A duas jornadas do fim, nada está decidido na I Liga de futebol no que toca às descidas ao segundo escalão. Se na frente da tabela o Sporting já selou o título e as restantes posições estão praticamente definidas, com exceção da derradeira vaga europeia, no que toca à luta pela permanência o equilíbrio continua a ser a nota dominante e, do 12.º lugar para baixo, ninguém está ainda completamente a salvo.
Confira a classificação da Primeira Liga
Ao todo, são assim ainda sete as equipas que podem dizer adeus ao escalão principal no final da presente temporada. Se o Tondela, com 36 pontos, já tem a manutenção garantida, o Gil Vicente, com os mesmos 36 pontos, ainda não está livre da descida. Para além do conjunto de Barcelos, também Portimonense, Marítimo e Rio Ave seguem com 'a corda na garganta', mas acima da linha de água.
Depois, em 16.º, posição que esta temporada implica a disputa de um play-off com o 3.º da II Liga por um lugar entre os 'grandes' em 2021/22, segue o Boavista. Em zona de descida direta, mas ainda com hipóteses de se salvarem, com seis pontos em disputa até ao final do campeonato, estão Nacional e Farense. O SAPO Desporto faz o ponto de situação, olhando para a classificação e para o que ainda falta jogar.
Fuga à despromoção até ao último segundo
Há muito que não se via tantas equipas envolvidas na batalha pela permanência no escalão principal sem que nenhuma esteja matematicamente 'condenada'. Mesmo Nacional, embora em situação muito delicada, há muito no último lugar e tendo atravessado uma série de 11 derrotas em 12 jornadas, pode ainda acabar por se salvar evitando até o 'play-off' com o 3.º classificado da II Liga.
Com seis pontos em disputa até ao final, esta é a situação da luta pela permanência que promete emoção até ao último minuto.
Nacional tenta um último fôlego
A segurar a 'lanterna vermelha' segue, então, o Nacional. Os alvinegros reacenderam as esperanças no que toca à manutenção ao interromperem uma série muito negativa de 10 derrotas seguidas na 29.ª jornada, mas desde então não voltaram a vencer.
O sonho da manutenção está, agora, preso por um fio, mas ainda assim a formação orientada por Manuel Machado pode continuar a acreditar na permanência, embora o tal não se adivinhe fácil. Nas duas jornadas que faltam, o Nacional visita o já salvo Famalicão e recebe na derradeira jornada, o Rio Ave, primeira equipa acima da linha de água, com mais seis pontos do que os madeirenses. Duas vitórias são um imperativo para o Nacional, mas podem até nem chegar.
Farense ainda abaixo da linha de água
A outra equipa em zona de descida direta neste momento é o Farense. Penúltimo classificado, com 28 pontos (mais três do que o Nacional), o emblema algarvio, contudo só perdeu por uma vez nas últimas cinco jornadas, na visita da 32.ª jornada ao terreno do FC Porto.
Nas duas jornadas que faltam, o Farense vai receber um Tondela já tranquilo na tabela, antes de, na derradeira jornada, visitar o Santa Clara, que ainda luta pela Europa. Tal como sucede com o Nacional, contudo, o Farense não depende só de si, pelo que duas vitórias nas duas últimas jornadas podem não chegar para evitar a descida direta à II Liga.
Boavista em posição de 'play-off'
No 16.º lugar (com 30 pontos) está o Boavista, que vem de cinco jogos seguidos sem vencer. Do calendário dos 'axadrezados' até ao final do campeonato fazem ainda parte duelos com duas equipas que também ainda não asseguraram a manutenção (Portimonense em casa, Gil Vicente fora).
A 'salvação direta' não está longe, com o Rio Ave, 15.º, apenas um ponto à frente, mas a descida direta também não: são apenas dois os pontos de vantagem sobre o Farense. Duas vitórias nas duas últimas jornadas, ainda assim, garantem pelo menos a continuidade no 16.º lugar e o 'play-off' com o 3.º da II Liga, que é neste momento o Arouca.
Rio Ave continua sem se encontrar
Na 15.ª posição, a primeiro que assegura a 100% a permanência, está então o Rio Ave, com 31 pontos. No início da temporada adivinhava-se um campeonato bem mais tranquilo para os vilacondenses, mas estes continuam a desiludir. Apurados para as competições europeias na época passada, ao terminarem no 5.º lugar, não conseguiram, em 2020/21, atingir o mesmo nível. Na 32.ª Jornada o Rio Ave somou o décimo jogo seguido sem vencer (seis empates, quatro derrotas) ao perder com o Santa Clara e, nos últimos 13 jogos, só ganhou um.
Com o pior ataque da prova (23 golos marcados), o Rio Ave vai receber o FC Porto na Jornada 33, antes de visitar o Nacional na última ronda.
Marítimo e Porimonense voltam a quebrar
Depois de algumas jornadas em posição muito delicada, abaixo na 'linha de água', o Marítimo vinha a dar, nos últimos jogos, passos importantes rumo à manutenção entre os 'grandes'. Nas duas últimas jornadas, porém, só somou um ponto, caindo do 12.º para o 14.º lugar, com 34 pontos.
Os maritimistas, que fecham o campeonato com uma visita ao campeão Sporting, vão receber o Vitória de Guimarães na próxima jornada. Uma vitória num desses dois jogos garante matematicamente a manutenção, sem depender de terceiros. O Marítimo, note-se, não desce do escalão principal desde 1984.
Com os mesmos pontos do Marítimo surge o Portimonense, que contabiliza 34 pontos e somou na 32.ª Jornada o quinto jogo seguido sem ganhar, depois de uma série de três vitórias seguidas.
Na próxima jornada, o conjunto Portimão visita o Boavista e uma derrota pode complicar significativamente as contas, mas um empate garante, desde logo, a manutenção.
Gil Vicente respira melhor, mas ainda não está totalmente a salvo
Com 36 pontos está Gil Vicente, que não perde há três jogos. Ainda assim, a turma de Barcelos, embora já não possa cair nos lugares de descida direta, tem ainda algumas - remotas - possibilidades de terminar no tal 16.º lugar que implica o play-off com o 3.º da II Liga
Nas duas últimas jornadas os gilistas medem forças fora de portas com Paços de Ferreira (já garantido no 5.º lugar) e em casa com o aflito Boavista. Um empate num desses dois jogos garante a manutenção sem depender de outros resultados.
Tondela, Belenenses SAD e Famalicão salvaram-se na 32.ª Jornada
Quem já fugiu destas contas foram Tondela, Belenenses SAD e Famalicão, graças aos resultados somados na 32.ª Jornada. O Tondela, apesar de ter os mesmos 36 pontos do Gil Vicente (e de levar uma série de quatro jogos sem ganhar), já não pode cair para 16.º em virtude de ter vantagem num eventual confronto direto a três com os gilistas e o Boavista.
Quanto ao Famalicão, leva 37 pontos, número já inalcansável pelos axadrezados, primeira equipa em lugar que não garante automaticamente a manutenção. E o Belenenses SAD, que chegou aos 40 pontos com um triunfo por 3-1 sobre o Tondela na ronda 32, pode até ainda sonhar com o 6.º lugar e com uma vaga na nova UEFA Conference League em 2021/22.
Quantos pontos garantem, afinal, a manutenção?
Não é fácil definir um patamar pontual a partir do qual as equipas estarão a salvo, mas é garantido que, matematicamente, e havendo seis pontos em disputa, os 37 pontos asseguram em definitivo a manutenção e, com 36, o Tondela também já não desce.
Porém, olhando para os pontos com que o 16.º classificado terminou o campeonato nas anteriores temporadas, vemos que na última época o Vitória Setúbal (que até acabaria por descer na secretaria), foi antepenúltimo com 34 pontos. Em 2018/19 o 16.º foi o Desportivo de Chaves, com 32 pontos (desceu diretamente, pois desciam os três últimos) e em 2017/18 foi o Feirense a ficar nessa posição, com 31 pontos (nessa época só os dois últimos desciam de divisão).
Na temporada de 2016/17, 32 pontos salvaram o Tondela (apesar de em igualdade pontual com o Arouca, que desceu) e em 2015/16 foram 30 pontos os pontos que chegaram ao mesmo Tondela, também aí o primeiro acima da linha de água. Na época anterior, 2014/15, o 16.º foi o Arouca, com 28 pontos.
Quer isto dizer que, desde que a I Liga voltou a ser composta por 18 equipas, nunca uma equipa com mais do que 34 pontos ficou abaixo do 15.º lugar. Pode, então, ser esse o registo a apontar. Se assim for, o Gil Vicente também já pode dormir descansado...
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