O treinador português Carlos Queiroz justifica a perpetuação da liderança de Alex Ferguson no Manchester United (MU), ligação que cumpre 25 anos, com duas componentes: o sucesso e a especificidade de um país como a Inglaterra.
«Alex Ferguson é um homem do seu tempo, de ideias abertas, recetivo e perspicaz em relação à evolução do futebol. Foi sempre capaz de antecipar decisões tendo em vista as necessidades da equipa», disse Carlos Queiroz, à Agência Lusa, a propósito de uma efeméride à qual está ligado, já que esteve «seis anos, dia e noite, ao lado de Alex Ferguson», enquanto seu “braço direito”.
O ex-selecionador nacional identifica o «sucesso do trabalho» de Ferguson para justificar a sua perpetuação no cargo e uma «carreira brilhante, excecional, única e ímpar, que dificilmente se repetirá na história do futebol».
Todavia, essa carreira resulta, também, segundo Queiroz, da combinação do futebol de um país e de uma cultura específicos:
«Em qualquer outro país não teria acontecido. Só em Inglaterra.»
Lembrou que os primeiros tempos «não foram fáceis», que foi necessária «uma revolução de mentalidades e atitudes» no clube e que o destino quis que o sucesso chegasse «numa altura em que os gestores do clube punham sérias reservas à sua continuidade».
Dissertando sobre Ferguson, Queiroz fala de um homem «recheado de qualidades, técnicas e humanas», destacando o seu «entusiasmo, sentido de humor, determinação e agressividade», e de um líder que deposita uma «confiança ilimitada nas pessoas que escolhe» para trabalhar com ele, a quem «está sempre disponível para ouvir».
«É um homem que sabe o que é delegar competências e que, em todas as circunstâncias, nos bons e maus momentos, está incondicionalmente ao lado da sua equipa técnica e jogadores», referiu Carlos Queiroz, para quem Ferguson «não é um homem de decisões fáceis e agradáveis» e que as toma, «doa a quem doer», sempre «em função dos interesses da equipa e do clube», acima dos quais não está «nada, nem ninguém».
O atual selecionador do Irão realça, ainda, o espírito inquieto e inovador de “Sir Alex” e recorda as conversas que com ele manteve quando entrou no clube sobre a necessidade do MU «se internacionalizar mais e se abrir a novas correntes e conceitos».
«O segredo do sucesso é a adaptação. Aqueles que melhor e mais rapidamente se adaptam são os que conseguem antecipar o futuro, estar à frente dos outros e garantir o sucesso», observou Queiroz, procurando com esta frase definir a razão do sucesso de Ferguson e os princípios que ele perfilha e que devem nortear «a atuação de um líder nos tempos modernos».
A relação do escocês com os seus colaboradores diretos e jogadores é «um exemplo típico de uma liderança papal», visto que «é como o Papa», que está «perto de todos e equidistante de toda a gente», um líder «próximo das pessoas, que sabe estar e guardar distanciamento» adequado para «na hora certa dizer sim, não e talvez».
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