Depois de ter ajudado a angariar 23 milhões de euros, que permitirão servir três milhões de refeições a crianças carenciadas no Reino Unido, Marcus Rashford escreveu aos deputados britânicos uma carta que o jornal “The Guardian” publicou na íntegra.
Rashford começa por recordar o dia em que se tornou o mais jovem jogador de sempre a marcar no primeiro jogo com a seleção inglesa, mas não esquece as dificuldades por que passou antes do sucesso.
“A minha mãe trabalhava a tempo inteiro, ganhava o ordenado mínimo para assegurar um bom jantar para nós. Mas o sistema não foi criado para famílias como a minha terem sucesso, independentemente do trabalho duro da minha mãe”. A família de Rashford dependeu muitas vezes da ajuda dos outros: “Bancos alimentares não nos eram estranhos.”
O avançado do Manchester United recorda que esta semana iria começar o Euro 2020, adiado para 2021 devido à pandemia da COVID-19, e diz imaginar o estádio de Wembley novamente cheio de bandeiras. “Na realidade, Wembley podia ser cheio duas vezes com crianças que tiveram de saltar refeições durante o confinamento por as suas famílias não terem acesso a comida”, acrescenta.
O jogador, de 22 anos, juntou-se à iniciativa da FareShare, a maior associação de luta contra a fome e o desperdício alimentar no país, que tem denunciado o agravamento da situação das crianças desfavorecidas durante o período de confinamento motivado pela pandemia da COVID-19.
“Isto não é política, é humanidade,” diz o jogador. "A fome em Inglaterra é uma pandemia que pode durar gerações, se nada fizermos agora. Estão registadas 1,3 milhões de crianças para receber refeições escolares gratuitas em Inglaterra e um quarto dessas crianças não recebe qualquer apoio desde o fecho das escolas", sublinha.
"Para colocar esta pandemia em perspetiva, entre 2018 e 2019, 9 em cada 30 crianças de qualquer sala de aula do Reino Unido, viviam na pobreza"; hoje em dia, 45% das crianças provenientes de grupos étnicos minoritários vivem em pobreza" , aponta.
Nesse sentido, Marcus Rashford deixa um apelo ao governo britânico: “Isto é Inglaterra em 2020 e este é um tema que precisa de assistência urgente. Por favor, enquanto os olhos da nação estão sobre vocês, deem meia volta e façam da proteção das vidas dos mais vulneráveis uma prioridade de topo.”
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