O administrador da FC Porto SAD Adelino Caldeira repudiou hoje veementemente qualquer associação que se pretenda fazer entre si e os desacatos verificados durante a Assembleia Geral (AG) extraordinária do clube da I Liga de futebol.

“Tendo tomado o conhecimento pela comunicação social de que o meu nome é envolvido nas suspeitas que fundaram as diligências judiciais hoje realizadas contra membros dos Super Dragões e outros indivíduos, repudio veementemente qualquer associação que se pretenda fazer entre a minha pessoa e os factos ocorridos na AG do FC Porto de 13 de novembro de 2023”, vincou, em comunicado publicado no sítio dos ‘dragões’ na Internet.

O Ministério Público (MP) admite que a claque Super Dragões pretendeu “criar um clima de intimidação e medo” na AG, para que fosse aprovada a revisão estatutária em causa.

A PSP deteve hoje 12 pessoas, entre os quais dois funcionários do FC Porto - o oficial de ligação aos adeptos, Fernando Saul, e Tiago Aguiar, que trabalha na formação -, além do líder da claque, Fernando Madureira, e da sua mulher, Sandra Madureira, que vão ter na quinta-feira o primeiro interrogatório judicial, visando a aplicação de medidas de coação.

Em comunicado, o Comando Metropolitano do Porto da PSP disse ter apreendido droga, uma arma de fogo, vários milhares de euros, três automóveis, mais de 100 bilhetes para eventos desportivos, dispositivos eletrónicos ou documentos de relevo para a operação.

“É falso que tenha instruído seja quem for a fazer fosse o que fosse na dita AG. Porque nunca tive com as pessoas detidas quaisquer conversas sobre a mesma - seja antes ou depois, de maneira direta ou indireta - ou sequer de outros assuntos relacionados com a vida institucional do FC Porto, apenas por maldosa especulação e efabulação se terá envolvido o meu nome nos reprováveis acontecimentos da AG”, juntou Adelino Caldeira.

De acordo com documentos judiciais, aos quais a agência Lusa teve acesso, o dirigente ‘azul e branco’, de 70 anos, - que não está entre os 12 detidos - teria definido através do oficial de ligação aos adeptos, de Fernando Madureira e de Sandra Madureira, ‘vice’ dos Super Dragões, “o que deveria ser colocado em prática para que lograssem a aprovação da alteração dos estatutos em benefício de todos os envolvidos e sem perda de regalias, designadamente vendo garantido os ganhos tirados em bilhética para jogos de futebol”.

“Lamento que a justiça dê crédito e palco a quem, sem nenhum suporte, tenha levantado neste processo suspeições absolutamente infundadas contra mim e sem contraditório. A seu tempo vou tomar conhecimento de quem enlameou o meu nome nesta vergonhosa fabricação e irei agir para que o falso testemunho prestado seja exemplarmente punido”, completou Adelino Caldeira, um dos cinco administradores executivos da FC Porto SAD.

Horas antes, em comunicado, os ‘dragões’ vincaram a intenção de continuar a colaborar com as autoridades e “agir em conformidade” se resultarem mais factos da investigação, anunciando ainda que foram suspensos três sócios do clube entre seis meses e um ano, após a instauração de outros tantos processos disciplinares, face aos incidentes na AG.

A aprovação da revisão estatutária do FC Porto guiava a sessão extraordinária de 13 de novembro de 2023, que teve de ser ‘transferida’ à última hora de um auditório do Estádio do Dragão para o pavilhão Dragão Arena, no Porto, devido à ampla afluência de sócios.

A AG recomeçou com atraso, mas diversas pessoas deixaram o recinto das modalidades dos ‘azuis e brancos’ ao fim de pouco tempo, na sequência de incidentes nas bancadas.

Suspensa logo no próprio dia pelo presidente da Mesa da Assembleia Geral (MAG), José Lourenço Pinto, a reunião foi adiada para 20 de novembro, mas seria desconvocada dois dias antes, com o Conselho Superior do clube a retirar a proposta estatutária em debate.

No dia seguinte à AG, a direção do FC Porto condenou os desacatos e assegurou que ia recorrer “aos meios que tem ao alcance para identificar os responsáveis pelas agressões físicas”, mobilizando os vários órgãos sociais para a abertura de processos disciplinares, enquanto o Ministério Público (MP) lançou um inquérito aos incidentes no Dragão Arena.