Jurgen Klopp continua a sua luta para que a Premier League adote as cinco substituições, como acontece nas provas de clubes da UEFA e em quase todos os campeonatos europeus. O treinador do Liverpool deu alguns dados da Liga Escocesa, campeonato que adotou as cinco substituições.
"Parece que quem manda ignora o bem estar dos jogadores, mas por agora temos de aceitar. A saúde mental dos jogadores e o bem-estar são indissociáveis, por isso não vamos parar de lutar para ter as cinco, porque é o mais correto. Tenho alguns números da Liga escocesa: 65% das substituições são feitas por gestão de carga, 30% por questões táticas e 5% por lesões", recordou o alemão, antes de justificar o porquê de fazer poucas substituições no Liverpool.
"Quando me dizem que faço poucas substituições, é porque só tenho três. Temos quase sempre de guardar a terceira para qualquer imprevisto e porque muitos jogadores estão no limite, não sabemos qual vai ceder primeiro. Por isso não posso mudar cedo, ou posso correr o risco de acabar com nove ou dez jogadores. Ter as cinco mudanças é a coisa certa", frisou.
A conferência de imprensa serviria para fazer o lançamento do jogo com o Wolverhampton, de Nuno Espírito Santo, mas Jurgen Klopp acabou por falar muito da questão das regras da Premier League. E deixou um aviso: quem vai sofrer com estas limitações será a Seleção Inglesa no próximo verão, no Euro2020.
"Estou certo que voltaremos a isto, porque a jogar de três em três dias todas as equipas vão sentir a diferença. E no próximo verão vai ser um problema para o Gareth Southgate [selecionador de Inglaterra], porque a maioria dos jogadores que ele vai querer escolher terão jogado sempre três vezes por semana. Por isso ele terá o que lhe pudermos dar e aí terá ele o problema, é a seleção inglesa que vai sofrer. Por isso acho que esta questão também diz respeito à Federação", lembrou.
O técnico do Liverpool também tem feito muitas críticas ao apertado calendário inglês, esta época ainda mais difícil por causa da pandemia de COVID-19.
"Vocês, meus amigos especiais [n.d.r. jornalistas], pedem-nos para jogar no sábado, às 12h30, o que é praticamente um crime se for honesto. […] A Sky Sports e a BT Sport têm de falar porque, se continuarmos a jogar às quartas e sábados, às 12h30, não tenho a certeza se podemos terminar a época com onze jogadores. Mas sei que não vos importa. […] É realmente difícil para os jogadores, é isso que é complicado. O resto é simplesmente uma decisão tomada num escritório. […] As pessoas dizem-nos para rodar os jogadores? Quais? Temos atacantes para rodar, sim, mas o resto é miúdos. Parem de falar e comecem a tomar decisões", referiu Klopp após o jogo com o Leicester, a 22 de novembro.
A Liga Inglesa de Futebol (EFL) decidiu, no dia 18 de novembro, autorizar cinco substituições em jogos da Segunda, Terceira e Quarta divisões (Championshp, League One e League Two, respectivamente), numa altura em que se multiplicam os pedidos para que a Primeira Divisão (Premier League) faça o mesmo.
Os clubes que participam da Championship poderão convocar vinte jogadores por jogo e os da League One e League Two terão sete suplentes no banco, em vez dos cinco habituais, anunciou a EFL.
Esta medida aumenta a pressão sobre a Premier League, que em agosto se tornou no único grande campeonato europeu a votar pelo regresso das três substituições por jogo, apesar de um calendário mais apertado devido ao início tardio da temporada e à realização do Euro no final de junho de 2021.
Na Liga dos Campeões e Liga Europa, também são autorizadas cinco alterações por jogo.
O forte aumento no número de lesões na Liga Inglesa levou os treinadores do Liverpool, Jurgen Klopp, e do Manchester City, Pep Guardiola, a pedirem que a regra fosse alterada no decorrer da atual temporada.
O técnico da seleção de Inglaterra, Gareth Southgate, também tinha solicitado as cinco alterações por jogo após a partida contra a Bélgica, na Liga das Nações.
"O que vamos fazer? Esperar que haja uma série de lesões muito graves?" comentou o técnico.
A aprovação das cinco substituições esbarra na forte oposição dos pequenos clubes da Premier League, que consideram a medida favorável demais para os grandes clubes com planteis mais fortes.
Para reintroduzir as cinco alterações autorizadas no final da temporada passada pela FIFA, será preciso que quatorze dos vinte clubes da Premier League votem a favor.
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