o cúmulo jurídico em 11 anos e meio de prisão.
O antigo presidente do Benfica está impossibilitado de sair do Reino Unido enquanto o Tribunal de Westminster não se pronunciar sobre pedido de extradição no âmbito do caso Dantas da Cunha.
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