O 'Politico', um prestigiado site especializado em política, fez uma manchete com Bruno de Carvalho. No título pode ler-se 'Futebol português é a parábola do populismo' e o texto descreve o presidente do Sporting como o rosto do populismo em Portugal.

Para começar, o site começa por contar o episódio dos ataques a Alcochete: "Quando 50 homens de cara tapada entraram no campo de treino do Sporting, a lançar foguetes nos balneários e a bater em futebolistas famosos com barras e cintos, a resposta do presidente do clube foi estranhamente contida. 'Foi chato', disse Bruno de Carvalho ao canal de TV do clube".

"O crime faz parte da dia-a-dia."

'O Donald Trump do futebol português' é assim que Bruno de Carvalho é conhecido além-fronteiras, por isso e pela linguagem extravagante. É a ausência dessa mesma linguagem que leva o Politico a questionar a resposta 'contida' do dirigente depois dos ataques à Academia.

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Para deixar a questão mais clara, o site refere algumas das declarações mais polémicas do Presidente sportinguista, como as que fez aos adeptos em março depois de ser reeleito com 86% dos votos "Eles chamam-me populista, dizem que sou um demagogo antiético. Bem, vou dizer-lhes uma coisa... bardamerda para quem não é do Sporting", disse, na altura, Bruno de Carvalho.

"Mesmo com Portugal na fase de grupos do Mundial 2018 e com bastantes possibilidades de passar aos oitavos-de-final, Bruno de Carvalho consegue ofuscar a seleção e inundar a comunicação social. Num país que escapou a grande parte do surto global de políticas violentas, a ascensão de Bruno De Carvalho - e possível queda - é vista como uma advertência sobre os perigos do populismo", continua o Politico.

"Cinco anos depois de ter entrado em cena com a promessa de tornar o Sporting grande de novo, o clube está amargamente dividido e enfrenta avisos de falência. O treinador principal e os melhores jogadores fugiram, incluindo quatro membros da equipa que chegou à final da Taça de Portugal", lê-se no artigo.

O populismo do Presidente-Adepto

O autor do artigo foi mais longe e falou com Poiares Maduro. O antigo ministro Adjunto e do Desenvolvimento Regional e ex-presidente do comité de governação da FIFA refere que Bruno de Carvalho "mostra a Portugal que não somos um país imune ao populismo [...]. Os populistas começam por apresentar-se como representantes do povo contra a elite. E reivindicam poder absoluto para lutar contra as conspirações dessas mesmas elites. Foi exatamente isso que vimos no Sporting", explica Miguel Poiares Maduro, apresentado como "um proeminente sportinguista numa missão de restaurar a legalidade".

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As responsabilidades morais de Bruno de Carvalho – "o presidente-adepto" - no ataque a Alcochete e as publicações nas redes sociais a criticar os próprios jogadores são também assuntos mencionados pelo Politico.

"Ele alimentou-se de uma profunda frustração entre os adeptos que durante décadas assistiram aos arquirrivais do Sporting, Benfica e FC Porto, estabelecerem o seu poder no futebol português. Desde 1982, o Sporting só venceu o campeonato duas vezes. Isto apesar de um programa de juventude de renome mundial que nutriu alguns dos maiores talentos recentes do jogo, como Cristiano Ronaldo, Luís Figo e Paulo Futre", continua o artigo.

Uma análise ao comportamento de Bruno de Carvalho, às atitudes e declarações de um Presidente "populista" que inunda jornais e televisões com as suas extravagâncias. Um Presidente com "uma atitude violenta" que usa as redes sociais para atacar os seus jogadores, mas que acredita ser a "vítima" da situação. Um presidente de um clube que se tornou no Donald Trump português. É assim que o 'Politico' vê Bruno de Carvalho, tal como "a maioria dos adeptos do Sporting".