O Benfica foi o último clube nacional a abrir-se aos estrangeiros, mas hoje é de "forasteiros" que vive, sendo Ruben Amorim o único português utilizado por Jorge Jesus na Liga Portuguesa de futebol.

O polivalente português é o "responsável" pelos escassos 265 minutos nacionais dos 9.900 acumulados pelos jogadores “encarnados” nos 10 jogos já disputados na edição 2011/2012.

Longe vão os tempos em que o Benfica precisou de uma Assembleia-Geral extraordinária para alterar os estatutos e a lei interna do clube, que só "autorizavam" uma nacionalidade, a portuguesa (da metrópole ou das colónias) e, assim, permitir a contratação do brasileiro Jorge Gomes.

Na reunião magna de julho de 1978, a maioria dos adeptos votou pela "liberalização" e, depois de Gomes quebrar uma tradição de 65 anos, ao estrear-se como primeiro estrangeiro a 29 de agosto de 1979, quando substituiu Fernando Chalana, aos 72 minutos de um jogo com o Vitória de Setúbal, a torrente de importações não mais parou.

Hoje, quando se olha para o relvado, é quase certo ver-se um “onze” do Benfica só com estrangeiros, ou não fosse a equipa tipo “vazia” de portugueses, com Artur, Maxi Pereira, Luisao, Garay, Emerson, Javi Garcia, Aimar, Gaitan, Bruno César (ou Nolito), Saviola (ou Witsel) e Cardozo.

Ou seja, dos 13 que normalmente forma o “onze”, contam-se quatro brasileiros, quatro argentinos, dois espanhóis, um uruguaio, um paraguaio e um belga.

Nenhum outro treinador recorre tanto a estrangeiros e tão pouco a portugueses - minutos somados, 2,68 por cento pertencem a Amorim e 97,32 por cento ao contingente não nacional - como Jorge Jesus, que ainda não estreou Nelson Oliveira, Eduardo, Luís Martins, Miguel Vítor e Mika.

O Marítimo é o que anda mais perto, mas, ainda assim os 1.802 minutos que Briguel, Ruben Ferreira e Luís Olim garantiram às cores insulares, entre um total de 9.900, estão bastante distantes dos 265 “encarnados”, acumulados na primeira, terceira, oitava e 10.ª jornadas.

Mas, os minutos podem enganar, como no caso do FC Porto que, apesar de ostentar um maior tempo de utilização de portugueses (2.117 minutos, de 9.899), os deve a apenas três jogadores, mais um que já partiu (Ruben Micael atuou 28 minutos na primeira jornada, antes de rumar ao Saragoça).

Os muito utilizados Rolando e João Moutinho, juntamente com o avançado Varela, foram os únicos portugueses em que Vítor Pereira confiou para chegar à frente ao final do primeiro terço do campeonato.

Não muito diferente é o caso da União de Leiria: Pedro Caixinha, Vítor Pontes e Manuel Cajuda já usaram 21 jogadores - num total de 9.859 minutos -, dos quais apenas o defesa Ivo Pinto e os médios Tiago Terroso, Manuel Curto e André Almeida têm nacionalidade portuguesa.

Ainda assim, e analisando só os minutos de presença das cores lusas em campo até à 10.ª jornada, o Nacional, com 2.095, distribuídos por Nuno Pinto, Neto, João Aurélio, Candeias, Anselmo e Edgar Costa, conta ainda menos do que FC Porto e União de Leiria.