Alexandrina Cruz, candidata única à presidência do Rio Ave, clube da I Liga portuguesa, espera ser uma “inspiração” para que outras mulheres assumam cargos de liderança no futebol, e não só, mas rejeita ser uma ‘bandeira’ do feminismo.
Alexandrina Cruz, candidata única à presidência do Rio Ave, clube da I Liga portuguesa, espera ser uma “inspiração” para que outras mulheres assumam cargos de liderança no futebol, e não só, mas rejeita ser uma ‘bandeira’ do feminismo.
“Não pensava que o facto de ser uma mulher a assumir um clube de futebol tivesse tanta dimensão mediática, mas se for inspirador para outras pessoas, tanto a nível pessoal ou profissional, já será bom”, disse a futura líder do emblema de Vila do Conde à Lusa.
A dirigente, de 45 anos, que será primeira mulher a presidir um clube de futebol profissional em Portugal, reforçou a sua “surpresa” pelo impacto que teve a sua decisão de se candidatar à liderança do Rio Ave, mas vincou que a competência não tem género.
“Para mim, é absolutamente igual ser uma mulher ou um homem neste cargo, e até estranho quando me fazem essa pergunta. Não gosto de ser notícia só por ser mulher. A vantagem será poder abrir portas e oportunidades para outras mulheres que talvez ainda não tenham a possibilidade de abraçar desafios como este”, completou.
Apesar de ser agora candidata à liderança do clube, Alexandrina Cruz já há 19 anos pertence aos órgãos sociais do Rio Ave, desempenhando, atualmente, funções de vice-presidente na área financeira, garantindo que nunca sentiu qualquer preconceito num mundo do futebol onde a presença masculina é maioritária.
“Fui sempre muito bem tratada. Quando entrei era apenas uma miúda, tinha 24 anos, mas foi fácil. Nas reuniões da Liga de Clubes senti-me sempre bem, há pessoas que conheço há vários anos. Agora, será uma nova experiência”, partilhou.
Além das responsabilidades no Rio Ave, Alexandrina Cruz, formada em gestão, tem um percurso profissional na Câmara de Vila do Conde, como uma das responsáveis da área financeira, além de ter projetos empresariais pessoais.
“Vai ser preciso fazer alguma magia com o tempo disponível, e alguém vai ficar mais prejudicado, e creio que será a família, mas sinto que vou conciliar bem, porque estou habituada a ter projetos. Nesta fase, a prioridade será o Rio Ave”, afirmou.
Confessando sentir-se confortável com uma “vida intensa e sem rotinas”, Alexandrina Cruz, cuja paixão pelo Rio Ave foi herdada do pai e do avô materno, diz ter a capacidade “de desligar do trabalho” quando é preciso, partilhando o gosto por “viajar e praticar desporto”, nomeadamente o padel.
“Estou curiosa como vou agora arranjar tempo para tudo. Sei que durante os jogos consigo estar calma e até abstrair-me, pensando no negócio ou no que pode ser feito para melhorar o estádio. Nesse momento, são os jogadores que têm de dar o contributo dentro de campo. A mim cabe-me a gestão durante a semana”, afirmou a futura presidente do Rio Ave.
Alexandrina Cruz vai render no cargo António Silva Campos, que presidiu o clube durante 13 anos consecutivos, e que agora decidiu não se candidatar devido a problemas de saúde, depois de ter conseguido alguns dos maiores êxitos desportivos e financeiros do clube.
“Deixou, sem dúvida, um legado e já lhe disse, pessoalmente, que é um homem que ficará para sempre na história do Rio Ave. Faço um balanço muito positivo de ter trabalhado com ele todos estes anos”, concluiu.
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