Está explicado (pelo árbitro), um dos cartões vermelhos mais bizarras em Portugal esta época. Milovanov, lateral direito do Arouca, foi expulso com duplo amarelo pelo árbitro Tiago Martins, na goleada dos arouquenses ao Boavista, no Bessa.

No jogo da 12.ª ronda da I Liga, o lateral ucraniano viu o segundo amarelo aos 49 minutos, depois de levar uma bolada no peito. O árbitro viu outra coisa e escreveu no seu relatório que o ucraniano foi expulso por ter "retardado o recomeço do jogo".

A verdade é que o jogador já estava a pedir a substituição, antes da jogada, como se pode ver pelas imagens da transmissão televisiva. Os arouquenses recorreram do castigo e mostraram as imagens da transmisssão em direto.

"Aos 47 minutos o jogador Bogdan Milovanov sentou-se no relvado alegando um problema físico. O árbitro dirigiu-se ao mesmo para verificar o seu estado. Como é perceptível nas imagens, o jogador faz um gesto com as mãos sinalizando que não conseguia jogar mais tempo e pede de ser substituído. O árbitro Tiago Martins aparentemente ignorou e voltou ao meio-campo dando indicação para o jogo prosseguir. Por forma a não comprometer o momento defensivo da equipa, o jogador, em claro, foi forçado a levantar-se para acompanhar a jogada. Assim que a bola saiu do terreno de jogo, sentou-se no relvado, com o intuito de demonstrar que não estava em condições físicas para prosseguir o jogo, e ser substituído pelo seu colega Trezza", começou por esclarecer o Arouca.

"Posto isto, o árbitro Tiago Martins dirigiu-se a Bogdan Milovanov, exibindo-lhe o segundo cartão amarelo e consequente vermelho, por entender ter retardado o recomeço do jogo. Este episódio acabou por gerar protestos de ambas as equipas, retardando efetivamente o recomeça do jogo. Como diz o Carlos Brito (comentador Sport TV), 'o jogador estava a pedir para sair e não para ser assistido.' Pelo exposto, entendemos que há um erro de julgamento do árbitro que ignorou o pedido do jogador para ser substituído, resultando do seu estado físico já debilitado, causando o erro um claro prejuízo quanto à sua posterior utilização. Pelo que requeremos que o jogador seja despenalizado quanto à amostragem do segundo cartão amarelo e consequente expulsão", termina o Arouca.

Mas o Conselho de Disciplina da Federação Portuguesa de Futebol entendeu que não havia motivos para duvidar da decisão do árbitro Tiago Martins em campo e manteve um jogo de castigo para o jogador de 25 anos

"Não se vislumbra indiciado qualquer abalo à credibilidade probatória reforçada de que gozam aqueles relatórios oficiais, pelo que se confirma a factualidade descrita nos relatórios, com as consequências disciplinares previstas no RDLPFP. Além disso, tratando-se de decisão da equipa de arbitragem, tomada durante jogo oficial, relativa à aplicação das leis do jogo, é a mesma, na ausência de evidência de má fé (fraude, arbitrariedade ou corrupção), insindicável, por força do princípio da autoridade do árbitro (e por conseguinte da doutrina da field of play)", argumentou o Conselho de Disciplina da Federação Portuguesa de Futebol.

A decisão do árbitro Tiago Martins é difícil de entender, até porque, entre a saída da bola pela linha lateral e a exibição do segundo amarelo, passaram-se apenas cerca de 10 segundos. O árbitro poderia ter dado ordem ao Boavista para executar o lançamento de linha lateral.

O Arouca venceu o jogo por 4-0.