“Com os meus conhecimentos e as minhas ideias, para o ano os jogadores vão jogar o dobro do que jogavam no ano passado”, prometeu Jorge Jesus quando foi apresentado, em 17 de Junho, impondo de imediato uma ambição que parecia ausente da equipa sob o comando do espanhol Quique Flores.
Jesus impôs um novo modelo de jogo, beneficiando de investimento de 25,7 milhões de euros em contratações: Ramires, Saviola e Javi Garcia são titulares indiscutíveis, Júlio César, César Peixoto e Weldon são escolhas pessoais, com quem já tinha trabalhado, e prometem ser muito utilizados.
A estes nomes ainda se juntam Fábio Coentrão, regressado ao clube mais maduro como futebolista (é um dos com mais assistências), e o avançado Keirrison, uma promessa brasileira emprestada pelo FC Barcelona, além de Jesus ter feito renascer Pablo Aimar e dado consistência a Di Maria.
O treinador tem um discurso ambicioso, mas controlando euforias, e refere que compete ao Benfica manter a dinâmica vencedora que lhe valeu cinco troféus na pré-época e um início de bom nível na Liga portuguesa e na Liga Europa.
“Este Benfica é muito forte”, referiu recentemente, recusando, porém, comparações com adversários mais directos, nomeadamente o FC Porto, e lembrando que o líder da Liga é o Sporting de Braga, com cinco vitórias em cinco jogos.
A sucessão de vitórias contribui para o regresso de muitos adeptos benfiquistas aos estádios - o de Leiria, raras vezes com assistências superiores a centenas de espectadores, praticamente esgotou no fim-de-semana (22 676) e bateu os números recorde de 2004, então também num jogo com o Benfica.
No Restelo, onde o Benfica venceu o Belenenses por 4-0, o cenário foi idêntico, com as bancadas habitualmente “despidas” a acolherem 17 473 espectadores.
O treinador, que disse querer “ganhar títulos” e que tem a convicção de que vai “ser campeão pelo Benfica”, apresenta também uma grande diferença para a última época, com a construção de uma equipa “pressionante”.
Jesus pede concentração na defesa - apontou a meta de sofrer “apenas” sete golos na Liga - e uma equipa que ataca em bloco, com uma pressão imediata ao adversário e com quatro ou cinco jogadores em posição de finalizar.
Numa equipa com veia goleadora, Cardozo (oito golos na pré-época, cinco na Liga e dois na Liga Europa) destaca-se na capacidade de finalizar, mas Javi Garcia, Ramires, Saviola, Weldon ou Nuno Gomes também já marcaram mais do que uma vez esta época.
Depois Jesus conta ainda com municiadores de grande qualidade, como Pablo Aimar - tão apagado na última época - ou Fábio Coentrão, que surge como um perito nas assistências apesar do estatuto de suplente.
Nos jogos da Liga, jogadores altos como Luisão, David Luiz, Javi Garcia ou Cardozo têm sido imperiais nas bolas paradas: nove dos 16 golos marcados foram de livre ou canto.
A equipa tem também uma atitude diferente depois de marcar um golo, pois, ao contrário do que sucedia na época passada, procura sempre obter um segundo tento, em vez de ter a tentação de recuar no terreno.
Para já o treinador vai dando alegrias aos adeptos do Benfica, que continuam à espera de romper com a hegemonia do FC Porto, mas também começa a despertar curiosidade na Europa do futebol.
Após passagens em clubes como Vitória de Guimarães, Belenenses, União de Leiria, Vitória de Setúbal ou Sporting de Braga, Jesus encontrou no Benfica uma montra e na última semana já era notícia no jornal espanhol Marca, que frisava o facto de se ter vinculado ao empresário Jorge Mendes.
“O técnico da moda na Europa”, escrevia o cronista José Vicente Hernández, referindo que o treinador do Benfica já é comparado a José Mourinho, mas com a diferença de ser “mais atrevido nas abordagens ao jogo”.
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