O antigo árbitro internacional Pedro Proença, de 48 anos, vai ser reeleito na quarta-feira para um segundo mandato na presidência da Liga Portuguesa de Futebol Profissional, ao partir para as eleições do organismo sem oposição.

Depois de uma carreira ao mais alto nível na arbitragem, conciliada com a atividade de diretor financeiro, tornou-se em 28 de julho de 2015 o nono presidente da instituição, após vencer o então opositor e antecessor Luís Duque. Num mandato marcado por passos seguros - na reabilitação da Liga - e outros em falso - a centralização de direitos televisivos -, Pedro Proença espera levar as competições profissionais para um "patamar de excelência".

Quatro anos depois de assumir o cargo, Pedro Proença pode reclamar para a sua presidência os créditos da recuperação financeira. Herdou um passivo de cerca de cinco milhões de euros, regularizados durante os primeiros três anos de mandato, e alcançou em simultâneo contas positivas nas últimas épocas, sendo disso exemplo exercício de 2017/18, com resultados operacionais positivos de 2,170 milhões de euros.

Outro cartão de visita da direção de Pedro Proença foi a atração de patrocinadores para as diferentes competições, com destaque para a II Liga e a Taça da Liga, com esta última a sofrer também uma reformulação do modelo competitivo e a consagrar atualmente no calendário o ‘campeão de inverno’.

Por fim, foi também durante a sua liderança que foi introduzido o videoárbitro na I Liga, um sistema do qual era já defensor, embora esse tenha sido um processo essencialmente conduzido pela Federação Portuguesa de Futebol (FPF) - da qual é vice-presidente por inerência do cargo - e pelo respetivo Conselho de Arbitragem.

O mandato ficou marcado também por algumas convulsões internas, nomeadamente a ascensão do grupo G15, que integra a maioria dos clubes profissionais do primeiro escalão - com exceção de Benfica, FC Porto e Sporting - e alguns da II Liga. A agenda do G15 ganhou peso na definição do futuro das competições e acabou por se sobrepor em determinados momentos à esfera da própria reunião da Liga com todos os associados.

Outra batalha na qual não tem sido bem-sucedido é a pacificação do futebol português, marcada nas últimas temporadas por um clima de enorme tensão entre os rivais e por constantes guerras de palavras no espaço mediático, no qual a sua mensagem pareceu não ter efeitos práticos.

Paralelamente, o maior fracasso de Pedro Proença surgiu logo durante o primeiro ano de presidência e marcou os anos seguintes: o falhanço na centralização dos direitos televisivos. Outrora anunciada como uma das principais metas para o mandato, o antigo árbitro viu-se ultrapassado pelos principais clubes, que negociaram individualmente com os operadores e estabeleceram acordos para a próxima década.

Enquanto as maiores ligas europeias, com Inglaterra como expoente máximo, renovavam a cada ano os recordes de valores a distribuir pelos clubes em receitas televisivas, Pedro Proença não conseguiu congregar os clubes para esse desígnio coletivo. Ficou de ‘mãos atadas’ para o que restava do mandato e mesmo para este quadriénio que se segue, fruto da longa duração da maioria dos contratos assinados pelos clubes.

Centrando o discurso da sua recandidatura na "responsabilidade", na "credibilidade" e no "futuro", o presidente da Liga vincou como maiores compromissos do novo mandato a "decisiva competitividade e internacionalização" das competições profissionais portuguesas.

As eleições da Liga Portuguesa de Futebol Profissional realizam-se esta quarta-feira, 12 de junho, entre as 14:30 e as 17:30.