
Peça fulcral no meio-campo do Sporting de Braga e alvo de Benfica e FC Porto no último 'defeso', Al Musrati falou sobre o seu passado, a sua carreira até ao momento e o que perspetiva para o futuro num programa, em jeito de documentário, da NeXt, a televisão do Sp. Braga, intitulado 'A Minha História'.
O internacional líbio contou como foi a sua infância em Tripoli, como deu os primeiros passos no futebol, como foi a vinda para Portugal e a chegada ao Sporting de Braga. Entre outros assuntos, falou também de como é para um futebolista cumprir o Ramadão, revelou quem era o seu grande ídolo o futebol e falou do futuro e do sonho de, depois de pendurar as chuteiras, se tornar empresário de futebolistas, para promover mais estrelas do futebol da Libia.
Os primórdios da carreira em Tripoli e a vinda para Portugal: "Nasci para jogar futebol"
"Sou de Tripoli, na Líbia, e nasci para jogar futebol. Quando era miúdo, o meu tio via-me a jogar na rua com os meus amigos e dizia à minha mãe: 'o teu filho é muito bom jogador, preciso de o levar para um grande clube'. Comecei passo a passo a jogar até chegar à equipa principal do Al Ittihad. Percebi que podia ser cada vez melhor e ser jogador profissional. Quando tinha 20 anos vim para a Portugal e foi igual: passo a passo, até chegar ao Braga."
Como vive o Ramadão um futebolista profissional: "Fica muito difícil"
"Só podemos comer entre as oito, nove horas da noite e as cinco da manhã. Depois tenho de parar. Com a família é mais fácil, sozinho é pouco diferente. O maior problema é quando tenho jogo. O maior problema é quando temos jogo entre as 18 e as 19 horas, altura em que ainda tenho de estar em jejum. Num jogo normal corro em média 12 quilómetros, mas na altura do Ramadão não consigo correr assim, porque não como nada até ao início do jogo. Fica muito difícil."
Destino podia não ter sido Portugal: "Fui para Espanha primeiro"
"Quando saí da Líbia não sabia que vinha para Portugal. Fui para Espanha primeiro. Mas depois o meu agente disse que tínhamos de vir para Portugal, isto a quatro dias do fecho do mercado. Não tínhamos muito tempo para decidir, mas ele convenceu-me, dizendo que Portugal tinha uma das melhores escolas do Mundo, muito similar à Holanda, onde os jogadores chegam com facilidade a profissionais. Sem a família e sem amigos, o início foi muito complicado e havia o problema da língua, pois só falava árabe e aqui ninguém percebia, mas agora estou a aprender português e tenho três aulas por semana com uma professora. O melhor momento para mim foi na época passada quando vim para o Braga e senti-me realmente diferente."
O porquê do número 8 e o ídolo no futebol: "Quando era mais novo gostava muito do Xavi Alonso"
"Escolhi o número 8 porque acho que é especial e o ideal para um médio. Quando vim para o Braga havia o 8 e o 18 disponíveis, falei com a minha família para me aconselhar e o meu irmão disse para escolher o 8. Quando era jovem admirava o Xabi Alonso, mesmo muito. Sou rápido a perceber a forma de jogar das equipas e dos jogadores."
Jogador sereno, mas que marca poucos golos: "Assistir é mais fácil, com com bolas longas"
"É difícil fazer golos, mas fiz quatro na época passada. Assistir é mais fácil, com bolas longas. Sou um jogador calmo. Gosto de falar com os meus companheiros em campo, sempre no sentido de ajudar. Não questiono, não pergunto o porquê desta ou daquela opção tomada. Só penso em ajudar. Gosto de brincar com o Roger, no treino e não só. É um bom miúdo e um excelente jogador, tem muita qualidade. Gosto de ajudá-lo em campo. Dou-lhe indicações do tipo fecha aqui ou faz aquilo".
O melhor momento em Portugal e o difícil digerir das derrotas: "Trabalhámos muito para conquistar a Taça de Portugal"
"A época passada foi excelente, claro que ganhar a Taça de Portugal foi um momento muito especial. Trabalhamos muito para isso, pois não é fácil ganhar um troféu tão importante como este. Sinto-me muito mal quando perdemos. Às vezes nem consigo dormir e vou ver novamente o jogo, o que fizemos e porque perdemos. O mais importante para mim é a equipa ganhar e só depois penso em mim e se joguei bem ou mal. Quando não ganhamos um jogo difícil contra uma boa equipa entendo melhor. Se ganharmos e eu jogar bem ainda melhor."
O futuro e a vontade de ajudar os jovens futebolistas líbios: "No final da minha carreira quero ser empresário"
"Entendo rápido a forma de jogar da equipa e dos jogadores, por isso no final da minha carreira quero ser empresário. Há vários jogadores muito bons no meu país, com muita qualidade, mas não têm muita gente que os oriente para saírem para o estrangeiro. Se conseguir chegar longe na minha carreira, vou ter condições para ajudar esses jogadores para saírem da Líbia e cumprirem os seus sonhos e aquilo que desejam. Por isso é que quero ser empresário."
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