A Liga Inglesa está completamente contra a criação de uma Superliga Europeia e contra a participação de clubes ingleses na mesma. O organismo emitiu um comunicado esta tarde, onde condena "qualquer proposta que ataque os princípios da competição aberta e do mérito desportivo".

Este domingo o jornal 'The Times' avançou que 11 clubes da Premier League tinham dado o 'sim' à entrada na Superliga, prova que seria uma alternativa à Liga dos Campeões. Entre os que aprovam a nova competição, estariam Manchester United, Liverpool, Arsenal, Chelsea e Tottenham. O Manchester City estaria entre os emblemas que ainda não teria tomado uma posição.

Leia o comunicado oficial da Premier League:

"A Premier League condena qualquer proposta que ataque os princípios da competição aberta e do mérito desportivo que estão no centro da pirâmide do futebol nacional e europeu.

Os fãs de qualquer clube em Inglaterra e em toda a Europa podem, atualmente, sonhar que a sua equipa possa subir ao topo e jogar contra os melhores. Acreditamos que o conceito de uma Superliga Europeia iria destruir este sonho.

A Premier League orgulha-se de gerir uma competição de futebol competitiva e convincente que a tornou na liga mais vista do mundo. O nosso sucesso permitiu-nos dar uma contribuição financeira inigualável para a pirâmide do futebol nacional.

Uma Superliga Europeia minará o apelo de todo o jogo, e terá um impacto profundamente prejudicial nas perspetivas imediatas e futuras da Premier League e dos seus clubes membros, e de todos aqueles no futebol que dependem do nosso financiamento e solidariedade para prosperar.

Trabalharemos com os adeptos, a FA, EFL, PFA e LMA, bem como com outras partes interessadas, no país e no estrangeiro, para defender a integridade e as perspetivas futuras do futebol inglês, no melhor interesse do jogo."

UEFA ameaça clubes e jogadores

A UEFA e a FIFA já tinham ameaçado com sanções, jogadores e clubes que participassem em provas não reconhecidas pelos dois.

"Qualquer clube ou jogador envolvido numa competição desse tipo, estará impedido de participar em qualquer competição da FIFA ou da sua respetiva confederação", alertou o organismo do futebol mundial no dia 21 de janeiro de 2021.

O comunicado da FIFA é assinado também pelos presidentes das Confederações asiática (AFC), sul-americana (CONMEBOL), da América central e Caraíbas (CONCACAF), africana (CAF), da Oceânia (OFC) e da Europa (UEFA).

A FIFA explica ainda que à luz dos seus estatutos e das diferentes confederações, "todas as competições devem ser organizadas ou reconhecidas pelo órgão competente no seu respetivo nível, pela FIFA a nível global e pelas confederações a nível continental".

E, por isso, a UEFA e outras confederações reconhecem o Mundial de clubes, no seu atual e novo formato, como a única competição mundial de clubes, e a FIFA reconhece as competições organizadas pelas confederações como as únicas continentais de clubes.

Ao comunicado da FIFA e das confederações juntou-se o apoio da Associação das Ligas Europeias, presidida por Lars-Christer Olsson.

"Todas as Federações de futebol e Ligas profissionais na Europa reconhecem e seguem os estatutos da FIFA e da Confederação [UEFA], e isto orienta-nos nas nossas ações para parar esta iniciativa [da criação de uma Superliga europeia]", refere o organismo.

Adeptos também estão contra a Superliga europeia

Também os adeptos portugueses estão contra a criação de uma Superliga de futebol, posição idêntica à dos clubes do ‘top-200’ do ‘ranking’ da UEFA, de acordo com o  presidente da Associação Portuguesa de Defesa do Adepto (APDA).

A APDA assinou um comunicado conjunto da Football Supporters Europe (FSE), que assume a oposição a um novo modelo de competição europeia que estará a ser preparado por alguns dos maiores clubes, que "os adeptos dos clubes portugueses assinaram de forma inequívoca", frisou Martha Gens, em declarações à agência Lusa no dia 03 de fevereiro.

Diabos Vermelhos (Benfica), Bracara Legion e Red Boys Braga (Sporting de Braga), Colectivo Ultras 95 e Super Dragões (FC Porto), Brigada Ultras Sporting, Directivo Ultras XXI, Torcida Verde e Juventude Leonina (Sporting), Insane Guys e Grupo 1922 (Vitória de Guimarães) são os grupos oficiais de adeptos portugueses que figuram entre os signatários.

O comunicado da FSE é assinado por 20 associações nacionais de adeptos da Europa, mas também, além dos adeptos portugueses, por grupos oficiais de apoiantes de vários clubes que têm sido apontados como fundadores da nova competição.

Adeptos de Chelsea, Liverpool, Manchester City, Manchester United e Tottenham (Inglaterra) Paris Saint-Germain (França), Bayern de Munique (Alemanha), Atlético de Madrid, Barcelona e Real Madrid (Espanha) fazem parte do grupo de signatários de clubes do ‘top-200’ da UEFA.

O comunicado da FSE sublinha ainda que a criação de uma Superliga europeia "destruiria o modelo europeu do desporto", que assenta em princípios como "o mérito desportivo, a promoção e despromoção, a qualificação para competições europeias através do sucesso nacional e solidariedade financeira".

"O seu raciocínio é simples: permite aos grandes clubes terem sucesso fora do campo, mesmo quando falham nas quatro linhas. Acaba com a magia de receber uma taça, com o sonho de vermos o nosso clube na Europa e vai contra o espírito do jogo. Todos os clubes devem ter igual oportunidade de se qualificarem para as competições europeias, com base no trabalho árduo, determinação e capacidade e não no tamanho do seu balancete patrimonial ou glórias passadas", refere o comunicado da FSE.